Notícia
Do fato novo de Montenegro, às bifanas de Pedro Nuno
Entre bifanas, fatos novos, arruadas várias, os líderes partidários cumpriram o 5.º dia da campanha eleitoral tendo em pano de fundo mais uma sondagem, que põe AD e IL em pé de igualdade com a esquerda e o PAN em posição de poder ajudar a governar.
Um fato novo e bifanas no quinto dia de campanha
Luís Montenegro andou por Leiria, onde visitou uma fábrica têxtil e experimentou um novo casaco, garantindo aos jornalistas “ter a certeza” que vai conseguir mudar de fato no final da campanha e que aquele era mesmo “exclusivo de primeiro-ministro”. O tom era de otimismo, ou não tivesse sido conhecida, logo pela manhã, uma sondagem da Universidade Católica para o Público e para a RTP que, apesar de uma quebra tanto da AD como do PS, voltava a dar uma vitória à direita, com o PSD e a IL a somarem, juntos, a mesma intenção de voto do PS e dos países à esquerda.
Mas a sondagem mostrou, também, subidas dos partidos mais pequenos – PCP, Bloco e Livre –, colocando o PAN – que também subiu, de 1% para 2% nas intenções de voto – numa posição de vir a poder dar uma ajuda à governação, à semelhança do que já aconteceu na Madeira quando o PSD precisou de uma mão.
A sondagem acabou por marcar o dia de campanha. Pedro Nuno Santos andou a sul, no distrito de Évora, onde o PS procura manter os dois deputados de 2022. Entrou em papelarias, lojas de roupa, cafés e farmácias, ouviu pessoas a desejarem-lhe felicidades e a prometerem votar no PS, outras que lhe pediram para, rapidamente, desatar o novelo do novo aeroporto. Almoçou em Torres Novas, terra das bifanas, e a um senhor que lhe pediu que se mantenha firme e não fique a “ouvir mentiras dos outros e a engolir sapos” deixou a promessa: “Vamos ganhar isto!”
Já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu que a “única sondagem que conta” é a das pessoas na rua e que, depois das últimas legislativas, ninguém vota em Portugal a olhar para estes estudos de opinião. Os indecisos continuam a ser muitos – passaram de 17% para 20%, segundo a sondagem da Católica – e são agora o alvo de todos os partidos,
Também a sul do Tejo e em terra onde não coleciona muitos apoiantes, Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (IL), fez uma uma visita à Navigator, e sublinhou que “é preciso uma maioria clara para a mesa onde estão as soluções” e que “a mudança de que o país precisa será tão mais forte quanto mais forte for o voto na IL”.
O Chega andou por Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, onde prometeu acabar com as portagens do interior e da Via do Infante, e Rui Tavares, do Livre, foi a Odemira, terra onde a imigração – tema que lhe é querido – tem feito correr muita tinta. Inês Sousa Real, do PAN, andou por Viseu, onde exigiu a suspensão das explorações de lítio.
Ventura quer abolir portagens em quatro anos e diz que pode custar mil milhões de euros
O presidente do Chega, André Ventura, estabeleceu hoje como horizonte temporal abolir as portagens em todo o país no decurso de uma legislatura e estimou que a medida possa custar mil milhões de euros.
Em declarações aos jornalistas à chegada a um jantar/comício na Guarda, o presidente do Chega foi instado a detalhar o compromisso que fez ao almoço de abolir as portagens em todo o território nacional, começando pelas do interior e Via do Infante.
André Ventura considerou que "é possível" fazê-lo, "de forma faseada, ao longo de uma legislatura". O líder do Chega voltou a referir que quer "lançar uma comissão que possa avaliar os contratos de concessão um a um".
"Nós temos um estudo que é das Infraestruturas de Portugal, que foi feito numa altura em que se discutia - até outros partidos - se fazia sentido ou não abolir as portagens, e apontavam um valor entre 968, 965, a 1060 ou 1070 milhões de euros como a receita total", afirmou, sem especificar qual o estudo a que se referiu.
O cabeça de lista por Lisboa indicou que este valor se aproxima do excedente orçamental, que em janeiro foi de 1.177 milhões de euros.
