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Descoberta pode revolucionar tratamento do cancro

Nova investigação pode revolucionar os tratamentos, tornando-os mais eficazes e personalizados. Em causa está a possibilidade de fornecer informações específicas ao sistema imunitário - e reforçá-lo – de forma a que o próprio corpo consiga combater a doença.

04 de Março de 2016 às 11:14
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Uma equipa de investigadores britânicos e norte-americanos descobriu que o sistema imunitário é capaz de identificar marcadores genéticos nas células cancerígenas. Este avanço pode abrir um novo capítulo na luta contra o cancro, especificamente ao nível da imunoterapia, ou seja, na capacidade de estimular o próprio corpo a combater a doença, e de forma mais precisa, quase personalizada. 

A equipa internacional de investigadores, que envolveu cientistas de Harvard, do MIT e da University College London, descobriu que o sistema imunitário dos pacientes visados no seu estudo tinha sido capaz de identificar marcadores genéticos do tumor e iniciar um ataque.

Na prática, estes encontraram células imunes "enterradas" dentro do tumor, indicando que o próprio corpo não só foi capaz de detectar o tumor como tentou combatê-lo. Ou seja, mesmo quando cresce e se modifica, o tumor mantém determinadas características, os tais marcadores, que o sistema imunitário está capaz de identificar.

Assim sendo, a resposta poderá passar por estimular um ataque mais eficaz por parte do sistema imunitário, e é isto que esta a animar a comunidade científica, a possibilidade de aumentar a resposta do individuo à imunoterapia e possibilidade de criar terapias mais precisas para cada caso e cada paciente.

"O que descobrimos pela primeira vez é que os tumores, essencialmente, semearam marcas da sua própria destruição. E que dentro dos tumores, existiam células imunes que reconheceram essas marcas que estão presentes em todas as células do tumor", explicou Charles Swanton, um dos investigadores envolvidos nesta descoberta, citado pelo The Guardian.

"Tumores geneticamente modificados são como um gangue de bandidos envolvidos em diferentes crimes – desde roubo até tráfico. Então o sistema imunitário debate-se para conseguir lutar contra o cancro – é difícil policiar quando há muita coisa a acontecer", disse Sérgio Quezada, co-autor deste estudo ao Financial Times. "A nova pesquisa mostra que em vez de se andar atrás de criminosos em diferentes bairros, podemos dar à polícia a informação necessária para que identifiquem a raiz de todo o crime organizado – ou o ponto fraco de um tumor de um paciente – de forma acabar com o problema de vez", explicou.

"Isto leva a medicina personalizada ao seu limite absoluto, onde cada paciente pode ter um tratamento único", explicou Charles Swanton, citado pelo Financial Times, admitindo que um tratamento tão personalizado pode torna-lo inicialmente muito dispendioso. Todavia, o investigador mostrou-se confiante de que, eventualmente, este tipo de abordagem se mostrasse mais eficaz por permitir maiores benefícios do que os conseguidos com as actuais terapias no mercado.

O estudo avança com dois cenários terapêuticos possíveis, escreve o The Guardian. No primeiro, os médicos podem fazer uma biópsia ao tumor, ler o seu genoma e perceber quais são os tais marcadores presentes nas células malignas. Caso encontrem células imunes dentro do tumor – o que significa que foram capazes de reconhecer essas marcas -, podem multiplicar as células imunes em laboratório e reintroduzi-las no paciente, produzindo um ataque massivo e muito preciso. Num outro cenário, pode ser criada uma vacina que obrigue o sistema imunitário identificar o invasor a iniciar um ataque. Estas terapias nãos dispensariam, porém a toma de medicamentos suplementares.

A expectativa de Charles Swanton, escreve o The Guardian, é que possam ser iniciados os primeiros testes clínicos em pacientes de cancro do pulmão nos próximos dois a três anos. 

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