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Sem populismo nem messianismos, pede-se a reforma do sistema político
Nos 44 anos do 25 de Abril de 1974, o tom foi de alertas sobre o populismo e para a necessidade de uma reforma do sistema político. Palavras de ordem com que todos parecem ter concordado.
Prevenir trilhos "que conduzem a caminhos indesejáveis" obriga a que se lute contra populismos e messianismos. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, aproveitou as comemorações do 25 de Abril para alertar contra "os messianismos de hoje - são experiências alheias que o demonstram - que se escondem por detrás das aparências democráticas, que usam mais eficazes poderes mediáticos, e que têm contornos mais sedutores".
Lembrando a história, o Presidente deixou reflexões para o presente e futuro: "a Europa perdeu sempre ao dividir-se; as forças armadas constituem factor nuclear de identidade nacional; e a capacidade de renovação do sistema político.
A proximidade dos cidadãos "é essencial para evitar fenómenos de lassidão, de contestação inorgânica e antisistémica e de cepticismo contra os partidos e parceiros económicos e sociais". É nos vazios que são alimentadas "tentações perigosas de apelos populistas e até de ilusões sebastianistas, messiânicas ou providencialistas."
Um recado que ficou por explicar. E mesmo o primeiro-ministro António Costa não se atreveu a fazer leituras sobre quem poderia estar no pensamento de Marcelo, lembrando no entanto que o Presidente tem "níveis de popularidade absolutamente estratosféricos".
As mensagens contra o populismo todos os partidos aplaudiram. Marcelo seguiu o tom já anteriormente deixado por Ferro Rodrigues que falou de uma reforma do sistema político. O presidente da Assembleia da República diz que tem de se avaliar "seriamente" o "alargamento do âmbito da limitação dos mandatos e das acumulações de cargos, e ponderar incentivos eficazes à dedicação exclusiva no Parlamento". Sem precipitações, Ferro Rodrigues pede uma reflexão para se poder decidir "com segurança" na próxima legislatura, depois de 2019. Marcelo pede que o caminho seja percorrido sem "nenhuma cedência de princípios" e alerta que "nenhum tempo pode ser perdido".
Rui Rio, líder do PSD, mostrou disponibilidade para iniciar "ontem" a reforma que revitalize o regime. O Bloco lembrou que "tem desde o início desta legislatura, à espera de uma maioria para poder ter avanços, a criação de uma entidade para a transparência e a exclusividade dos deputados".
O PS também puxou dos galões para dizer que propôs a criação da Comissão Eventual para a Transparência e apresentou um conjunto de diplomas que visam "justamente reforçar essa transparência no exercício de altos cargos públicos", apontou o líder da bancada socialista, Carlos César, citado pela Lusa.