André Ventura disse, no entanto, que "este valor não pode ser visto assim, porque também há muitas melhorias e investimento nas 20 e tal concessões que foram feitas e que teriam de ser devolvidas ao Estado", indicando que este é um tema para analisar "com profundidade" pois há questões a "avaliar bem".
"O Estado terá que compensar a concessão que fez, uma vez que negociou mal", sustentou, indicando que o Estado pagaria "pelos contribuintes esse valor de indemnização".
"Não podemos simplesmente chegar lá e dizer olha, isto agora é nosso. Nós não podemos nacionalizar as estradas, as que são condicionadas. O que podemos é olhar para números e para contratos e fazer um compromisso com as pessoas de que estamos a trabalhar a sério nisto", disse.
André Ventura defendeu que o fim do pagamento de portagens "faz muita falta ao país" e alegou que em Espanha "não há portagens nas autoestradas", apesar de não ser assim.
O presidente do Chega indicou que o partido quer abolir as portagens em todo o país, mas no programa eleitoral do Chega consta apenas uma referência a acabar com o pagamento nas do interior.
Sobre o apelo de Rui Rocha de uma maioria clara para a Iniciativa Liberal e para a Aliança Democrática (AD), André Ventura ironizou: "E eu peço que o Benfica ganhe o jogo".
Montenegro já experimentou fato que "é exclusivo de primeiro-ministro"
O presidente do PSD experimentou hoje um fato numa empresa têxtil em Ansião (Leiria), que diz ser "exclusivo de primeiro-ministro", mas quer aguardar pela indigitação e tomada de posse para estrear o título.
O quinto dia da campanha da caravana da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM) começou na Avelmod, uma empresa que confeciona vestuário e exporta para vários países da Europa e até para a Ásia, com cerca de 140 trabalhadores, mas que já teve mais de 400.
Luís Montenegro visitou durante cerca de meia hora a fábrica, em hora de laboração, e cumprimentou de longe as trabalhadoras: "Bom dia, bom trabalho".
Na parte final da visita, numa espécie de loja de venda ao público, o líder do PSD já tinha à sua espera um casaco para experimentar, um pouco acima do tamanho habitual, o que atribuiu aos excessos alimentares em campanha e "à medida da fábrica"
"Você não me faça tão gordo, eu é entre o 52 e o 54, mas admito que com o andar da campanha já esteja mais para o 54", afirmou, quando recebeu um do tamanho 56.
Questionado pelos jornalistas, Montenegro disse "ter a certeza" que vai conseguir mudar de fato no final da campanha e, à pergunta se a roupa não servirá também no caso de ser líder da oposição, respondeu negativamente.
"Não, este aqui é exclusivo de primeiro-ministro", assegurou.
Enquanto a costureira tirava medidas para o resto do fato, um dos administradores veio trazer um papel com a morada para o envio da roupa, onde se lia Palacete de São Bento, na Rua da Imprensa à Estrela, residência oficial do chefe do Governo.
O papel trazia já também título, "Sua excelência primeiro-ministro de Portugal". Neste ponto, Montenegro quis ser mais cauteloso e salvaguardou que "isso só depois da indigitação e da tomada de posse".
Questionado se será um fato para substituir o que vestia na quarta-feira, quando foi atingido por um ativista com tinta verde, admitiu que esse "já não tem cura" e até descobriu hoje de manhã resquícios de tinta na aliança.
Também o líder do CDS-PP, Nuno Melo, que acompanhou a visita tal como o cabeça de lista da AD por Leiria, Telmo Faria, já saiu da fábrica com calças bege novas para substituir as que ficaram estragadas no mesmo episódio do ativista em Lisboa.
De Manuel Arnaut, um dos administradores da Avelmod, ouviu queixas sobre a crise no setor têxtil, que se agravaram desde outubro do ano passado.
"O nosso setor entrou em crise profunda durante a covid, literalmente parámos. Andámos aos solavancos entre 2020 e 2021, reativámos com alguma prudência e fomos crescendo até outubro passado, quando voltou a parar", disse.
Questionado por Montenegro se tal se deve à falta de procura, respondeu afirmativamente, juntando a crise de consumo ou o aumento dos custos de produção, como a eletricidade.
