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PS passou do "mel" para o "fel" com os parceiros, acusa BE

O líder parlamentar do BE acusa Costa de "soberba" ao mudar de estratégia em 2018. "O tempo passou e o vento mudou", escreve Pedro Filipe Soares numa altura em que decorrem as negociações para o OE2019.

"Poderá concluir-se que esta [solução] foi um parêntesis na história de um partido centrista", diz Pedro Filipe Soares. Bruno Simão/Negócios
28 de Junho de 2018 às 12:00
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"António Costa virou as costas à geringonça?" É este o título de um artigo de opinião assinado por Pedro Filipe Soares publicado esta quinta-feira no DN. A resposta parece ser sim: "O mel com que a esquerda era tratada passou recentemente a fel", queixa-se o líder parlamentar do Bloco de Esquerda. Para o dirigente bloquista desde o início do ano que Costa "parece agastado". 

No artigo de opinião, Pedro Filipe Soares recorda os primeiros dois anos de "geringonça", termo que "rapidamente foi acarinhada pelo país", argumentando que "o início [da solução política] foi revelador" ao mostrar um "fulgor inicial" em várias matérias. "Mas o tempo passou e o vento mudou, nomeadamente na transição para 2018", escreve o bloquista. 

Para Pedro Filipe Soares foi no início deste ano que o primeiro-ministro, António Costa, começou a parecer "agastado" - ou seja, irritado - com a actual solução política. O líder parlamentar do BE vai mais longe, referindo que tendo em conta o congresso do PS "poderá concluir-se que esta [solução] foi um parêntesis na história de um partido centrista". 

O bloquista acusa indirectamente Costa de "soberba" por pensar que tem o BE e o PCP "no bolso", assim como o eleitorado de esquerda e, consequentemente, o último Orçamento do Estado da legislatura. "A política foi transformada em jogo de xadrez e Costa apostou no centro para a maioria absoluta angustiadamente desejada", escreve Pedro Filipe Soares, referindo que a eleição de Rui Rio para líder do PSD abriu a porta a essa estratégia.

Contudo, para os bloquistas, "deslumbrado, Costa nem percebeu que esse era um presente envenenado, que serve mais para legitimar um PSD moribundo do que para beneficiar o PS". 

Em conclusão, o líder parlamentar do Bloco conclui que "o mel com que a esquerda era tratada passou recentemente a fel". Ou seja, amargor ou mau humor. Um ataque do BE à posição dos socialistas, nomeadamente no pacote de combate à precariedade, que surge pouco depois das negociações para o OE2019 terem arrancado.

Galamba: BE e PCP estão a provocar "crises artificiais"

Para o ex-porta-voz do Partido Socialista os partidos à esquerda estão a provocar "crises artificiais" porque "precisam dessas linhas [de divergência] com o PS para se apresentarem de forma autónoma às eleições". Em entrevista ao Público e à Renascença, João Galamba assinalou que "todos os partidos vão querer salientar as suas marcas distintivas".

"É natural que o BE e o PCP tentem empolar um pouco divergências que sempre existiram com o PS, que são naturais e não são obstáculo a que se chegue a compromissos", afirma o deputado socialista, dando como exemplo o acordo de concertação social por ser o "mais à esquerda desde os anos 80".

Para Galamba não há razões para que bloquistas e comunistas não o aprovem no Parlamento. "Se houver partidos que estão mais interessados neste momento, ao contrário do que aconteceu neste três anos, em hipervalorizar as diferenças e torná-las quase como único referencial relevante neste ano que falta para as eleições...", referiu, para depois dizer que "estão na sua legitimidade para o fazer". 

(Notícia actualizada às 12h57)
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