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Santana e Rio mais conciliadores no último debate antes das directas

Acabaram a dizer que contavam um com o outro depois de escolhido o novo líder para o PSD. O último debate entre Rio e Santana teve ainda algumas farpas, mas foi mais conciliador do que os anteriores. 2004 ficou à porta.

Lusa
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Mantiveram algumas diferenças, atiraram ainda algumas farpas, mas adoptaram uma postura mais conciliadora no debate desta manhã transmitido na TSF e na Antena 1. Os truques ficaram à porta das rádios - 2004 também. Rio e Santana disseram até contar um com outro depois das eleições directas de sábado, onde será escolhido o sucessor de Passos Coelho. Sobre a necessidade de uma revisão constitucional, Santana disse não estar nas suas prioridades e Rio defendeu que as reformas que quer fazer vão obrigar a essa revisão. Mas não quer pôr o carro à frente dos bois. 

"Se quiser ingressar a minha lista para o Conselho Nacional está feito o convite", disse Pedro Santana Lopes, dirigindo-se a Rui Rio que antes tinha afirmado que "se ganhar convidarei o Pedro Santana Lopes para participar no partido até como histórico". Os dois transmitiram a ideia de que a intenção era depois das directas de 13 de Janeiro passarem a ideia de união no partido. "As pessoas sérias têm de ser convidadas para o muito trabalho que há a fazer", disse ainda Santana, quando questionado pelos jornalistas sobre se convidaria Rio para ministro (e de quê) se vencesse as legislativas de 2019.

Já antes, os dois tinham dado sinais de aproximação quando a entrevista de Miguel Relvas ao Público surgiu no debate. Foi Rio quem puxou o assunto, ao acusar Relvas - que classificou como apoiante de Santana - de estar já a falar de um líder a prazo. "Ele vota em mim, não é meu apoiante", clarificou Santana.

Na entrevista, Relvas defendeu que o PSD vai ter "um líder para dois anos. Se não ganhar, será posto em causa". "O Pedro, se ganhar as eleições [directas], terá seguramente a minha solidariedade", atirou Rui Rio, referindo-se à necessidade de terminar com o clima de condicionamento. Santana voltou a tentar descolar de Relvas, afirmando que o ex-dirigente do partido "não participou" na sua candidatura. 

Ao contrário dos debates anteriores, muito marcados pelos "truques" relacionados com os episódios de Santana Lopes quando foi primeiro-ministro em 2004, no debate desta manhã os candidatos pereceram menos tensos, o ambiente mais distendido e houve até lugar a graças entre os dois. "Já falámos no Dupond e Dupont, no tim-tim por tim-tim, só nos faltou a Milu", disse Santana, numa alusão às personagens das Aventuras de Tintim.

Mudanças na Constituição

Sobre a revisão constitucional, os dois candidatos não pensam exactamente o mesmo, mas na prática nem um nem outro pensam tomar a iniciativa para lançar um processo desses, que exige uma maioria de dois terços no Parlamento. 

"Acho que é quase impossível não mexer na Constituição se quisermos fazer reformas de fundo", defendeu o ex-autarca do Porto, ressalvando, porém, que começará por propor as reformas para que depois se chegue à conclusão que é preciso rever a lei fundamental.

Santana não vai tão longe, mas também mostra alguma insatisfação com o texto da constituição. "Gostava de uma constituição menos marcada do ponto de vista ideológico", mas "não está nas prioridades".

Ambos sabem que para isso é preciso um acordo com o PS e ambos se lembram que Passos Coelho teve de meter a intenção na gaveta. 

Os possíveis entendimentos com o PS para um Governo voltaram a estar em cima da mesa e ambos os candidatos insistiram nas posições que têm mantido. Santana exclui de todo um acordo caso seja o PS a vencer as eleições legislativas de 2019 sem maioria. "Acho que um dia, quando o PS voltar à boa prática e viabilizar primeiro um Governo PSD então é possível admitir isso", avisou Santana Lopes. 

Já Rio quer evitar que o PS tenha de virar à esquerda. "Se não conseguir maioria sozinho ou com o CDS então, pelo menos, que consiga tirar o Bloco de Esquerda e o PCP da esfera da governação", explicou Rui Rio. E se vencer as eleições internas do PSD não quer ir logo a debate com António Costa. "As fragilidades deste Governo ainda não estão completamente à vista", disse o candidato. 

    

No final do debate, Santana e Rio foram questionados sobre que medida reverteriam do actual Governo, caso vencessem as eleições internas no partido, e ambos concordaram com a redução do IRC, que não só não desceu - como foi acordado entre Passos e Seguro - como vai aumentar este ano, com a subida da derrama paga pelas empresas. 

Os dois candidatos falaram ainda sobre a relação que esperam poder vir a ter com o Presidente da República, com Rio a reclamar vantagem face a Santana. "Será mais fácil lidar comigo do que com o Pedro", atirou, justificando que existe uma maior complementariedade entre ele e Marcelo. Santana Lopes não quis por este caminho - mais pessoal - e antecipou um novo futuro para Rui Rio. "O Rui pode abrir um consultório de psicologia que ele está a ficar especialista", disse, acrescentando apenas que o Presidente "tem sempre de ser solidário com o Governo mas também tem de ser correcto com a oposição".  

Sobre a polémica do momento, o mandato da PGR, Rio diz que só o chefe de Estado tem actuado bem e não concorda com a leitura política feita pela bancada do PSD de que o Governo não quer renovar o mandato de Joana Marques Vidal por causa dos processos que estão em curso no Ministério Público e Santana também rejeita considerações desse género.  
   
As eleições no PSD acontecem este sábado. Mais de 70 mil militantes podem ir votar para escolher o sucessor de Passos Coelho, que anunciou esta esta quinta-feira que vai sair do Parlamento em Fevereiro.    


(Notícia actualizada pela última vez às 13:20) 


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