"Temos tido algumas medidas de apoio manifestamente insuficientes, temos de criar um caminho de aposta na qualidade", explicou o administrador.
Manuel Arnaut queixou-se também de "um grande aperto da banca", nomeadamente do Banco de Fomento.
"Tivemos de nos endividar em 2020 e 2021, porque a empresa simplesmente parou. Temos sentido grande intransigência, escudam-se em normas comunitárias, têm feito uma pressão brutal para o cumprimento dos prazos", disse.
Questionado pela Lusa sobre situações de salários de atraso na empresa, o administrador admitiu que houve meses em que não conseguiram pagar os vencimentos na totalidade no dia certo, mas disse que neste momento a situação está regularizada.
"Estamos a trabalhar para que não se repita", assegurou.
Leiria foi um dos círculos em que o PSD perdeu um deputado - que Montenegro manifestou a convicção de poder recuperar nas legislativas antecipadas de 10 de março -- e também o primeiro lugar em votos para o PS.
Em 2022, o PSD elegeu quatro deputados, tal como PS e o Chega um.
"As pessoas acreditam em nós e ninguém quer andar para trás", diz Pedro Nuno em Évora
O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou hoje que as pessoas acreditam no projeto do PS e que "ninguém quer andar para trás", numa arruada em Évora acompanhada por perto de duas centenas de simpatizantes socialistas.
Num trajeto que começou no largo do Teatro e terminou na Praça de Giraldo, atravessando o centro de Évora, Pedro Nuno Santos entrou em papelarias, lojas de roupa, cafés e farmácias, tendo ouvido várias pessoas a desejarem-lhe felicidades e a prometerem votar no PS.
"Vamos ganhar isto!", assegurou o líder socialista a um senhor que lhe pediu se mantenha firme e não fique a "ouvir mentiras dos outros e a engolir sapos".
"Às vezes tenho de responder. Quem não sente, não é filho de boa gente", respondeu Pedro Nuno Santos.
Numa esquina, acompanhado pelo autarca e cabeça de lista do PS por Évora, Luís Dias, e uma banda de saxofone, tarola e trompete a tocar músicas de José Afonso e Bruno Mars, Pedro Nuno Santos conversou com um jovem que lhe pediu que decidisse de vez sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa.
"Já tomou a decisão uma vez, tem de tomar agora outra vez", disse, com Pedro Nuno Santos a responder: "Vai ser uma das primeiras decisões que vamos tomar".
Em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos disse que a visita estava a ser "ótima" e que as pessoas reagem bem ao PS, recusando temer os resultados das sondagens que dão a vitória à Aliança Democrática (AD).
"As pessoas acreditam em nós, no nosso projeto, na possibilidade de avançarmos e ninguém quer andar para trás. Essa é uma certeza que as pessoas têm", afirmou.
Nas últimas eleições legislativas, em 2022, o PS obteve 43,95% dos votos no distrito de Évora, obtendo dois dos três mandatos que estavam em disputa.
À tarde, o líder do PS vai visitar o troço ferroviário do Alandroal, na linha de Évora, antes de terminar o dia de campanha com um comício, às 21:00, em Portalegre.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
CDU contesta fim de cirurgias ao cancro da mama em várias unidades de saúde
O secretário-geral do PCP contestou hoje o fim de cirurgias ao cancro da mama em sete unidades locais de saúde e acusou o PS de dizer uma coisa e fazer o contrário relativamente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Esta decisão do Ministério da Saúde - não vale a pena encobrir que é a direção executiva, isso comigo não cola -- de encerrar cirurgias do cancro da mama em várias unidades de saúde é um retrocesso brutal e contrasta profundamente com aquilo que foi dito ontem pelo secretário-geral do PS, a dizer que com o PS nem um passo atrás no SNS", afirmou Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas, durante uma arruada em Queluz, no concelho de Sintra.
A posição do líder da CDU (Coligação Democrática Unitária, que junta PCP e PEV) surgiu na sequência da notícia hoje avançada pelo jornal Público, que adiantou que sete unidades locais de saúde vão deixar de fazer cirurgias ao cancro da mama a partir do dia 1 de Abril. Para o líder comunista, só o reforço da votação na CDU pode travar a medida.
