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Costa promete negociar com empresas melhores salários

O secretário-geral socialista fechou o 22.º Congresso do PS a defender que o país tem de convergir com a Europa não só nas finanças públicas e crescimento económico mas também ao nível social e salarial. E para melhores salários, promete iniciar debate com o tecido empresarial.

David Santiago dsantiago@negocios.pt 27 de Maio de 2018 às 13:53
Foi a olhar para o futuro e a pensar nas novas gerações que um António Costa ainda longe da reforma encerrou o 22.º Congresso do PS que decorreu este fim-de-semana na Batalha. O secretário-geral do PS e primeiro-ministro comprometeu-se a iniciar um debate com o tecido empresarial com vista a melhores salários que possibilitem que a geração melhor preparada de sempre tenha condições para viver e constituir família em Portugal.

Costa prometeu ainda que o próximo Orçamento do Estado fará um esforço para permitir "o regresso dos jovens que partiram". O líder socialista disse estar seguro de que o futuro do partido está em boas mãos. 

Sinalizando que o grande mote da moção estratégica (Geração 20/30) que trouxe ao conclave socialista é o de "garantir a esta nova geração, que está na casa dos 20 e dos 30 anos, que vai ter todas as oportunidades para se realizar plenamente quer do ponto de vista profissional quer pessoal". Assegurar que "esta geração tem futuro em Portugal", disse António Costa identificando o "combate à precariedade" como crucial para alcançar esse objectivo.

Nesse sentido, Costa sublinhou que "em breve" o PS vai apresentar no Parlamento uma proposta para "limitar as condições para a contratação a termo" porque ser candidato a um primeiro emprego não deve significar ser candidato a um emprego precário. 

O chefe do Governo acrescentou "outro esforço muito importante" e que passa por criar condições para que o país possa convergir com a Europa "também do ponto de vista social e salarial" e não apenas em termos de "consolidação das contas públicas e crescimento económico". No entanto, Costa reconhece que a melhoria dos salários será um combate a prazo que não produzirá efeitos imediatos, "mas é o caminho daquilo que temos de fazer".

António Costa disse então que vai iniciar um "debate" com o tecido empresarial porque "as empresas do futuro só terão futuro se forem capazes de ser competitivas" e isso "só é possível se tiverem os quadros mais qualificados" e, para isso, é preciso pagar melhor, sustentou. Mas se Costa passa a bola aos privados, as empresas chutam para canto. À saída do Congresso, António Saraiva, presidente da CIP, disse, em declarações ao Negócios, que há total disponibilidade das empresas para promover melhores salários desde que o Estado promova políticas públicas nesse sentido. 

Orçamento para 2019 a pensar no regresso da diáspora

 

Mais concreta foi a garantia dada pelo primeiro-ministro de que no Orçamento do Estado para 2019 o Governo vai assumir como "uma das principais prioridades" a criação de um "programa que fomente o regresso dos jovens que partiram" nos anos da crise.


Garantida a primeira grande ovação, António Costa explicou que é fundamental "criar condições únicas e extraordinárias para que aqueles que partiram e queiram voltar tenham condições para viver em Portugal".

O secretário-geral defendeu que só criando condições para que geração 20/30 se "possa realizar em Portugal" é que o país será viável. Essas condições implicam crescente aposta em áreas como a educação, habitação, emprego/salários e Costa promete renovar o compromisso da acção governativa nestes temas. "Não teremos um território mais coeso e um país mais desenvolvido" sem tirar partido da "melhor geração que o país produziu", justificou. 

Tal como António Guterres, Costa apontou a educação como "a paixão" do PS e assumiu que afinal o seu maior orgulho enquanto chefe do Governo não foi alcançar o mais baixo défice da democracia mas reduzir o abandono escolar precoce que garantiu não será superior a 10% em 2020. 

E porque o "discurso que foi feito [pelo Governo PSD-CDS] de que tínhamos licenciados a mais era um discurso que só conduzia ao fracasso do país", o primeiro-ministro garantiu que o Executivo vai "continuar a investir na formação pós-graduada" com mais bolsas de doutoramento para "mais e melhor conhecimento".


Já no âmbito do problema demográfico, identificou a necessidade de um "grande grande acordo de concertação social" que permita conciliar família e emprego. Entre as medidas necessárias Costa identifica a agilização do horário de trabalho de forma a permitir que, por exemplo, uma mãe possa trabalhar menos horas para constituir família.


Sobre habitação, recordou a proposta do Governo para a promoção de arrendamento acessível" que não "implique um esforço superior a 35% do rendimento" das famílias.

Costa não meteu papéis para a reforma mas confia na sucessão


Nestes três dias de um congresso que, à partida e como se veio a verificar, não tinha motivos para gerar disputas, até porque o actual secretário-geral é hoje um líder incontestado, houve putativos sucessores a perfilarem-se, com Pedro Nuno Santos à cabeça.

Mas além do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes, o presidente da câmara de Lisboa Fernando Medina, o deputado João Galamba ou a secretária de Estado Adjunta Mariana Vieira da Silva também surgiram no rol de candidatos informais à sucessão de Costa, seja quando for que essa questão se coloque.


Só que não se vai colocar para já, fez questão de notar António Costa confirmando o que todos sabiam, ou não tivesse acabado de ser reeleito com uma votação ao estilo "norte-coreano". 


Mas observando grande capacidade nestes e noutros nomes, Costa mostrou-se confiante no futuro do partido. O
 PS pode "olhar para o futuro com grande tranquilidade e satisfação" graças a uma "geração com enorme potencial, qualidade técnica e política", disse o líder socialista deixando um "aviso" em tom de brincadeira: "não meti os papéis para a reforma".

(Notícia actualizada pela última vez às 15:10)
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