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PS pede à polícia que não se deixe instrumentalizar. PSD culpa Governo por "erro imperdoável"
Na comissão permanente, Joana Sá Pereira apelou às forças de segurança para que não se deixem instrumentalizar por quem quer "criar e semear o caos para a seguir exigir a ordem". PSD responsabilizar Executivo socialista pela insatisfação, mas pede que não seja violada a lei nos protestos.
O PS apelou esta quarta-feira às forças de segurança que não se deixem instrumentalizar por aqueles que defendem uma estratégia de "criar e semear o caos para a seguir exigir a ordem" e a quem é útil a "imagem de desordem social e caos nas ruas". O PSD diz que o que se passa nas forças de segurança "é muito grave e não pode ser silenciado", mas ressalva que isto não dá "direito aos agentes das forças de segurança de violarem a lei". Miranda Sarmento acusa também Pedro Nuno Santos de "alheamento da realidade e de um eleitoralismo fácil".
Nas declarações políticas da reunião da Comissão Permanente, no Parlamento, a deputada socialista Joana Sá Pereira concentrou a sua intervenção nos protestos das forças de segurança. Tal como o ministro da Administração Interna já havia feito, a deputada lembrou as limitações do Governo em gestão, que o impedem de "assumir encargos de caráter permanente para não condicionar a gestão seguinte".
A deputada diz ter "interrogações" quanto ao propósito destes protestos, uma vez que é impossível "decidir aquilo que se pretende que seja decidido", e questiona-se sobre a "quem serve a disseminação de uma imagem de desordem social e caos nas ruas neste exato momento".
"A estratégia de instrumentalização das forças de segurança é conhecida e o guião foi seguido à linha nos Estados Unidos e no Brasil, como alguém recordava: criar e semear o caos para a seguir exigir a ordem. Servem-se destes profissionais para aproveitamento exclusivamente político e para impor um outro modelo de país que semeie e cultiva o uso da força para apaziguamento social", afirmou a socialista.
A deputada defendeu que as forças de segurança merecem "profundo respeito", mas que "uma coisa é o direito legítimo à manifestação, outra coisa são comportamentos que atentam contra valores constitucionais e contra deveres essenciais das forças de segurança".
PSD também condena excesso, mas culpa Governo
Na sua intervenção, Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar dos sociais-democratas, culpou o Governo e a sua "falta de autoridade" pelo descontentamento das forças de segurança por ter deixado "degradar as condições materiais de remuneração" destes profissionais e por "de forma inexplicável" ter criado uma "desigualdade enorme com o aumento do suplemento de missão da PJ".
"O primeiro-ministro tem ainda de dar explicações do porquê deste tratamento diferenciado. Uma decisão que nem pelo Conselho de Ministros passou. E se António Costa não esclarece o porquê desta decisão, terá então de ser Pedro Nuno Santos, como secretário-geral do PS, do partido que suporta ainda este governo, a esclarecer esta medida. Mais uma postura de arrogância, silêncio e de indiferença do PS", atirou o deputado do PSD.
Ainda assim, Miranda Sarmento deixou a ressalva de que a reação dos agentes das forças de segurança "apesar de legítima", o "erro imperdoável do Governo" não dá o direito aos agentes de "violarem a lei, criarem indisciplina e provocarem um sentimento de insegurança na população". "Muito menos é admissível fazer ameaças de boicote às eleições de 10 de março. Num Estado de direito, ninguém está acima da lei", acrescentou.
No início da sua intervenção, Miranda Sarmento relembrou também o debate eleitoral de Pedro Nuno Santos frente a Rui Rocha, criticando a sua "altivez e arrogância sobre o Estado e os serviços públicos" quando questionou o oponente sobre o que não funcionava no país.
"Uma expressão que só pode resultar de um total alheamento da realidade e de um eleitoralismo fácil. Podíamos elencar o muito que, em Portugal, depois de oito anos de governo do PS, não funciona ou funciona pessimamente", afirmou.