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Eleições nos EUA: Os Estados decisivos já não são o que eram

O maior peso das minorias raciais – principalmente hispânicos – conjugado com uma plataforma republicana mais hostil para com os imigrantes e a fraca popularidade de Hillary Clinton acelerou uma possível recomposição do mapa eleitoral dos Estados Unidos.

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Pode ser injusto para os outros, mas as eleições norte-americanas são sempre decididas por uma dúzia de estados. Uma vez que o sistema eleitoral americano não depende da percentagem de votos nacionais, o facto de muitos dos Estados terem fortes presenças republicanas ou democratas fazem com que haja poucas dúvidas da sua orientação. São os mais indecisos que fazem mexer os pratos da balança. No entanto, este ano há alguns "intrusos" neste grupo. As alterações demográficas dos Estados Unidos e a plataforma ideológica com que Donald Trump está a correr contribuíram para uma possível recomposição do mapa eleitoral.

Os suspeitos do costume estão por cá: não sabemos quem vai ganhar na Florida, Ohio e Pennsylvania. Mas há recém-chegados relativamente inesperados, como é o caso de Arizona, Georgia e, de certa forma, Utah. Além disso, observa-se também um realinhamento partidário. De uma perspectiva geral, os republicanos estão a mostrar mais força a Norte – no chamado "rust belt" – e os democratas têm melhores indicações nos estados mais a Sul. Não é um segredo o que estás por trás desta tendência. Trump apresenta números muito fortes entre brancos pouco qualificados, mais comuns a Norte. Clinton tem vantagem entre eleitores mais jovens, minorias raciais e eleitores qualificados, com maior presença a Sul.

O facto de alguns estados poderem cair para o lado democrata seria impensável há alguns anos. A Georgia é republicana desde 1992, o Arizona desde 1996 e o Utah desde 1964 (embora, neste caso, a ameaça para os republicanos venha principalmente do independente Evan McMullin).

Em declarações à Atlantic, Craig Hughes, consultor democrata, explica que estas tendências vêm de trás – e provavelmente até se materializariam na próxima década –, mas a forma como a actual campanha eleitoral foi conduzida acelerou a mudança. "Trump antecipou [a transformação do mapa eleitoral] uns oito anos", sublinha.

Os democratas não quererão abandonar totalmente Estados como Michigan ou Pennsylvania, até porque valem, respectivamente, 16 e 20 importantes votos para o colégio eleitoral. No entanto, o Sul apresenta maior dinamismo demográfico, principalmente entre os hispânicos, o grupo eleitoral que mais está a crescer.

Talvez incentivados pela hostilidade do candidato republicano, os eleitores de origem hispânica estão a votar como nunca. Na Florida já houve tantos hispânicos a votar antecipadamente nesta eleição como na totalidade do escrutínio de 2012. No Nevada o crescimento do voto latino pode ter já garantido a conquista do estado por Hillary Clinton. Recorde-se que 42 milhões de americanos já votaram. Um terço da participação total observada em 2012.

Clinton pouco eficiente

À primeira vista, podem parecer boas notícias para Clinton. Mas essa perspectiva pode ser enganadora. Se é verdade que os democratas estão mais alinhados com a evolução demográfica do que os republicanos, não podem alienar os operários brancos.

Além disso, esta aceleração da transformação do mapa eleitoral, pode estar a empurrar os democratas cedo demais para Sul. O partido pode salivar pela conquista de estados como o Arizona, mas o mais provável ainda é uma vitória dos republicanos aí. Ou seja, alguns dos ganhos de Clinton são ineficientes: ela conquista terreno em estados que podem contribuir com zero votos para a sua busca pelos 270 necessários para garantir a vitória nas eleições.

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