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Jovem engenheira com raízes em Foz Côa cria nova geração de cubas de vinho

Tatiana Sá Marques, da família que fundou e lidera a Conceito Vinhos, identificou uma lacuna no mercado enológico, tendo desenvolvido uma cuba de fermentação de vinho “inovadora” em betão.

Rui Neves ruineves@negocios.pt 19 de Janeiro de 2022 às 13:57

Os irmãos José e Luís Costa Ferreira estiveram na origem da empresa agrícola que resultou na fundação da Conceito Vinhos, em Vila Nova de Foz Côa, que à época, a meio do século passado, apenas produzia uvas para as casas de vinho do Porto.

 

José, que morreu no ano 2000, teve intensa atividade pública - presidiu à Câmara de Foz Côa, fundou a Adega Cooperativa da Teja e criou a Super-Douro, uma gigantesca instalação que pertence a cinco cooperativas da zona, e que fornece serviços vários ligados à produção, processamento e engarrafamento dos vinhos.

 

Luís divide o seu tempo entre Coimbra e Cedovim, acompanha as vindimas e o trajeto da empresa, que é liderada pela sua filha Carla Costa Ferreira, mãe de Rita Marques, que é a enóloga-chefe da Conceito Vinhos, e de Tatiana Sá Marques, mestre em Engenharia Civil, pela Universidade de Coimbra, e também aluna de doutoramento no Instituto Superior Técnico (IST) na área de análise estrutural de elementos de casca finas em compósitos cimentícios de elevado desempenho.

 

"A minha família está ligada quer à engenharia, quer à produção e comercialização de vinhos de qualidade, pelo que o equilíbrio entre investimento e rentabilidade fez sempre parte da minha realidade", conta Tatiana Sá Marques, num comunicado de apresentação da WiseShape.

 

"Por essa razão, foquei-me em desenvolver a tecnologia que permitisse acrescentar qualidade a vinhos ‘premium’ - na fermentação e no armazenamento - sem que simultaneamente o cliente perdesse rentabilidade e pudesse encurtar o retorno do investimento", explica a jovem engenheira.

 

Vai daí, em parceria com a sua mãe, que é doutorada em Mecânica Estrutural, Tatiana desenvolveu uma cuba de fermentação e armazenamento de vinho em betão que garante ser "inovadora", tendo para o efeito criado uma empresa, a WiseShape, que está sediada em Penela e encontra-se também incubada no universo do parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

 

Semelhantes às ânforas e kvevris utilizadas pelos gregos, romanos, persas e etruscos

 

"Portugal tem uma tradição e prestígio na produção de vinho de qualidade, mas nunca desenvolvemos equipamentos e tecnologia diretamente envolvidos no setor vínico", afirma a cofundadora e gestora executiva da WiseShape.

 

Ora, "o betão utilizado nas cubas WiseShape possui características que se assemelham às ânforas e kvevris utilizadas pelos gregos, romanos, persas e etruscos para fermentar e armazenar vinho", afiança a empresária, assegurando que, "com paredes resistentes e espessas", as cubas de betão da sua empresa "são capazes de manter uma temperatura constante de forma natural".

 

"O tipo de betão utilizado nos depósitos da WiseShape é, na realidade, um betão de elevada performance", que tem "um aspeto físico que se assemelha à argamassa, por exemplo, usada nos rebocos de paredes de alvenaria", descreve Carla Costa Ferreira, garantindo que "este betão de alta performance tem uma resistência mecânica muito superior ao betão tradicional usado na construção civil".

 

"Não só apresenta uma elevada resistência mecânica, como permite manter ou mesmo potenciar as propriedades que são já tecnicamente reconhecidas pela enologia. Por outras palavras, o nosso betão é constituído por 15% a 20% de cimento e entre 80% a 85% de água e inertes naturais siliciosos. Assim, o vinho contacta apenas com elementos naturais, sustentáveis e 100% recicláveis", conclui.

 

Já o design adotado em cada WiseShape "cumpre funcionalidades que vão para além da estética ovular", sinaliza Tatiana Sá Marques.

 

"Quando comecei a estudar a forma de otimizar os momentos de fermentação e armazenamento, cheguei à conclusão que queria uma solução híbrida entre um sólido de revolução (cilindro) e uma forma existente na natureza (ovo). Essa foi a ideia original", lembra.

A empresa entrou no mercado a operar com a WiseShape 37 HL, que tem capacidade para fermentar e armazenar 3.700 litros de mosto e vinho. Ao Negócios, a responsável da companhia revelou que esta cuba tem como "preço de tabela 7.800 euros + IVA".   

 

Em 2022, a WiseShape conta dar à luz "os primeiros vinhos estagiados nos produtores mais exigentes e inovadores do mercado", nomeadamente nas Regiões Demarcadas do Douro, Dão, Vinhos Verdes e Trás-os-Montes.

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