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Nem a seca nem a guerra tiram "normalidade" às culturas de primavera, mas produtividade não escapa

Nos cereais de outono-inverno prevê-se que o impacto da seca penalize produtividade entre 10 e 15%. INE indica que o mesmo deverá acontecer nas frutas, como a cereja ou o pêssego, face às condições meteorológicas desfavoráveis.

O Governo pretende aumentar a autonomia estratégica do país em matéria de produção de cereais.
Pascal Rossignol/Reuters
22 de Junho de 2022 às 11:36
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Apesar da conjuntura "fortemente marcada pela seca, pela escalada dos custos dos meios de produção, pela subida dos preços dos produtos agrícolas e pela suspensão das transações comerciais com a Rússia e a Ucrânia", as previsões agrícolas, a 31 de maio, apontam para "a normal instalação das culturas de primavera", indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Será o caso do milho, cereal fundamental para a pecuária, já que se antecipa um aumento de 5% na área semeada, o que, ainda assim, terá "um impacto reduzido na satisfação das necessidades de abastecimento", já que, em média, a produção nacional apenas garante 25% do consumo interno, indica o INE.

Dado que a Ucrânia era o principal fornecedor - assegurando sensivelmente 40% do abastecimento externo de milho a Portugal -, a guerra obrigou à procura de alternativas, com as importações do cereal de países como o Canadá, Brasil e Polónia a "aumentarem significativamente" nos primeiros dois meses de conflito, atingindo 140 mil toneladas, compensando assim a interrupção das trocas comerciais com Kiev, indica o INE.

A água também não tem sido um problema, apesar do agravamento da seca, já que atualmente 98,5% do território está sob seca severa ou extrema, mas há apenas restrições de rega nos aproveitamentos hidroagrícolas beneficiados pelas albufeiras do Monte da Rocha e da Bravura.

O volume de água armazenado nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola estava a 67% da capacidade total, pelo que "não tem sido um fator limitante para a instalação das culturas anuais de regadio", indica o INE, dando conta de que "a diminuição de 5% na área de arroz se deveu exclusivamente às obras de manutenção dos canais de rega de Alcácer e Grândola.

A área contratada de tomate para indústria, por seu turno, aumentou 4%, ao qual não será alheio a perspetiva de subida do preço aquando da celebração dos contratos. Já na batata de regadio, o decréscimo de 10% na área é, em parte, explicado pela proibição de utilização de antiabrolhantes de síntese à base de clorprofame, segundo clarifica o INE.

Olhando aos cereais de outono-inverno, as previsões agrícolas apontam que o impacto da seca nas produtividades corresponda a um decréscimo entre 10 e 15% o que, aliado a uma área semeada historicamente baixa, agravará a dependência do abastecimento externo, sinaliza o INE.

Nas fruteiras, em particular nas prunóideas, as condições meteorológicas não foram favoráveis, razão pela qual se antecipam também decréscimos de produtividade de 15% na cereja e de 10% no pêssego.

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