"O PS diz isso num dia e no dia a seguir o Ministério da Saúde encerra sete ou oito valências de cirurgia de cancro na mama. É isto que está a acontecer e não pode continuar assim. Está aqui um bom exemplo para dar mais força à CDU: connosco não há encerramento de valências nenhumas, connosco há mais médicos e enfermeiros para responder às necessidades das pessoas. As pessoas que nos estão a ouvir sabem que isto é mesmo verdade", referiu.
O tema da saúde voltou à conversa de Paulo Raimundo pouco depois, agora no contacto com uma eleitora com que se cruzou na rua, para reconhecer que o próprio também não tem médico de família, face às queixas da senhora por essa situação.
"Já somos dois. Nós vamos resolver o seu problema com a sua força e a de todos os que nos quiserem apoiar. A senhora precisa de médico de família e tem direito a isso, eu também preciso de médico de família e também tenho direito a isso. E 1,7 milhões de pessoas também precisam de médico de família", vincou.
Alertou igualmente para a questão da comparticipação das creches e defendeu uma "rede pública de creches" do Estado, "não para competir, mas para ser um fator de complementaridade" às instituições existentes, assumindo a sensibilidade ao tema e não apenas por "ter três filhos".
"Esta é uma grande emergência também do ponto de vista nacional. Só é possível garantir o acesso gratuito a todos às creches se o Estado investir numa rede pública de creches, que não substitua as IPSS, mas que tenha um papel de resolver o problema. De outra forma não é possível", observou.
Rui Rocha apela a maioria clara para "a mesa das soluções" onde se sentam IL e AD
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, pediu hoje aos portugueses uma maioria clara no dia 10 de março para a IL e a AD, "mesa onde estão as soluções" para o país.
"Dirijo-me aos portugueses para dizer que é preciso uma maioria clara para a mesa onde estão as soluções. Sendo minha responsabilidade também dizer aos portugueses que a mudança de que o país precisa será tão mais forte quanto mais forte for o voto na IL", afirmou o dirigente liberal no final de uma visita à Navigator, em Setúbal, que foi fechada aos jornalistas.
Refugiando-se no exemplo das mesas, Rui Rocha vincou que, neste momento, só há uma mesa capaz de trazer a mudança de que o país precisa, mesa onde se sentam a IL e a AD.
"Há uma mesa onde há dois partidos ou uma coligação e um partido sentados e essa coligação tem que assumir que a transformação é necessária e vai acontecer a partir de 10 de março", sublinhou.
Contudo, reforçou, nessa mesa da IL e da AD existem duas velocidades de mudança, a velocidade da IL que quer uma mudança a sério para o país e a velocidade modesta da AD.
Daí a importância e a necessidade de votar na IL, apelou.
"Depois, há a mesa da esquerda que traz igual ou pior, porque será provavelmente influenciada por partidos radicais que trarão ainda piores políticas para Portugal do que o que temos tido. E depois há depois uma mesa onde só um partido se senta, mais ninguém se senta, logo não é solução porque atrasa e bloqueia o país e consiste, no final, num voto no PS", insistiu.
Livre diz que SNS "só precisa de condições" para funcionar
O porta-voz do Livre Rui Tavares disse hoje, numa visita ao Centro de Saúde de Odemira, no distrito de Beja, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "só precisa de condições" para garantir uma boa resposta aos utentes.
"O SNS só precisa de condições, quando tem condições faz um trabalho extraordinário. Todos os dias dá apoio a pessoas, quaisquer que elas sejam, não lhes pergunta a religião, quanto têm na conta bancária, se têm cartão de crédito ou não. Todos os dias, dão resposta", vincou.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao Centro de Saúde de Odemira e depois de reunir com os responsáveis da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), Rui Tavares falou nos vários cenários com que os profissionais de saúde se deparam diariamente.
Neste centro de saúde, convive "uma comunidade médica diversa", de várias nacionalidades, com uma "comunidade de pacientes que é também ela diversa", composta na sua maioria por trabalhadores migrantes, realçou.
