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Sócrates sobre o chumbo do PEC IV: “Vamos incendiar as naus”

O ex-primeiro-ministro ficou possesso com a notícia de que o PSD iria chumbar o PEC IV. “Vamos fazer como o Cortés: incenciar as naus”, terá dito.

Negócios 14 de Maio de 2015 às 10:35
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A descrição faz parte do novo livro de Fernando Esteves, jornalista da Sábado, sobre o ex-primeiro-ministro. "Cercado" conta como foram os seus últimos dias à frente dos destinos do País. A revista pré-publica esta quinta-feira, 14 de Maio, alguns excertos do livro, um dos quais sobre o momento em que José Sócrates percebe que o PEC IV está morto.

 

"O documento é votado pelos membros do Conselho. Sucesso total. Sócrates vence. Angela Merkel não lhe salta para o colo, mas faz questão de lhe mostrar que está contente com o desfecho:

- Parabéns!

Durão Barroso também está eufórico:

- Conseguimos!"

 

A alegria com a aprovação do PEC IV duraria pouco tempo. Pouco depois, o presidente da Comissão Europeia regressa à sala com notícias de Lisboa: "Não acredito no que se está a passar em Portugal", afirmou. Pedro Passos Coelho preparava-se para anunciar o chumbo do PEC IV. Estava apenas à espera do fim da reunião em Bruxelas.

 

A notícia deixa Sócrates possesso, conta Fernando Esteves no seu livro. Tanto o primeiro-ministro como o seu gabinete acreditavam que aquele documento permitiria a Portugal aguentar-se até ao segundo resgate grego, fazendo uma gestão semelhante a Espanha, que nunca chegou a pedir um resgate às autoridades europeias.

 

De regresso a Portugal, depressa percebe que Passos Coelho não podia ser demovido. Num telefone a Jorge Lacão, desabafa: "Vamos fazer como Cortés: incendiar as naus! Se eles chumbarem o PEC demito-me!"

 

Falar mais da derrota, que da vitória

 

Também o jornal i publicou alguns excertos de "Cercado", concentrando-se na campanha eleitoral de 2011 e no pessimismo que reinava no círculo mais próximo de José Sócrates.

 

O ex-primeiro-ministro estava muito desgastado nessa recta final e até já era mais contido nas suas "fúrias viscerais". "Um sintoma do nosso estado de espírito era o facto de nesse período termos falado muito sobre o discurso de derrota, embora também houvesse um de vitória", refere um dos colaboradores do antigo governante no livro. 

 

"Cercado" é lançado hoje, pela editora Matéria Prima. 

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