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China ameaça retaliar exportações de vinho da Europa

A China lançou uma investigação às exportações europeias de vinho, numa aparente retaliação às tarifas aduaneiras propostas pela União Europeia para sancionar as suspeitas de “dumping” na produção de painéis solares.

Bloomberg
Eva Gaspar egaspar@negocios.pt 05 de Junho de 2013 às 12:43

Os sinais de que dois dos maiores blocos comerciais do mundo podem envolver-se numa disputa aberta estão a adensar-se. Segundo noticia o Financial Times, o Ministério chinês do Comércio anunciou que abriu uma investigação a medidas que considera estarem a tornar artificialmente competitivas as exportações europeias de vinho.

 

Não é a primeira vez que as autoridades chinesas ameaçam aumentar os direitos aduaneiros sobre as importações de vinho, tendo-o feito já no ano passado, em paralelo com uma iniciativa idêntica do Brasil que acabou por ser abortada.

 

A imposição de impostos sobre os vinhos europeus por Pequim seria um duro golpe para os produtores do Velho Continente. A China é o mercado de vinho que mais tem crescido no mundo, sendo já o quinto maior consumidor do mundo, de acordo com um estudo recente da IWSR, uma consultoria de vinhos, citado pelo FT. A China, tal como o Brasil, têm sido dos novos mercados mais procurados pelos produtores portugueses . A França é o maior exportador de vinho para a China em volume (uma em cada 10 garrafas de vinho consumida na China é produzida na segunda maior economia do euro).

 

O anúncio de Pequim surge um dia depois de a União Europeia ter estendido um ramo de oliveira aos fabricantes chineses de painéis solares, propondo uma redução temporária das tarifas sobre os painéis solares chineses, enquanto os dois lados tentam negociar uma solução para um conflito comercial que perdura há já alguns anos.

 

"Este passo será amplamente considerado como retaliação” e “representa uma oportunidade perdida para a China se envolver em negociações amigáveis com a União Europeia para tentar encontrar uma solução para o diferendo em torno dos painéis solares”, lamenta Davide Cucino, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, citado pelo mesmo jornal.

 

A disputa entre Pequim e Bruxelas escalou depois de o comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht, ter proposto a imposição de tarifas médias de 47% sobre as importações de painéis solares chineses.

 

A proposta, controversa no seio da própria UE onde muitos países temem ostracizar um cliente gigantesco em tempos de recessão e desemprego recorde, foi ontem suavizada por Bruxelas, que avançou com taxas temporárias de 11,8% para vigorarem até Agosto, de modo a dar tempo para negociações amigáveis. Na ausência de um acordo, as tarifas subirão para uma média de 47,6%.

 

Pequim considera a iniciativa injusta e parece disposta a robustecer a sua posição negocial envolvendo o sector vinícola europeu.

 

O FT escreve, porém, que comerciantes de vinho chineses acreditam que tarifas adicionais não afectarão a sede dos consumidores por vinhos estrangeiros, que já são tributados a uma taxa de cerca de 50% quando entram no país.

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