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Johnson condenada a pagar 65 milhões em caso que liga talco a cancro

O Tribunal do Missouri é o primeiro a atribuir uma compensação monetária a uma queixosa, associando pó de talco a cancro nos ovários. O grupo é alvo de 1.200 processos judiciais apresentados por mulheres nos EUA.

Bloomberg
24 de Fevereiro de 2016 às 14:46
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O grupo norte-americano Johnson & Johnson foi condenado esta segunda-feira, 22 de Fevereiro, por um tribunal do estado do Missouri, nos EUA, a pagar 72 milhões de dólares (cerca de 65 milhões de euros ao câmbio actual), por não alertar para os riscos da utilização do pó de talco, à família de uma consumidora.

De acordo com a CNBC Money e a agência Bloomberg, o veredicto, do qual a J&J deverá recorrer, foi proferido no início desta semana pelo júri do tribunal de Saint Louis, avançaram os advogados da família de Jacqueline Fox – 10 votos a favor da queixosa e dois contra.

A Bloomberg avança que Jacqueline Fox foi diagnosticada com cancro do ovário há três anos, tendo falecido em 2015 com 62 anos. A família de Fox – que ao apresentar queixa contra a J&J alegou ter utilizado o talco da J&J durante mais de 30 anos – alegava que havia uma relação directa entre o produto e o diagnóstico cancerígeno.

Jacqueline Fox foi uma das 1.200 mulheres que, nos EUA, processaram já a J&J por falhar em avisar os consumidores dos perigos associados ao talco, garante a Bloomberg. Já a CNBC Money noticia que este caso faz parte de um processo mais vasto que envolve 50 mulheres.

Seja qual foi o desfecho deste caso em específico, adianta a agência noticiosa norte-americana, o acórdão é ímpar. É a primeira vez que, no litígio das consumidoras com a J&J por causa dos alegados efeitos cancerígenos do pó de talco – e da falha da companhia em alertar quem o compra dos riscos que pode ter – em que a companhia foi condenada a indemnizar a queixosa.

A companhia já reagiu à CNN. Em declarações ao canal de televisão dos EUA, Carol Goodrich, porta-voz da J&J, afirmou: "o veredicto norte-americano recente vai contra décadas de provas científicas sólidas que provam a segurança do talco como um ingrediente cosmético em múltiplos produtos, e embora sejamos solidários com a família da queixosa [Jacqueline Fox], discordamos veementemente do resultado".

A CNBC Money, no artigo avançado esta quarta-feira, 24 de Fevereiro, recorda que a comunidade científica tem opiniões diversas sobre o risco potencial para a saúde humana do talco – composto por magnésio, silício, oxigénio e hidrogénio – e usado em produtos desde o talco para bebés até maquilhagem.

A Sociedade Americana do Cancro afirma que não é claro que os produtos contendo pó de talco aumentam o risco de cancro, mas, recorda a CNBC Money, a Agência Internacional de Investigação sobre cancro, que faz parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), classifica o talco como "possivelmente cancerígeno para os humanos".

A questão é que, nos EUA, como os produtos que contêm pó de talco são classificados como cosméticos, não são escrutinados pela autoridade de segurança daquele país, a FDA (de Food and Drug Administration). Contudo, recorda a CNBC, têm que ser adequadamente rotulados e "têm que ser seguros para serem utilizados por consumidores".

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