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Seca deve afectar produção de azeite e azeitona no Alentejo

Olivicultores da região do Alentejo, a maior produtora nacional de azeite, esperam este ano quebras na produção de azeitona, porque, apesar de os olivais estarem carregados, a seca antecipou a maturação do fruto.

Miguel Baltazar
13 de Outubro de 2017 às 12:10
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"A azeitona ainda está em processo evolutivo, mas, no que toca ao estado geral do fruto, que é o que se vai repercutir na quantidade, a situação não está famosa, não vislumbramos grande produção no olival de sequeiro", considerou hoje Luís Crisóstomo, gerente da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB).

Devido "à seca extrema" que afecta a margem esquerda do Guadiana, o responsável da cooperativa, com quatro mil associados, 1.200 dos quais olivicultores, disse à agência Lusa esperar, para este ano, uma "quebra significativa" de azeitona, nos cerca de 20 mil hectares de olival nos concelhos de Moura e Barrancos, no distrito de Beja.

"As oliveiras estão carregadíssimas, têm muita azeitona e os ramos até dobram, parecem choupos, de tão carregadas que estão. Mas, numa situação de seca, o que vai acontecer é que a azeitona vai cair para o chão, mesmo sem atingir o estado de maturação, e acaba por ser azeitona perdida", assinalou.

A campanha de apanha da azeitona na área abrangida pela CAMB deverá começar "muito em breve, ainda este mês", e, apesar de o ano agrícola, em termos sanitários, ter sido "bom", porque o tempo seco e quente "ajudou a controlar naturalmente as pragas", os técnicos "notam uma antecipação da maturação da azeitona, que já está a ganhar cor".

Contudo, Luís Crisóstomo escusou-se, para já, a calcular quanto será o decréscimo de produção: "Ainda é prematuro, porque ainda não começámos a campanha e ainda pode chover alguma coisa. E todos nós estamos a desejar que isso aconteça para que se minimize este efeito".

E, mercê da menor quantidade de azeitona, afirmou, também "poderá haver menos azeite" este ano.

O panorama, devido à seca que afecta 81% do país e, em particular, o Alentejo, que produz cerca de 70 a 80% do azeite nacional, é semelhante no distrito de Évora, com a Cooperativa de Olivicultores de Borba a indicar, igualmente, que a azeitona vai cair ao chão.

"O olival até estava bem composto e perspectivava-se uma campanha boa e um pouco melhor do que a do ano anterior, mas, devido ao fator climático e às altas temperaturas, o olival está em decadência e a azeitona que está na árvore pode começar a cair", disse à Lusa Paulo Velhinho, director executivo da cooperativa.

Se chover nas próximas semanas, admitiu, "parte do olival pode ser recuperado" e "poderá salvar-se alguma azeitona que está em maturação", mas já é certo que o tempo quente afecte "a produção e a qualidade da azeitona".

"A seca que está a decorrer poderá afectar os olivais nos próximos anos", projectou também o responsável da cooperativa olivícola, que é uma das maiores do Alentejo, com cerca de 600 associados,

No norte alentejano, José Casimiro Bezerra, presidente da Cooperativa Agrícola do Concelho de Portalegre (COOPOR), também assinalou à Lusa que "a azeitona amadureceu mal, cedo demais, por causa da seca", o que se vai traduzir na altura da colheita, no próximo mês, com "o aparecimento de mais podridões e mais mosca".

"Esta situação vai afectar produção, a qualidade e a quantidade", alertou. A cooperativa, por isso, vai ter "menos azeite", mas José Casimiro Bezerra disse desconhecer se esta situação poderá provocar o aumento do preço deste produto.

"Não sei como é que o mercado vai lidar com isto, nem se será mais caro ou não. Mas também os produtores espanhóis e italianos têm estes problemas", causados pela seca, lembrou.
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