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Presidenciais: debates houve muitos. E temas em discussão, quantos foram?

Terminado o ciclo de debates entre candidatos à Presidência da República e no dia em que arranca oficialmente a campanha, é tempo de balanço: quais foram os temas que marcaram as discussões?

João Miguel Rodrigues
10 de Janeiro de 2016 às 19:26
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O ciclo de debates entre os candidatos às eleições para a Presidência da República que terminou no sábado acabou por trazer poucos temas da actualidade para a discussão pública. Com excepção do Banif (e, por arrastamento, a banca em geral) e do caso da morte no São José por falta de médicos, os principais candidatos deram prioridade aos temas que poderiam ser incómodos para os seus adversários. Essa táctica foi usada sobretudo pelos candidatos com posturas mais ofensivas, como Marisa Matias, Edgar Silva e de forma menos declarada Sampaio da Nóvoa, ao passo que Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém mantiveram uma posição mais defensiva e uma atitude menos activa na dinamização do debate. Veja os principais temas discutidos entre os principais candidatos, a quem as sondagens atribuem mais de 2% dos votos.

 

Banif

O caso Banif – e a vulnerabilidade da banca portuguesa – entrou em força na pré-campanha eleitoral e foi um dos poucos temas de actualidade que marcaram o debate entre os candidatos à Presidência da República. Entre posições mais contemporizadoras – como as de Marcelo Rebelo de Sousa, de Maria de Belém ou de Sampaio da Nóvoa – e as posições mais críticas de Edgar Silva e Marisa Matias, todos os candidatos lamentaram o fardo das intervenções públicas na banca para o contribuinte. O candidato apoiado pelo PCP acabou por ser aquele que mais se destacou defendendo de forma aberta o "controlo público da banca", ao passo que Marisa Matias se ficou pela integração do Banif na Caixa Geral de Depósitos.

 

Serviço Nacional de Saúde

A morte de um utente no hospital de São José por falta de neurocirurgiões acabou por entrar de forma genérica nos debates, mas sem grande alarido. Como seria de esperar, todos lamentaram o sucedido, aproveitando o tema para defender o Serviço Nacional de Saúde (SNS), uns com mais veemência do que outros. A necessidade de investimento no SNS e a crítica aos cortes feitos no passado recente foi uma mensagem constante de quase todos os candidatos.

Constituição

Foi um dos temas mais recorrentes nos debates. Trazido sobretudo pelos candidatos situados à esquerda, nos ataques que desferiram a Marcelo Rebelo de Sousa mas também a Maria de Belém. O primeiro porque, enquanto comentador, criticou a decisão de alguns deputados de pedirem a fiscalização da constitucionalidade do primeiro Orçamento do Estado de Passos Coelho e a segunda porque enquanto deputada não votou favoravelmente esta iniciativa. A Constituição foi erguida como bandeira por Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias e Edgar Silva com estes últimos a sobreporem-na aos tratados europeus.

 

Europa

Tem sido tema incontornável em todas as discussões políticas actuais. Nos debates, acabou por vir a lume envolvendo quase sempre os candidatos apoiados pelo PCP e BE. Ora por iniciativa de Edgar Silva e Marisa Matias para reafirmarem a soberania nacional e a defesa dos direitos dos portugueses, ora por iniciativa dos seus adversários como denúncia da falta de compromisso destes candidatos com os tratados europeus e internacionais (NATO).

 

Actual solução governativa

A actual solução governativa – Governo PS apoiado pelos grupos parlamentares à sua esquerda – esteve sempre presente nos debates, mas, no essencial, sem gerar discórdia. A partir do momento em que o candidato apoiado pelo PSD e CDS – ambos muito críticos da solução encontrada por António Costa – se recusou ser uma voz crítica, que o tema deixou de ser polémico, com todos os candidatos a defenderem a legitimidade do actual governo e a necessidade de cooperação institucional entre governo e Presidência da República. Nenhum candidato assumiu uma posição crítica face ao actual primeiro-ministro, António Costa.

 

Passado dos candidatos

O passado político dos candidatos acabou por ser um dos temas mais evocados nos debates, quase sempre como mote para o ataque ao adversário. O passado partidário de Marcelo foi recordado como prova da sua estreita ligação ao PSD, que este procura desvalorizar, enquanto a sua vertente de comentador foi usada para o descredibilizar, seja por comentários pouco certeiros feitos nos serões televisivos dominicais seja pela mudança de opinião. O passado de Maria de Belém também foi várias vezes evocado, para a ligar ao centrão político dos interesses, com um enfoque particular na acumulação de vencimentos de deputada com rendimentos de consultoria ao grupo BES. Mas os dois candidatos mais atacados pelo seu passado não hesitaram em recorrer à mesma táctica na discussão com Sampaio da Nóvoa, apontando o dedo à sua ausência nas últimas décadas e à sua falta de experiência política. De forma subtil, Marisa Matias foi descrita como demasiado jovem e inexperiente para o cargo de Presidente da República.

 

Independência

Como já aconteceu em eleições anteriores, a independência e autonomia face aos partidos foi apresenta como uma virtude por vários candidatos. Acima de tudo, por Sampaio da Nóvoa e por Maria de Belém, ambos candidatos que têm ao seu lado figuras de proa do PS, mas sem o apoio oficial do partido de António Costa. Mas mesmo Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e pelo CDS, procurou sempre apresentar a sua candidatura como pessoal e autónoma, desligando-a dos dois partidos que, de resto, têm primado pela discrição nesta campanha. As únicas candidaturas abertamente partidárias – a de Edgar Silva e Marisa Matias – foram algumas vezes desvalorizadas pelos seus adversários por falta de autonomia e independência. 

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