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PSL reage a Bolsonaro e ameaça pedir auditoria às contas da campanha presidencial

O Partido Social Liberal está em guerra aberta com o presidente do Brasil.

12 de Outubro de 2019 às 17:34
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Em resposta ao pedido de Jair Bolsonaro (na foto) para a realização de uma auditoria externa às contas do Partido Social Liberal (PSL) – através do qual chegou à presidência –, os líderes do partido presidencial ameaçaram retaliar contra o chefe de Estado na mesma moeda.


Os dirigentes do PSL, que preferem o sigilo até que uma posição oficial seja anunciada, avançaram ontem aos jornalistas que se Bolsonaro insistir na auditoria às contas do partido, este também irá solicitar uma auditoria, mas, dessa feita, às contas da campanha presidencial que elegeu o governante que agora se virou contra o próprio partido.

 

Após uma reunião em Brasília com outros líderes do partido, Luciano Bivar – presidente do PSL e a quem Jair Bolsonaro e os filhos Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro tentam tirar do cargo para assumirem o seu controlo interno –, declarou que a iniciativa do Presidente da República é uma "decisão terminal" que o afasta definitivamente da sigla que o elegeu.

 

Bivar anunciou ainda a convocação de um congresso extraordinário do PSL, onde vai tentar renovar os diretórios nacional e regionais, tirando poder ao clã Bolsonaro.

 

Entretanto, as retaliações já começaram. Quatro deputados federais do PSL que apoiaram o pedido de auditoria feito por Bolsonaro e que ocupavam cargos em comissões do Congresso foram destituídos sumariamente dessas funções pelo partido, e a advogada que durante toda a a campanha presidencial assessorou e defendeu Jair Bolsonaro foi demitida.

 

Bivar chegou a ameaçar tirar também do cargo um dos filhos de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, para a qual foi indicado pelo PSL. Jair Bolsonaro respondeu através do Twitter que se Bivar se atrever a destituir Eduardo, nunca se saberá a reação do presidente da República, pois o que dirá numa situação dessas é absolutamente impublicável.


A inesperada guerra interna dentro do PSL, o único partido formalmente na base presidencial, pois nenhum dos outros 34 representados no Congresso, mesmo os que apoiam normalmente o presidente, aceitaram fazer parte da base do governo, começou terça-feira após a divulgação de um diálogo do chefe de Estado com um filiado ao partido que pretende candidatar-se a um cargo nas municipais do próximo ano.

 

Sussurrando ao ouvido do simpatizante, que o interpelou à saída da residência oficial da presidência em Brasília e lhe disse que iria ser candidato pelo PSL com a ajuda de Bivar, Bolsonaro, pedindo para a conversa não ser divulgada, aconselhou o aliado a "esquecer" o PSL e, mais ainda, a "esquecer" Bivar, que, segundo o presidente, "está queimado" politicamente.

 

O curto áudio tomou conta das manchetes rapidamente e a reação dentro do PSL foi imediata e igualmente agressiva. O líder da bancada do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir, afirmou alto e bom som que se Luciano Bivar está "queimado", Jair Bolsonaro está "carbonizado", e evocou as constrangedoras suspeitas de corrupção surgidas contra Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro e as investigações sobre Fake News e desvio de recursos de campanha através de candidaturas fantasmas que podem atingir o presidente da República.

Bolsonaro, em reação, determinou que aliados peçam uma auditoria às contas do PSL, numa tentativa de encontrar irregularidades e conseguir expulsar Bivar e assumir o comando do partido, o seu projecto desde o início da campanha presidencial mas que não tem dado certo.

 

Bivar respondeu no mesmo tom e uma vistoria mais detalhada às contas das presidenciais pode acarretar problemas para o próprio presidente.

 

Na verdade, a disputa interna no PSL, incendiada pelos filhos de Bolsonaro, é uma guerra verdadeiramente fraticida e suicida. O PSL, que era um partido insignificante mas cresceu meteoricamente de 1 para 53 deputados nas eleições do ano passado graças à inesperada e avassaladora popularidade de então de Bolsonaro, pode ficar reduzido a metade ou menos se, como já se aventa, o presidente deixar o partido.

 

Mas Jair Bolsonaro, que na sua tumultuada trajetória política já está no nono partido, também tem muito a perder. O PSL foi o único que na altura aceitou deixá-lo ser candidato, pois mais nenhum partido acreditava na vitória do polémico ex-capitão do Exército, e se a sigla for destruída ou fragmentada o governo perde ao menos uma importante parcela do já reduzido apoio incondicional de que ainda dispõe.

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