"Portugal, em geral, no SNS ou nas outras valências todas das nossas políticas públicas e da nossa vida em comunidade, consegue fazer isto. Consegue integrar as pessoas, consegue criar novos vizinhos, novos alentejanos, com todo o tipo de sotaques", considerou.
Segundo Rui Tavares, "os miúdos desses alentejanos vão crescer em conjunto, vão também eles próprios traduzir essas comunidades", sendo "só preciso querer fomentar essa concórdia e não fomentar a divisão e o ódio".
Também na habitação, um dos maiores obstáculos à fixação de profissionais de saúde neste território, o porta-voz do Livre defendeu que é possível "atrair os jovens com casas de função para médicos, enfermeiros [e] administrativos".
"A verdade é que, se calhar ao contrário do que se dizia há uma década ou duas, Odemira está a crescer e muito. A população aumentou em 1/3 e portanto é possível fazer futuro aqui, com qualidade de vida, com diversidade, desde que não percamos o fio à meada e aquilo que a política mal feita, a puxar o país para baixo nos faz, é perder o fio à meada do desenvolvimento do país", alertou.
Questionado sobre cenários pós-eleitorais, Rui Tavares disse que "a direita democrática tem de ter com quem dialogar".
E quando clarificar "que não conta com a extrema-direita para nada, é possível fazer muita coisa em conjunto que é necessária para melhorar a nossa democracia", acrescentou.
"Há caminho a fazer, não é em tudo, não temos a mesma visão sobre o SNS. A direita propõe coisas para o SNS que não é o que a maior parte das pessoas quer, porque têm medo de perder o que lhes tem servido, mas há questões democráticas nas quais podemos dialogar", referiu.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
Mortágua diz que a "única sondagem que conta" é das pessoas na rua
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu hoje que a "única sondagem que conta" é a das pessoas na rua e que, depois das últimas legislativas, ninguém vota em Portugal a olhar para estes estudos de opinião.
Durante a primeira ação de campanha do dia, uma iniciativa no centro de Lisboa dedicada à habitação, Mariana Mortágua foi questionada pelos jornalistas sobre a sondagem da véspera feita pela Universidade Católica para o Público, RTP e Antena 1, na qual a AD e o PS mantêm distância e o voto útil perde força para partidos da esquerda, incluindo para o BE, que sobe ligeiramente.
"Eu estava em Portugal nas últimas eleições e vi o que foram as sondagens e, por isso, acho que ninguém que vote em Portugal vota a pensar e a olhar para as sondagens. Toda a gente viu o que aconteceu nas últimas eleições", enfatizou.
Na opinião da líder do BE, "o que conta são os partidos" em que as pessoas acreditam e o que querem "fazer para o país".
"Sei que as pessoas reconhecem o trabalho do Bloco para combater a crise da habitação, para baixar o preço das casas, a forma como dissemos ao país: esta é a prioridade, toda a gente tem direito a ter uma casa e a conseguir pagar uma casa com o seu salário e essa é a única sondagem que conta, é aquela das pessoas na rua, que nos encontram e que sabem quais as nossas posições para resolver a crise da habitação", defendeu.
Segundo Mortágua, e é por isso que o BE "está a crescer" e vai ser capaz de conseguir que no dia 10 de março haja em Portugal "uma solução para a habitação que só existe se o BE tiver força".
Sobre o aumento dos indecisos, a líder bloquista defendeu que "cada partido tem a responsabilidade de dizer a todas as pessoas ao que é que vem, o que é que defende, o que é que quer fazer para resolver as principais preocupações das pessoas".
"Menos cenários, menos sondagens, mais propostas, mais soluções para o país e eu tenho a certeza e eu sei que o que o interessa e preocupa as pessoas quando vão dormir é saber se há uma casa para si, para os seus filhos, para os seus pais é isso que preocupa", reiterou.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
PAN quer suspensão de explorações de lítio
A porta-voz do PAN exigiu hoje a suspensão das explorações de lítio, a revogação do Simplex ambiental e urbanístico e a auscultação das populações, argumentando que o descontentamento reflete-se em votos populistas antidemocráticos.
"Para o PAN, a suspensão [de explorações de lítio] tem de ser o caminho, fazer-se uma nova reavaliação, salvaguardando-se assim os interesses da população, mas também dos danos ambientais que estão aqui em causa", defendeu Inês Sousa Real.
