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Temido admite “transmissão comunitária” da variante indiana em Portugal

Dos seis casos já detetados no país, a ministra da Saúde detalhou que alguns envolvem portugueses sem histórico recente de viagens, “o que pode indiciar transmissão comunitária”.

José Sena Goulão
27 de Abril de 2021 às 13:04
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Já foram identificados em Portugal seis casos da variante proveniente da Índia, resultantes de, pelo menos, três introduções distintas no país. Marta Temido detalha que, entre os infetados, "uns são portugueses sem histórico recente de viagem conhecido até agora, o que pode indiciar transmissão comunitária".

 

"Sabemos que as variantes são uma das complexidade desta nova realidade atual. [Elas] sempre existirem, a questão é o que nos trazem em termos de potencial de agressividade. Sabemos hoje qual foi o efeito da variante britânica também em Portugal", desabafou a ministra da Saúde, em declarações aos jornalistas à saída da reunião do Infarmed.

 

Na reunião desta manhã, João Paulo Gomes, do Instituto Ricardo Jorge, confirmou também que a variante do Reino Unido já é responsável por cerca de 90% dos novos casos de infeção. Quando à variante de Manaus, com 73 casos já detetados (44 deles nas últimas duas semanas), o especialista alertou que a prevalência parece estar a crescer, fruto da abertura progressiva das fronteiras em Portugal e em toda a Europa.

 

Questionado sobre a estratégia do Governo no que toca às fronteiras, Marta Temido começou por lembrar que o Executivo tem "procurado uma abordagem coordenada" no quadro europeu, mas avisou de seguida que "só quando conseguirmos resolver a covid-19 em todos os territórios do globo é que estaremos efetivamente protegidos e, portanto, continuará a impor-se uma gestão das fronteiras".

Confinamento pode abranger concelhos vizinhos

 

Sem se querer antecipar à decisão do Presidente da República sobre a eventual não renovação do estado de emergência – Marcelo ouve os partidos durante a tarde e esta noite vai fazer uma comunicação ao país –, nem confirmar que a quarta fase de desconfinamento avança mesmo na próxima segunda-feira, 3 de maio, a ministra reconheceu, ainda assim, que "a situação epidemiológica é favorável".

 

"Os resultados devem-se ao enorme esforço dos portugueses. (…) Não nos devemos esquecer que, por muito que seja o cansaço acumulado, é ainda preciso continuar a lutar contra a pandemia porque ela não está ultrapassada. É preciso cerrar os dentes e continuar em frente", acrescentou.

 

A 19 de abril, sete concelhos não avançaram para a terceira fase, que incluiu a reabertura dos shoppings e dos espaços interiores dos restaurantes. E quatro até regrediram à primeira fase, dada a incidência a 14 dias superior a 250 casos por 100 mil habitantes e o elevado risco de transmissão (Rt). O que vai acontecer nas próximas semanas? Continuarão os condicionalismos de base municipal ou serão alargados aos concelhos vizinhos, como sugeriram os especialistas?

 

A ministra da Saúde recordou que as datas inicialmente anunciadas sempre foram "meramente indicativas" e que "seria analisado o contexto dos vários territórios a cada momento". "Estamos a pensar na dimensão concelho, mas não há um obstáculo a que possamos ter outra geografia", alertou, prometendo apenas que serão "medidas proporcionais".

Numa altura em que "o país está a controlar a pandemia, mas é necessário continuar a compensar o aumento de contactos e da transmissibilidade", nas palavras da titular da pasta da Saúde, volta a falar-se da possibilidade de interromper as reuniões com este formato na sede do Infarmed. Se for o caso, desvalorizou Marta Temido, assegurou que manterá o fluxo de informação com os partidos e parceiros sociais que costumam assistir a estes encontros.

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