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Seca: Ano difícil para pecuária e agricultura com "alguma normalidade", diz Capoulas Santos

A actividade agrícola pode decorrer "com alguma normalidade" apesar da seca, ainda que este esteja a ser um ano "particularmente difícil" para a pecuária, considerou hoje o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

Ministro da Agricultura - Capoulas Santos
Miguel Baltazar/Negócios
13 de Agosto de 2017 às 11:10
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Em entrevista à agência Lusa, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural prevê alguma normalidade no ano agrícola, ainda que quase 80% do país esteja em situação de seca severa e extrema, de acordo com dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

 

Contrariando perspectivas mais pessimistas, Luís Capoulas Santos diz que "são boas" as perspectivas para o azeite e para a vinha e que a produção até pode ser de maior qualidade. E se a seca vai antecipar um pouco a vindima, o olival não está em causa.

 

Diz o ministro que não estará em causa a rega das oliveiras, quando muito "um uso mais eficiente" da água, e que se os cereais de sequeiro sofreram com falta de água a verdade é que têm um peso pouco significativo na economia agrícola, com uma produção que não vai além de 5% das necessidades.

 

Capoulas Santos recordou na entrevista que o Governo criou uma comissão interministerial que está a acompanhar a situação e que pode "desencadear medidas a todo o tempo se a situação se justificar".

 

Mas lembrou também que o mundo está a sofrer uma alteração climática, particularmente visível em países como Portugal. É por isso que se estudam medidas para mitigar as alterações, que implicam alterações de culturas e "respostas mais actuantes relativamente a certas doenças", como a que ameaça o olival, a bactéria 'Xylella fastidiosa', que já afectou culturas em Espanha (Valência) e que se teme chegue a Portugal.

 

"Temos de estar preparados para lidar com todas estas situações, sobre as culturas que serão as mais adequadas no futuro… e por isso estamos a dar grande importância à investigação científica na área da agricultura", disse o ministro.

 

E porque a água vai ser o recurso mais disputado no futuro, o Governo, salientou, só autoriza sistemas de regadio que garantam o uso o mais eficiente possível da água. E é isso, disse, que está a ser feito. No Alqueva a água necessária para regar 120 mil hectares vai poder regar 170 mil.

 

A barragem de Alqueva, no Alentejo, foi, nas palavras de Capoulas Santos, "a maior reforma da agricultura portuguesa", que transformou uma zona estagnada do ponto de vista agrícola num "orgulho", que permitiu que em 15 anos se passasse de 40% da produção de azeite necessário para o consumo nacional para 120%, fazendo do país "o quarto ou o quinto exportador mundial de azeite".

 

Com o actual período de seca, sem o Alqueva o abastecimento de água a centros urbanos grandes e médios não estaria garantido como está hoje. "Por outro lado, a agricultura pujante no olival, agricultura, vinha, a vocação exportadora, nem sequer existia", disse.

 

Ainda assim, explicou, não é permitido que os animais usem as albufeiras para beber, por uma questão de preservar a qualidade da água. "Algumas albufeiras são para consumo humano, manadas de vacas não podem estar a defecar nas albufeiras", justificou, salientando que o Governo está disponível para financiar equipamentos necessários para pôr um bebedouro a 200 metros da albufeira abastecido por uma bomba de água. Os agricultores têm pedido para usarem directamente a água nas barragens que não são para consumo humano.

 

Apesar da seca já existente e de as previsões indicarem ausência de chuva para este mês o ministro não vê para já razões para outras medidas de excepção, além das já anunciadas. Questionado pela Lusa sobre se se deveria rever o convénio com Espanha sobre a partilha de água disse que o acordo é considerado "equilibrado" pelo Governo e satisfatório para ambas as partes, pelo que "uma nova abordagem não está sobre a mesa".

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