O Serviço Nacional de Saúde (SNS) contratou mais de 2.200 novos enfermeiros em 2015, divulga a da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no dia em que o novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, toma posse. O número total de concursos e contratações sobe assim para mais de 5 mil, nos últimos quatro anos, de acordo com os dados da ACSS.

A nota divulgada esta sexta-feira, 30 de Outubro pela Administração Central do Sistema de Saúde informa que os hospitais públicos contrataram, até Outubro deste ano, 2.203 enfermeiros.

O recrutamento de mais de dois mil enfermeiros estava já previsto desde Fevereiro deste ano, sendo que a nota da ACSS enviada à data estimava que os concursos previstos estivessem concluídos "até ao final do primeiro semestre de 2015".

Até Fevereiro foram contratados 194 enfermeiros. As 2 mil contratações previstas por Paulo Macedo, na altura em funções enquanto ministro de Saúde, acabaram por se estender até ao mês que agora termina.

As contratações feitas para os serviços e estabelecimentos de saúde do Sector Público Administrativo dividiram-se em duas categorias: contratos sujeitos a parecer prévio e contratos sujeitos a ratificação. Para os primeiros foram admitidos 1.294 contratos. Já os lugares sujeitos a ratificação, através de despacho do secretário de Estado da Saúde, constituem os restantes 909 contratos laborais. O comunicado da ACSS recorda ainda que em 2014 foram contratados mil enfermeiros e outros 579 em 2013. Contas feitas, desde 2013 foram contratados 3.782 enfermeiros.

Na mesma nota pode ainda ler-se que a da Administração Central do Sistema de Saúde " deu também sequência a vários concursos de recrutamento de profissionais de enfermagem para o Serviço Nacional de Saúde, num total de 1.750 vagas, tendo sido desenvolvido o concurso de 750 vagas de 2012 e, já este ano, foi aberto novo concurso para mais 100 vagas".

Em Junho deste ano, um relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) apontava a falta de enfermeiros como um dos problemas do sistema de saúde nacional. O número destes profissionais "está claramente abaixo da média da OCDE, em 2014, e tem vindo a decrescer, principalmente no Serviço Nacional de Saúde". "O rácio enfermeiro/médico é dos mais desequilibrados dos países OCDE", podia ler-se no relatório.

Já em Maio, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também alertava para a falta de enfermeiros em Portugal, aconselhando os sistemas de Saúde a relocalizar os enfermeiros para centros de Saúde e não para hospitais. O mesmo relatório incentivava ainda a transferência de algumas responsabilidades tradicionalmente exercidas por médicas para os enfermeiros.

Também durante esta sexta-feira, o bastonário da Ordem dos Enfermeiros elogiou os profissionais que mais empenhadamente procuram a melhoria dos cuidados que prestam à população. "Não nos podemos esquecer que o enfermeiro é uma das personagens principais do palco da Saúde. É ele que está ao lado do cidadão, nos bons e nos maus momentos, para prevenir a doença e promover a saúde", afirmou, à margem do colóquio de encerramento de um concurso que premeia projectos de enfermagem na Secção Regional do Centro (SRC).