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Porto às voltas com investigação à venda de vinho com idade falsa

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) promete tentar “esclarecer junto de especialistas nacionais e internacionais em matéria de autenticidade e datação de vinhos a valia científica” dos resultados de um estudo holandês noticiado pelo Expresso.

14 de Janeiro de 2022 às 17:22
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Há vinho do Porto à venda com uma idade que não corresponde à verdadeira.

 

Segundo um estudo da universidade holandesa de Groningen, citado pelo semanário Expresso, metade de um conjunto de vinhos do Porto Tawny 10 anos e Tawny 20 anos, comprados aleatoriamente em lojas holandesas e sujeitas a análise de laboratório local, são menos velhos do que o declarado no rótulo.

 

"Com base nas medições efetuadas ao 14C, tornou-se claro que em 14 dos 20 vinhos do Porto Tawny investigados, a idade dos ingredientes analisados diverge das idades esperadas. Quatro dos vinhos do Porto são mais velhos do que o esperado e dez são mais novos", concluiu a equipa de investigação, que é especializada em determinar a idade de materiais orgânicos a partir de uma técnica com base em carbono-14.

 

O resultado destas análises levaram autoridades holandesas a notificar a ASAE em Portugal por violação da legislação europeia sobre consumo, avança ainda o Expresso.

 

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) reagiu à notícia na tarde desta sexta-feira, 14 de janeiro, num comunicado que "mantém que o vinho do Porto Tawny 10 anos e 20 anos, não sendo vinhos de um único ano, cujas amostras foram alvo de investigação está perfeitamente enquadrado na legislação e nos regulamentos aplicáveis, os quais são escrupulosamente seguidos pelo IVDP e por todos os operadores económicos do setor".

 

Segundo o mesmo instituto, "a diversidade de vinhos do Porto, dos datados aos não datados, dos tawnies aos rubies, dos brancos aos rosés, decorre de um modo de elaboração diversificado, fruto de uma história de mais de 300 anos", sendo que "os vinhos de lote, como os Tawny 10 anos e 20 anos, correspondem a uma arte de lotação secular, permitindo que os vinhos apresentem as características de uma idade, sem estar em causa a idade do vinho", explica.

 

Para o IVDP, assim, "não há indícios de que possa estar em causa qualquer comportamento fraudulento por parte de qualquer das empresas visadas na notícia", garantindo que os vinhos são "submetidos a um processo de certificação da responsabilidade do IVDP, de inexcedível exigência técnica, suportado pela acreditação internacional pelas normas ISO 17065 e ISO 17065 que detém desde há mais de 20 anos", afiança.

 

De qualquer forma, afiança, "o IVDP prosseguirá na tentativa de esclarecer junto de especialistas nacionais e internacionais em matéria de autenticidade e datação de vinhos a valia científica do alerta que decorre desta notícia", adiantando que "decorre uma exaustiva ação de controlo aos vinhos referidos na notícia em causa, como reforço das ações diárias que são normalmente executadas", das quais promete dar conta em próximo comunicado.

 

O IVDP assegura, ainda, que "mantém contactos com a ASAE e com outras entidades e organismos com vista ao devido tratamento da situação", reservando-se "o direito de recorrer a todas as instâncias competentes, inclusive judiciais, na defesa do prestígio da denominação de origem protegida Porto, cuja elevada qualidade, controlo rigoroso e imagem internacionais são incontestáveis", conclui.

 

Por fim, "e no sentido de melhorar a informação e esclarecimentos do consumidor, o IVDP intensificará a colaboração e empreenderá ações de cooperação técnica e científica no sentido de melhorar procedimentos, tornando-os concordantes, se necessário, com o estado da arte e com o rigor que os consumidores merecem em toda a informação", remata a instituição liderada por Gilberto igrejas.

Empresas de vinho do Porto consideram "insinuações intoleráveis e inadmissíveis"

 

Já a Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), que representa a maioria das companhias comerciais o setor, considera que a notícia da edição de hoje do Expresso "levanta insinuações sobre a categoria de vinho do Porto 10 anos de idade e de algumas marcas que são intoleráveis e inadmissíveis".

 

"O vinho do Porto é um produto de prestígio, que cumpre integralmente todas as normas e regulamentos em vigor e que se apresenta ao consumidor como um dos produtos mais regulados e de maior qualidade produzidos em Portugal", frisa, sublinhando o facto de este vinho ser "uma Denominação de Origem reconhecida mundialmente pelo seu prestígio e qualidade, sendo certificado por um organismo público, o IVDP, com quase cem anos de experiência e de rigor na análise e certificação de vinhos e respetivas rotulagens".

 

Assegurando que todos os vinhos do Porto mencionados na notícia do jornal  "detêm o selo de garantia do IVDP e, por tal, encontram-se certificados e validados por aquele organismo, tendo as empresas titulares das marcas refutado categoricamente as conclusões do estudo, do qual desconhecem a fiabilidade do método utilizado", alegam.

 

A AEVP diz que vai solicitar ao IVDP "o imediato contacto" com a Universidade de Groningen para ter acesso ao caderno de encargos e ao método utilizado na investigação, "de forma a esclarecer as questões levantadas, na certeza de que as empresas visadas cumprem integralmente a regulamentação e a certificação exigida pelo IVDP", assegura.

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