Para a porta-vos do PAN, as explorações de lítio estão, em alguns casos, a acontecer "em zonas de proteção natural e com elevados valores ecológicos" com particularidade para onde existe "a rota do próprio lobo ibérico".
Neste sentido, reforçou que "é fundamental suspender os projetos que estão neste momento em curso" e "garantir que a avaliação ambiental passa a considerar não apenas questões económicas, mas também a mitigação da pegada ecológica".
Inês Sousa Real defendeu que "é fundamental reavaliar" esse "tipo de projetos", sobretudo onde há "proximidade com as populações", com "danos ambientais absolutamente irreversíveis".
"E que não tenhamos uma destruição de valores naturais a reboque de uma pseudotransição energética, ou de uma exploração, que sabemos, muitas das vezes, não respeita aquilo que são critérios e danos ambientais que poderiam e deveriam ser evitados", apontou.
Nesse sentido, e a avaliar pelos "efeitos cumulativos que estas centrais estão a ter", o PAN considera "que o Simplex ambiental e o Simplex urbanístico devem ser revogados".
"Devemos olhar para a legislação e perceber que esta legislação não pode estar a ser feita à medida dos interesses económicos destas centrais fotovoltaicas, mas sim, do interesse económico das populações, no seu desenvolvimento, no seu crescimento, porque até há uma dimensão turística que, muitas vezes, é posta em causa com este tipo de projetos", justificou.
Com isto, apontou que "há um aspeto fundamental, as populações não têm sido ouvidas nestes processos como deveriam de ser", por um lado, porque os tempos para a consulta pública têm sido "demasiado curtos".
"Por outro, sabemos também que a participação cidadã não tem sido auscultada o que, de alguma forma, gera uma frustração na população e até um descontentamento que, sabemos, está a ter o seu retorno que é o voto em forças populistas antidemocráticas e se queremos repor a democracia e repor os valores de participação cidadã isto passa por ouvir as populações, quando dizem não a este tipo de projetos", considerou.
Inês Sousa Real, antes de reunir com a direção dos Bombeiros Voluntários de Viseu, assumiu ainda aos jornalistas que "o regresso de um grupo parlamentar do PAN à Assembleia da República [que implica a eleição de dois deputados] permite" ter "mais força para as causas" que defendem.
Pedro Nuno promete "corrigir o que não correu bem" a idosa que criticou casos e casinhos
O secretário-geral socialista assegurou que o PS "vai corrigir o que não correu bem", salientando que tem uma "nova liderança" de uma "nova geração", depois de uma idosa ter criticado a gestão de Costa dos 'casos e casinhos'.
Acompanhado por Luís Dias, cabeça de lista do PS neste círculo, Pedro Nuno Santos fez esta manhã uma curta visita a Vendas Novas, no distrito de Évora onde, nas últimas eleições, o PS teve 43,95% dos votos, obtendo dois dos três mandatos em disputa.
À entrada de um café, o secretário-geral do PS ficou à conversa com três pensionistas, uma das quais confessou ainda não saber em quem é que vai votar no próximo dia 10 de março, em particular por ter ficado desagradada pela forma como o atual primeiro-ministro, António Costa, reagiu às polémicas dos 'casos e casinhos'.
"Eu dá-me uma raiva ele estar a rir e a defendê-los todos. Mas o que é isto?", questionou, com Pedro Nuno Santos a contrapor que a ele lhe pedem é para "rir mais".
"Agora nós vamos corrigir o que não correu bem. Agora, é uma nova liderança, uma nova geração", acrescentou o líder socialista.
"Mas ele parecia que estava a fazer pouco dos 'casos e casinhos' e a defendê-los", insistiu a senhora, com Pedro Nuno Santos a responder: "Mas nós não e nós vamos cuidar das pessoas como sempre fizemos, e vamos fazer melhor ainda".
Pouco depois, em declarações aos jornalistas, a senhora disse não ter ficado agradada com o último mandato de maioria absoluta do PS e sublinhou que, apesar de gostar de Pedro Nuno Santos, o problema é ter integrado o Governo de António Costa, criticando a "trafulhada toda".