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Armadores: “A pesca portuguesa tem de estar satisfeita”
Armadores aplaudem resultados da reunião do Conselho de Ministros das Pescas da União Europeia que aumentou em cerca de 11% as quotas de pesca para Portugal. Duvidam, ainda assim, que possa haver um crescimento do emprego, dado o mau estado das embarcações.
"Este é o corolário de um conjunto de sacrifícios em anos anteriores com grandes perdas e quebras salariais. A pesca portuguesa tem de estar satisfeita". Pedro Jorge, presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, comenta desta forma as conclusões do conselho de Ministros das Pescas da União Europeia, que terminou esta madrugada, depois de uma maratona negocial de 16 horas e que terminou com um aumento de 11% nas quotas para a pesca portuguesa.
Depois de um período de grande crise – este é o melhor resultado, em termos de quotas para Portugal, desde 2005 – o país tem vindo a registar "uma subida gradual das operações, que começou em 2014", explica Pedro Jorge. E este Conselho de Ministros, diz, até foi dos mais fáceis dos últimos anos, uma vez que "a proposta inicial, da Comissão Europeia, já vinha repor o acesso a alguns recursos". Depois foi "limar algumas arestas, caso da pescada, em que a proposta era uma quebra de 34% e ficou pelos 5% a menos face ao ano passado". Na prática, passa-se de 3.206 toneladas em 2016 para as 2.936 em 2017.
Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, classificou este como "o melhor resultado de sempre". No final da reunião com os seus congéneres europeus, Ana Paula Vitorino, citada pela Lusa, explicou que estes resultados foram conseguidos "à custa do aumento de quotas em espécies com bastante valor", casos do tamboril, biqueirão e do bacalhau.
A ministra referiu que as "muito boas notícias para Portugal" se devem também às "muito boas notícias para a União Europeia", porque "o estado das espécies envolvidas nestas quotas estão bastante melhores", o que possibilitou as "excelentes notícias para Portugal".
Pedro Jorge concorda, mas lamenta que não haja mais pareceres e estudos científicos para apresentar em Bruxelas e que comprovem que, efectivamente, é possível aumentar as quotas de pesca em águas portuguesas, porque há produção para isso.
"Todo o entusiasmo em torno da economia do mar tem ignorado a pesca", lamenta o empresário. "E a pesca é um dos segmentos que mais valor acrescentado tem dado e mais emprego cria", acrescenta.
E será de esperar agora um aumento do emprego no sector? "Gostaríamos que sim", diz o presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, lembrando, no entanto, que "o quadro comunitário de apoio não permitiu e não permite a renovação de frotas e esse é o problema de fundo". Por outras palavras, "a frota está em situação caótica e sem apoios para se renovar e pelo menos até 2020 não haverá embarcações novas", lamenta.