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Rio não confirma nem desmente se PSD está a negociar com Chega nos Açores

O líder social-democrata escusou-se hoje a clarificar se o partido nos Açores está a negociar o apoio parlamentar do Chega a um executivo PSD-CDS-PPM na região, limitando-se a afirmar que se pretende reeditar a Aliança Democrática na região.

Fernando Veludo/Lusa
02 de Novembro de 2020 às 14:17
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"As informações que eu tenho relativamente aos Açores -- o partido tem autonomia -- é que o partido está a tratar de reeditar a Aliança Democrática do tempo do doutor Sá Careiro. Uma coligação entre PSD, CDS e o PPM. Faltam só os reformadores, que era um grupo individual", afirmou.

Como conseguir os votos na Assembleia Legislativa regional para alcançar uma solução maioritária de Governo, "isso a comissão política regional está a tratar e logo veremos", disse Rui Rio.

O líder dos sociais-democratas, que falava aos jornalistas, no Porto, à margem de uma reunião com a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC), não respondeu às perguntas relacionadas com uma possível negociação com o Chega, um desafio que o PS lhe tinha lançado no sábado.

"Pelo que sei, na prática [está em cima da mesa] a reedição da AD [Aliança Democrática] de há muitos anos. Ele [referindo-se ao socialista José Luís Carneiro] perguntou se eu estava de acordo com uma revisão constitucional que tenha prisão perpetua, castração química, etc. Eu tenho bom feitio (...). Não respondo", referiu o presidente do PSD.

No sábado, o secretário-geral adjunto do PS desafiou Rui Rio a esclarecer se, nos Açores, os sociais-democratas estão em negociações com o Chega para a constituição de um executivo na região.

Em declarações à agência Lusa, José Luís Carneiro disse não querer colocar em causa a "autonomia" dos partidos e a própria autonomia das estruturas açorianas, mas ressalvou que uma das contrapartidas do Chega para a negociação, a avaliar por "informações" que circulam no "espaço público", passam por um apoio social-democrata à revisão constitucional proposta pelo partido de André Ventura.

Tal, disse o socialista, representaria uma "rotura com o património cultural e de valores humanistas que estão inscritos" na Constituição, ao incluir, por exemplo, a pena de prisão perpétua.

"Em função dessas informações, o PS entende que o dr. Rui Rio tem o dever de, primeiro, esclarecer se há ou não há negociações em curso tendo em vista estabelecer um acordo com o Chega e se, em segundo lugar, esse acordo pressupõe" essa referida revisão constitucional, prossegue José Luís Carneiro.

O PS venceu as eleições regionais nos Açores tidas no domingo, elegendo 25 dos deputados à Assembleia Legislativa Regional, mas um bloco de direita, numa eventual aliança (no executivo ou com acordos parlamentares) entre PSD, CDS, Chega, PPM e Iniciativa Liberal poderá funcionar como alternativa de governação na região, visto uma junção de todos os parlamentares eleitos dar 29 deputados (o necessário para a maioria absoluta).

O PAN, que também elegeu um deputado, pode também viabilizar parlamentarmente um eventual governo mais à direita.

Diversas fontes contactadas pela Lusa reconhecem a existência de conversações entre o PSD e outros partidos com vista a uma eventual viabilização de um executivo de direita.

O jornal Público noticiou na sexta-feira que terá decorrido nesse dia, em São Miguel, uma reunião entre os líderes de PSD, CDS e PPM.

André Ventura, divulgaram alguns órgãos de comunicação social esta semana, terá imposto quatro condições para a viabilização de um governo regional liderado pelo PSD, sendo um dos pontos a participação social-democrata no processo de revisão constitucional proposto pelo Chega.

A lei indica que o representante da República nomeará o novo presidente do Governo Regional "ouvidos os partidos políticos" representados no novo parlamento açoriano.
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