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Continente diz ter “total disponibilidade” para dialogar com suinicultores

O grupo de distribuição, alvo de manifestação de produtores junto da unidade de processamento de carnes em Santarém, reitera aposta na produção nacional. Produtores chamam indústria ao diálogo de crise.

Bloomberg
17 de Dezembro de 2015 às 18:50
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A cadeia de hipermercados Continente, do grupo Sonae, defendeu hoje ter demonstrado "sempre" a "total disponibilidade e abertura para reunir e dialogar, seja directamente, seja através da associação pela qual é representada - a APED -, para em conjunto com os produtores trabalhar naquelas que são as preocupações da produção suinícola nacional".

O grupo enfrentou, desde esta quarta-feira, uma concentração de produtores de carne de suíno, o que levou a uma reunião na tarde desta quinta-feira, que durou três horas. No rescaldo, a cadeia Continente emitiu um comunicado enviado às redacções, em que "assume o compromisso com os consumidores portugueses de fornecer os melhores serviços e produtos, preferencialmente nacionais, ao melhor preço".

Acrescentou ainda que "tem progressivamente aumentado o volume de compra de carne de suíno nacional e actualmente, cerca de 70% da carne de suíno vendida nas lojas" da cadeia de retalho alimentar da Sonae "tem origem em Portugal".

"Através do Centro de Processamento de Carnes de Santarém, o qual emprega mais de 500 colaboradores, garante toda a rastreabilidade, qualidade e segurança no que concerne à saúde pública", adiantou ainda.

Dialogar a três

Foi precisamente junto deste centro que os suinicultores se concentraram, solicitando uma reunião com a administração do grupo. O que obtiveram. À saída da reunião entre a delegação de suinicultores e a administração da Sonae, em declarações à agência Lusa, João Correia, o porta-voz do "movimento espontâneo" de produtores, afirmou que suinicultores, indústria e grande distribuição vão reunir-se para uma "avaliação" da situação do sector e adopção de medidas "concretas e sérias" para fazer face à crise actual.

A reunião tripartida, ainda sem data marcada, surge por sugestão dos suinicultores no âmbito do gabinete de crise criado pelo ministro da Agricultura, Capoulas Santos, por estes acreditarem que só com um compromisso assumido pelas três partes será possível resolver a crise que afecta o sector, adiantou a agência noticiosa.

Os protestos junto ao centro de processamento de carnes da Sonae em Santarém ocorreram para manifestar a "revolta" dos suinicultores pela subida do preço da carne de porco nos hipermercados Continente quando se começaram a sentir os efeitos dos apelos ao consumo de carne nacional feitos pelos produtores no início do mês.

Segundo João Correia, as vendas "dispararam" e a Sonae subiu o preço da carne em 1,05 euros o quilo, sem que esse aumento se tenha repercutido no preço pago por quilo aos produtores. João Correia afirmou que a grande distribuição tem praticado "'dumping' [venda a abaixo do preço de custo] encapotado", estando a pagar mais cara a carne que importa, lembrando que Portugal só produz cerca de 55% da carne de porco que consome e que os produtores nacionais têm dificuldade em escoar o produto.

Os suinicultores queixam-se do baixo preço pago aos produtores, com o sector a viver uma das mais graves crises de sempre. "Há milhares de animais sem farinha porque os produtores estão sem capacidade financeira e as fábricas não dão mais crédito", disse, adiantando que estão em risco 200.000 postos de trabalho directos no sector.

João Correia criticou ainda o qualificou de inacção das entidades competentes, lamentando que a ASAE não tenha até ao momento respondido a nenhuma das reclamações apresentadas no passado dia 5 numa grande superfície da marca Continente e noutra do Pingo Doce pelo incumprimento da normativa comunitária que obriga à inscrição da origem da carne na rotulagem. "Na carne fresca à venda nos talhos o incumprimento é de praticamente 100%", disse, adiantando que nas carnes embaladas a situação é melhor.

Na reunião desta quinta-feira foi assegurado ainda à administração da Sonae que as suas instalações em Santarém, onde os produtores se concentraram desde quarta-feira à noite, não seriam danificadas, acalmando "alguns receios" manifestados durante o encontro. "Apenas queremos manifestar o nosso desagrado e que se esclareça porque não é regulamentado o preço pago à produção e porque não o é pelo devido valor", afirmou à agência Lusa.

 

 

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