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Rebeldes pró-russos avançam com referendo apesar de apelo de Putin

Mesmo após o apelo para o adiamento do referendo sobre a independência do Leste da Ucrânia, os separatistas pró-russos avançam com a consulta que deverá realizar-se no próximo domingo.

David Mdzinarishvili/Reuters
Negócios 08 de Maio de 2014 às 12:39
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Os activistas pró-russos no leste da Ucrânia anunciaram esta quinta-feira, 8 de Maio, que não adiarão o referendo sobre o destino daquela região marcado para domingo. A decisão foi tomada em unanimidade pela assembleia que lidera a auto-proclamada República Independente de Donestk. “O referendo será dia 11 de Maio. A decisão não é nossas [líderes dos activistas], mas do povo” afirmou o vice-presidente da auto-proclamada República.  

 

A decisão surge um dia depois do Presidente Vladimir Putin ter pedido aos separatistas o adiamento da consulta, a fim de se criarem condições necessárias para o diálogo. Putin fez a declaração após se ter reunido com o director da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

 

“Apreciamos as declarações de Putin, mas não é ele quem toma a decisão. Cabe-nos a nós, cidadãos de Donetsk decidir”, insistem os separatistas, citados pela imprensa internacional . “Não há nada para negociar com Kiev”.

 

Os rebeldes explicam ainda que prevêem uma escalada de violência para as celebrações do dia “Dia da Vitória”, no próximo 9 de Maio, assim como no domingo durante a jornada eleitoral. “Esperamos actos de provocação e violência nos dois dias, mas não é isso que nos vai fazer cancelar as celebrações (de dia 9 de Maio) que honram a luta e a memória dos nossos avós”, garantem.

 

As autoridades ucranianas já fizeram saber que as operações “antiterrorista” vão continuar. “As operações antiterroristas vão continuar, independentemente de qualquer decisão de qualquer grupo subversivo ou terrorista na região de Donetsk”, afirmou o primeiro-ministro interino ucraniano, Andriy Parubiy, citado pela BBC.

 

Milhões de boletins de votos estão a ser preparados para a votação que deverá decorrer em Donetsk no próximo domingo.

 

Kiev disponível para dialogar e UE afirma que consulta “não é legitima”

 

O Governo ucraniano já assegurou que está disponível para dialogar com as autoridades regionais e com as forças políticas do leste do país, a fim de resolver a actual crise, mas deixou claro que se recusa a dialogar com “terroristas”, nome atribuído pelo executivo aos separatistas pró-russos. “A prioridade absoluta do Governo da Ucrânia é um diálogo nacional com a participação das forças políticas, representantes regionais e povo”, afirmou o ministro ucraniano dos Assuntos Estrangeiros em comunicado. “Mas o diálogo é impossível e impensável com terroristas”, sublinhou.

 

A União Europeia também já reagiu às declarações dos activistas que reafirmaram a realização do referendo no domingo, dizendo que a consulta não tem “nenhuma legitimidade democrática”. A instituição voltou a pedir à Rússia que exerça influência junto dos activistas a fim de evitar o agravamento da situação vivida no Leste da Ucrânia. “Enfatizamos com firmeza que tal referendo não deve ter lugar nem dia 11 de Maio nem em qualquer data posterior. A UE apoia a integridade territorial da Ucrânia e tais referendos não autorizados não tem nenhuma legitimidade democrática e só conduzem a uma escalada de tensões”, manifestou em conferência de imprensa a porta-voz da Alto Representante para a Política Exterior e de Segurança Comum, Maja Kocijancic.

 

Do outro lado da questão, o Kremlin limitou-se a afirmar que precisa de “analisar a situação” da decisão de seguir com o referendo. “Primeiro, Kiev disse que não iria por fim a sua acção punitiva”, assinalou o representante do Kremlin, Dimitri Peskov, referindo-se à operação do Governo ucraniano para acabar com os activistas no Leste do país. “Depois, declararam que o referendo não será adiado. Há pouca informação por agora, necessitamos de fazer uma análise adicional”, acrescentou.

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