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Governo recusa financiar reserva qualitativa no vinho do Porto

O Ministério da Agricultura diz que o mecanismo usado em 2020 para apoiar os produtores do Douro “não tem condições para ser renovado”. Em causa estão 2,5 milhões para lacrar a produção e repetir medida da Segunda Guerra Mundial.

DR
29 de Julho de 2021 às 08:17
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Há um ano, os produtores de vinho do Porto adotaram uma solução de emergência para lidar com a crise provocada pelo início da covid-19 e, tal como aconteceu em 1945, na ressaca da Segunda Guerra Mundial, o setor avançou com a chamada produção em regime de bloqueio.

 

Volvido um ano – e apesar de a crise sanitária não estar resolvida nem os viticultores mais desafogados –, o Governo recusa voltar a financiar esta medida de armazenamento específica para a região demarcada. A reserva qualitativa poderia significar um apoio de cerca de 2,5 milhões de euros aos produtores durienses.

 

"Atendendo à atual conjuntura do setor do vinho, e atento o esforço orçamental que o Estado tem dirigido a setores da economia bastante fragilizados com a situação pandémica, o mecanismo da reserva qualitativa para o Vinho do Porto, para 2021, não tem condições para ser renovado", declarou ao Público o Ministério da Agricultura.

 

Em 2020, o Ministério tutelado por Maria do Céu Antunes começou por libertar três milhões de euros dos saldos de gerência do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). Na sequência da pressão exercida pelos operadores, acabou por reforçar a dotação para cinco milhões, para "minimizar os prejuízos e os efeitos nos rendimentos dos produtores decorrentes da redução do consumo e da quebra de mercados devido à covid-19".

 

Confirmada a não renovação do apoio por parte do Executivo socialista, os representantes da produção e do comércio no Conselho Interprofissional do IVDP voltam a reunir-se esta sexta-feira, 30 de julho, para acertar o número de pipas (de 550 mil litros cada) de mosto generoso que podem ser transformadas em vinho do Porto na próxima vindima.

 

Na última vindima, a região acertou a transformação de um total de 102 mil pipas - menos seis mil do que na campanha de 2019 -, sendo que 92 mil foram "beneficiadas" de imediato e dez mil entraram numa espécie de reserva qualitativa. Isto é, ficam guardadas durante três anos e só no final desse período, e de forma gradual, podem ser colocadas no mercado ou usadas para a criação de categorias especiais.

 

O "benefício" é a quantidade de mosto generoso que, somando a aguardente que é preciso adicionar, fixa a quantidade de vinho do Porto que pode ser produzida na vindima seguinte. É uma das principais fontes de rendimento – e por vezes a única – para os vitivinicultores da mais antiga região demarcada do mundo.

 

Por regra, a definição deste valor exige anualmente uma negociação entre os representantes da produção e do comércio de vinho do Porto, tendo por base um conjunto de parâmetros técnicos, as vendas nos últimos meses e as projeções para o resto do ano, o nível de stocks existentes e as intenções de compras até dezembro.
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