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Indústria agro-alimentar ainda persegue objectivo de ser exportadora líquida em 2020
Apesar das dificuldades, a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares mantém o objectivo de que as exportações agro-alimentares ultrapassem as compras ao exterior dentro de quatro anos.
A FIPA (Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares) mantém o objectivo de em 2020 Portugal ser exportadora líquida nesta indústria. Isto apesar das dificuldades, disse o seu presidente Jorge Henriques (na foto).
"Não baixamos a guarda. Estamos preparados, apesar da situação internacional e do que o contexto interno nos tem reservado", salientou Jorge Henriques, referindo o objectivo de a indústria poder tornar-se, em 2020, exportadora líquida, ou seja, as exportações superarem as importações.
Foi um objectivo traçado em 2014, num estudo feito em conjunto com a Deloitte, que apontava o potencial da indústria alimentar se tornar exportadora líquida. "Pese embora a evolução conseguida, a realidade tem-se revelado abaixo das previsões ao nível das exportações e importações".
Desde 2006, a taxa média anual de crescimento nas exportações de 8% é superior à das importações (3,4%). Jorge Henriques lembrou a importância deste sector para a economia nacional: com um volume de negócios de 15,1 mil milhões e um valor acrescentado bruto de 2,8 mil milhões. A indústria agro-alimentar transformadora emprega 105 mil pessoas de forma directa e 750 mil indirectamente.
O caminho, salientou o presidente da FIPA no "roadshow" Portugal Global, da AICEP, que está a decorrer em Santarém, é o de reforçar as exportações, mas sem descurar o mercado interno, onde está o "oxigénio".
Ainda assim, acrescentou, " a indústria portuguesa alimentar vive um período desafiante", por isso as empresas têm de definir objectivos, ter um modelo consistente. Há pontos estratégicos que a FIPA lembra serem importantes nesse caminho, nomeadamente o de definir os mercados e focar e promover gama de produtos portugueses e desenvolver marcas nacionais. "Centrar aqui todos os nossos esforços", disse Jorge Henriques, lembrando que "qualquer grande marca [portuguesa] é uma micromarca [globalmente]".
Por isso, "só com a construção de marcas fortes, apoiando as que já estão nos mercados internacionais, é que Portugal pode competir". Há ainda que reforçar os mecanismos de apoio à internacionalização, "partilhando sinergias entre empresas nas diferentes fases da cadeia de valor, aproveitando estruturas existentes e as verbas e valores que podem ser transportados para este desígnio".
Há, por outro lado, que potenciar novos canais de comercialização, nomeadamente os digitais, garantindo uma multilocalização de forma mais eficiente. Outra necessidade é "transformar Portugal numa verdadeira plataforma logística de acesso PALOP, ao mercado da saudade, e aos países situados na América do Norte e Norte da Europa".
Ao nível do financiamento, Jorge Henriques diz que o sector "experimentou dificuldades nos últimos anos" em relação a esta componente, nomeadamente no acesso a linhas de crédito e seguros de exportação, mas acredita que podem ser ultrapassadas.