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Santos Silva pede desculpa por comparar concertação social a "feira de gado"
Os comentários feitos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros geraram desconforto junto dos parceiros sociais. O governante foi obrigado a justificar-se e a pedir desculpas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, pediu desculpa aos parceiros sociais por comentários que fez em privado com o ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, e que acabaram por se tornar públicas, onde o chefe da diplomacia compara a concertação social com uma feira de gado.
Em declarações à TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros reconhece que "essas palavras foram inapropriadas, foram excessivas e reparei hoje que motivaram desconforto entre os parceiros sociais. "Queria pedir-lhes desculpa por isso", disse aos microfones da rádio.
O jornal i relata na sua edição desta terça-feira a conversa em causa, que aconteceu na sexta-feira passada, durante jantar do grupo parlamentar do PS. Referindo-se ao acordo sobre o salário mínimo nacional que tinha sido conseguido na concertação social, Augusto Santos Silva disse: "Ali o Vieira da Silva conseguiu mais um acordo! Ó Zé António és o maior! Grande negociante... Era como uma feira de gado! Foram todos menos a CGTP? Parabéns..."
A declaração que foi repescada pela TVI numa rubrica humorística deixou alguns parceiros desagradados, mostrava a edição do jornal i. "Não acho apropriado, não me identifico com estas declarações", disse o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) ao i. Também António Saraiva, o líder da CIP reagiu: "Para um ministro dos Negócios Estrangeiros, usou pouca diplomacia."
As explicações do ministro
Nas mesmas declarações à TSF, Augusto Santos Silva tentou enquadrar o que tinha dito. "Apenas tenho de precisar que se tratou de uma conversa privada antes do início do jantar [de Natal do grupo parlamentar do PS]", explicou explicando que falava num ambiente distendido com um amigo. "Disse num tom de brincadeira ao meu colega e amigo de muitos anos José António Vieira da Silva que ele tinha feito um excelente acordo e tinha provado ser um bom negociador."
"Lamentavelmente disse negociante em vez de negociador e comparei a negociação a uma feira de gado. O que queria dizer com isso era mostrar a dureza da negociação, a complexidade das transacções e a honradez das partes, porque é isso que caracteriza uma feira na qual a palavra dada vale por si mesma", justificou o ministro que depois pediu desculpa.
O governante destacou, de seguida, o papel relevante da concertação social. "A concertação social é um pilar essencial do Estado democrático e o facto de este ano ter sido possível concluir dois acordos de concertação social sobre o salário mínimo e a contratação colectiva é um elemento muito importante para a estabilização da nossa vida colectiva." Um elemento no qual "participam os parceiros sociais", salientou.