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Pescanova quer recuperar unidade de Mira
A dona das instalações em Portugal anunciou que recorreu ao Processo Especial de Revitalização (PER) para renegociar com a banca a resolução da dívida de 70 milhões. Administrador judicial provisório já foi nomeado.
A Nova Pescanova recorreu a um Processo Especial de Revitalização (PER) junto da justiça portuguesa para tentar salvar as instalações de aquacultura de Mira, exploradas pela Acuinova, refere uma nota de imprensa da companhia.
De acordo com o documento citado pela Europapress, a empresa galega espera alcançar um acordo de refinanciamento com os credores, nomeadamente o Millennium BCP, o BPI, a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco para aliviar a elevada dívida acumulada. Estes bancos terão em mãos 70 milhões dos mais de 100 milhões de euros de dívida da unidade portuguesa.
A empresa propõe o perdão de dívida em torno de abdicar do capital inicial da companhia portuguesa, avaliado segundo o jornal Expansión em 35 milhões de euros. Durante o processo, a Acuinova-Mira assegura que vai manter a actividade normal da fábrica e o emprego dos 127 trabalhadores.
O tribunal da comarca de Coimbra designou entretanto esta terça-feira, 31 de Janeiro, Bruno Costa Pereira como administrador judicial provisório da Acuinova – Actividades Piscícolas, S.A., de acordo com informação constante no portal Citius. O pedido de PER foi apresentado pelo credor Insuiña, uma empresa do grupo Pescanova que detém quatro centros de produção no noroeste de Espanha.
Sete anos de actividade, operação a 30% da capacidade
A unidade de Mira foi inaugurada em 2009, começando a operar em Julho e com o objectivo de exportar 90% da produção. O valor do investimento realizado, foi na altura estimado em 140 milhões de euros. O projecto foi responsável pela despesa de 30% do Programa Operacional de Pesca nacional (designado por Mare).
A empresa produz entre 1.900 e 2.300 toneladas de rodovalho/pregado, o que significa entre 20% e 25% da produção nacional em aquicultura.
A administração da Nova Pescanova, liderada por Ignacio González, decidiu, há um ano, não proceder à abertura da segunda fase de produção da fábrica, que requeria um investimento que a empresa não tinha capacidade para fazer e porque o aumento da produção levaria à queda dos preços.
A companhia está ainda assim a operar a 30% da sua capacidade, depois de no ano passado ter obtido um resultado de exploração (EBITDA) positivo, refere o comunicado. A actividade na unidade de Mira desenvolve-se há sete anos e tem sido afectada por problemas técnicos nos emissários de captação nas instalações, causados por defeitos de construção.
Esses problemas provocaram a morte de peixes entre 2011 e 2013 e, segundo o "El País" noticiou em 2013, conduziram a prejuízos de 70 milhões de euros alegadamente não declarados na operação portuguesa, ocultação que foi negada pela empresa.
Pescanova tentou vender Mira, sem sucesso
A Pescanova, primeira dona da operação portuguesa, entrou em concurso de credores em Abril de 2013 e o plano de recuperação da empresa, apresentado meses depois, colocava a unidade portuguesa com uma dívida líquida de 104 milhões de euros.
Em Maio de 2014 os credores da Pescanova aceitaram salvar a empresa - na altura, trabalhavam 185 pessoas na unidade portuguesa. Mas em Setembro desse ano a empresa colocou a instalação de Mira na lista de activos a alienar.
A venda da Acuinova-Mira à Mercadona falhou por recusa da banca credora e um alegado interesse da concorrente Stolt Sea Farm não se concretizou. De acordo com um comunicado à CNMV, a Pescanova fechou os 12 meses terminados em 31 de Novembro de 2016 com prejuízos de 2,99 milhões de euros.
Nova Pescanova sucedeu à Pescanova
Depois da reestruturação de 2015, a Pescanova ficou com 20% de uma nova companhia, a Nova Pescanova, cuja maioria do capital (os restantes 80%) está com credores – nomeadamente os bancos espanhóis Sabadell, Popular, Abanca, Caixabank, Bankia, BBVA e UBI.
Em Setembro de 2015 a Nova Pescanova aprovou um aumento de capital de 9,75 milhões de euros. O plano estratégico aprovado a 19 de Janeiro passado prevê um novo aumento de capital de cerca de 350 milhões de euros, que levará a diluir a participação da Pescanova – de 20% para menos de 2% - na Nova Pescanova.
A Nova Pescanova tem actualmente uma dívida de 1.200 milhões de euros, que a actual administração considera "insustentável."