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Socialistas concordaram em discordar e acabaram a pedir o mesmo

Não eram esperados grandes embates. Houve o esperado confronto ideológico entre quem defende um partido mais à esquerda e quem prefere uma afirmação ao centro moderado. Mas, no final deste segundo dia do 22.º Congresso do PS, o que sobra é a sintonia no objectivo essencial: vencer as eleições de 2019. Depois logo se verá.

26 de Maio de 2018 às 22:41
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O PS que sai do segundo dia do 22.º Congresso socialista é o mesmo que entrou: um partido unido, satisfeito com a governação e apostado em vencer as eleições legislativas do próximo ano.


Não é que não tenha tido lugar a antecipada troca de argumentos entre as duas principais tendências do partido – a ala mais à esquerda, que tem Pedro Nuno Santos como protagonista, e uma tendência mais moderada, que encontra em Santos Silva o rosto mais visível. Porém, a liderança incontestada de António Costa deixa escassa margem para confrontos fratricidas, especialmente tendo em conta que se trata de dois relevantes membros do Governo. Mas quando a questão da sucessão se colocar, é Pedro Nuno Santos que parte da "pole position".


Primeiro foi o ministro dos Negócios Estrangeiros a alertar para o risco de o PS perder autonomia se ficar demasiado dependente dos parceiros à esquerda. Seguiu-se o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares a defender o sucesso da aliança à esquerda e a necessidade de o partido apostar num sentido de comunidade que privilegie os
"trabalhadores portugueses que trabalham mais de 40 horas por semana e que ganham mal, ganham pouco".


Conclusão? O PS é um partido plural cuja identidade assenta no socialismo democrático. Leitura que permite abranger as diversas tendências e que mereceu a concordância de todos. Assim, todos concordaram com o seu secretário-geral que, logo na sexta-feira, afirmou que "o PS está onde sempre esteve".


Onde não foram vistas divergências foi na avaliação muito positiva do desempenho da actual solução de Governo. Até o crítico Francisco Assis acabou por se juntar à unânime avaliação, reconhecendo que, apesar das dúvidas do eurodeputado, o primeiro-ministro conseguiu "anestesiar" os parceiros da esquerda e fazer cumprir a matriz europeísta e moderada do partido.


O pragmatismo de António Costa vingou também no que às eleições diz respeito. Apesar de socialistas como Manuel Alegre ou Ascenso Simões terem dito que o partido deve pedir sem pejo uma maioria absoluta, prevaleceu a ideia de que o mais importante é que o PS vença as próximas legislativas com o "melhor resultado possível".


Na linha de Costa, Fernando Medina também defendeu uma abordagem pragmática ao dizer que o PS deve "saber procurar alianças" com o objectivo central de afirmar o seu espírito "reformista". O autarca lisboeta não disse onde procurar alianças, uma omissão propositada porque existe uma incerteza eleitoral inerente a qualquer acto eleitoral. E não é altura de fechar portas.


No final do dia vingou o pragmatismo do secretário-geral António Costa, que quer reeditar a aliança com a esquerda mas que não enjeita entendimentos à direita, e que quer vencer as próximas eleições com o melhor resultado possível, embora se escuse pedir a pretendida maioria absoluta.

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