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Costa promete negociar com empresas melhores salários
O secretário-geral socialista fechou o 22.º Congresso do PS a defender que o país tem de convergir com a Europa não só nas finanças públicas e crescimento económico mas também ao nível social e salarial. E para melhores salários, promete iniciar debate com o tecido empresarial.
Costa prometeu ainda que o próximo Orçamento do Estado fará um esforço para permitir "o regresso dos jovens que partiram". O líder socialista disse estar seguro de que o futuro do partido está em boas mãos.
Nesse sentido, Costa sublinhou que "em breve" o PS vai apresentar no Parlamento uma proposta para "limitar as condições para a contratação a termo" porque ser candidato a um primeiro emprego não deve significar ser candidato a um emprego precário.
O chefe do Governo acrescentou "outro esforço muito importante" e que passa por criar condições para que o país possa convergir com a Europa "também do ponto de vista social e salarial" e não apenas em termos de "consolidação das contas públicas e crescimento económico". No entanto, Costa reconhece que a melhoria dos salários será um combate a prazo que não produzirá efeitos imediatos, "mas é o caminho daquilo que temos de fazer".
António Costa disse então que vai iniciar um "debate" com o tecido empresarial porque "as empresas do futuro só terão futuro se forem capazes de ser competitivas" e isso "só é possível se tiverem os quadros mais qualificados" e, para isso, é preciso pagar melhor, sustentou. Mas se Costa passa a bola aos privados, as empresas chutam para canto. À saída do Congresso, António Saraiva, presidente da CIP, disse, em declarações ao Negócios, que há total disponibilidade das empresas para promover melhores salários desde que o Estado promova políticas públicas nesse sentido.
Orçamento para 2019 a pensar no regresso da diáspora
Mais concreta foi a garantia dada pelo primeiro-ministro de que no Orçamento do Estado para 2019 o Governo vai assumir como "uma das principais prioridades" a criação de um "programa que fomente o regresso dos jovens que partiram" nos anos da crise.
Garantida a primeira grande ovação, António Costa explicou que é fundamental "criar condições únicas e extraordinárias para que aqueles que partiram e queiram voltar tenham condições para viver em Portugal".
O secretário-geral defendeu que só criando condições para que geração 20/30 se "possa realizar em Portugal" é que o país será viável. Essas condições implicam crescente aposta em áreas como a educação, habitação, emprego/salários e Costa promete renovar o compromisso da acção governativa nestes temas. "Não teremos um território mais coeso e um país mais desenvolvido" sem tirar partido da "melhor geração que o país produziu", justificou.
Tal como António Guterres, Costa apontou a educação como "a paixão" do PS e assumiu que afinal o seu maior orgulho enquanto chefe do Governo não foi alcançar o mais baixo défice da democracia mas reduzir o abandono escolar precoce que garantiu não será superior a 10% em 2020.
E porque o "discurso que foi feito [pelo Governo PSD-CDS] de que tínhamos licenciados a mais era um discurso que só conduzia ao fracasso do país", o primeiro-ministro garantiu que o Executivo vai "continuar a investir na formação pós-graduada" com mais bolsas de doutoramento para "mais e melhor conhecimento".
Já no âmbito do problema demográfico, identificou a necessidade de um "grande grande acordo de concertação social" que permita conciliar família e emprego. Entre as medidas necessárias Costa identifica a agilização do horário de trabalho de forma a permitir que, por exemplo, uma mãe possa trabalhar menos horas para constituir família.
Sobre habitação, recordou a proposta do Governo para a promoção de arrendamento acessível" que não "implique um esforço superior a 35% do rendimento" das famílias.
Costa não meteu papéis para a reforma mas confia na sucessão
Nestes três dias de um congresso que, à partida e como se veio a verificar, não tinha motivos para gerar disputas, até porque o actual secretário-geral é hoje um líder incontestado, houve putativos sucessores a perfilarem-se, com Pedro Nuno Santos à cabeça.
Mas além do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes, o presidente da câmara de Lisboa Fernando Medina, o deputado João Galamba ou a secretária de Estado Adjunta Mariana Vieira da Silva também surgiram no rol de candidatos informais à sucessão de Costa, seja quando for que essa questão se coloque.
Só que não se vai colocar para já, fez questão de notar António Costa confirmando o que todos sabiam, ou não tivesse acabado de ser reeleito com uma votação ao estilo "norte-coreano".
Mas observando grande capacidade nestes e noutros nomes, Costa mostrou-se confiante no futuro do partido. O PS pode "olhar para o futuro com grande tranquilidade e satisfação" graças a uma "geração com enorme potencial, qualidade técnica e política", disse o líder socialista deixando um "aviso" em tom de brincadeira: "não meti os papéis para a reforma".