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PS: Liderança de Passos está aquém de um partido como o PSD  

A secretária-geral adjunta do PS considera que a liderança de Pedro Passos Coelho está "aquém" das exigências democráticas do PSD e rejeita que a estabilidade governativa fique ameaçada por um eventual mau resultado eleitoral autárquico da CDU.

Miguel Baltazar
05 de Maio de 2017 às 07:44
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Estas posições foram transmitidas por Ana Catarina Mendes em entrevista à agência Lusa, na qual define o PSD como o principal adversário do PS nas próximas eleições autárquicas, mas em que rejeita tanto a existência de um "pacto de não agressão" com o PCP em concelhos de maioria CDU, como a ideia de que um bom resultado eleitoral da CDU é essencial para a estabilidade governativa.

 

Interrogada se o PS espera uma mudança na liderança do PSD após as eleições autárquicas, a "número dois" da direcção do PS alegou em primeiro lugar que não deve falar sobre eventuais alterações nas lideranças de outros partidos.

 

"Acho apenas, no que respeita à avaliação da liderança do doutor Pedro Passos Coelho na oposição, que tem sido uma liderança aquém de um partido como o PSD. É um líder amarrado ao passado, sem visão de futuro e que atua muito ao sabor da espuma dos dias sem qualquer convicção profunda sobre as mudanças de que Portugal está a beneficiar neste momento", afirmou.

 

Se a direcção dos socialistas prefere uma liderança do PSD mais dialogante e politicamente mais ao centro, Ana Catarina Mendes não deu resposta directa, apenas deixando o aviso de que "é bom olharmos para o que se passa na Europa e sobre o que está a acontecer a muitos partidos tradicionais".

 

"Os partidos fortes fazem democracias fortes, tanto na oposição, como no Governo. Como temos provado, em democracia é sempre possível a ponte através do diálogo. Sempre que nos concentramos no interesse nacional isso é benéfico para os portugueses", justificou.

 

Questionada se um bom resultado eleitoral da CDU nas próximas eleições autárquicas é uma condição importante para que haja estabilidade governativa até 2019, a secretária-geral adjunta do PS rejeitou essa tese.

 

"É importante que todas as forças políticas concorram às eleições autárquicas sem estados de alma, cada qual com a convicção de que está a apresentar os melhores projectos em cada um dos concelhos do país. Tenho a tranquilidade suficiente para acreditar que uma coisa é a governação do país e a solução que foi encontrada - que acredito que durará quatro anos, até ao fim da legislatura - e outra coisa será a disputa das eleições autárquicas", sustentou.

 

Confrontada com a ideia de que o PS não apostará prioritariamente na conquista de municípios de maioria actual da CDU, Ana Catarina Mendes negou.

 

"Não deve haver nem pactos, nem agressão, mas, simplesmente, deve haver a noção de que aquilo que está em questão são diferentes projectos para cada um dos municípios. Não deixámos de apresentar candidaturas em nenhum concelho de maioria CDU. Candidatamo-nos aos 308 concelhos do país para ganhar", concluiu.

 

Costa em campanha em todos os distritos

 

O secretário-geral do PS vai estar em todos os distritos do país na campanha das autárquicas e o objectivo eleitoral dos socialistas é ser novamente o partido com maior número de presidências de Câmara e de freguesias.

 

Estas posições sobre a forma de participação de António Costa na campanha autárquica e sobre a meta eleitoral dos socialistas no ato eleitoral de 1 de Outubro próximo foram assumidas pela secretária-geral adjunta dos socialistas, Ana Catarina Mendes, em entrevista à agência Lusa, na véspera da Convenção Nacional do PS, que juntará no sábado, em Lisboa, cerca de mil participantes, na sua maioria autarcas.

 

"Vamos levar à Convenção Autárquica do PS uma carta de princípios dos autarcas socialistas - documento que foi debatido ao longo dos últimos meses em todas as estruturas e que está agora pronto para ser aprovado", declarou a "número dois" da direcção dos socialistas, antes de se referir aos objectivos eleitorais do seu partido nas próximas eleições autárquicas.

 

"O PS é actualmente a força partidária mais votada em todas as autarquias e pretende continuar a sê-lo, garantindo a presidência da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE)", afirmou Ana Catarina Mendes.

 

Interrogada se, com esta meta, o PS não está a baixar a fasquia em relação ao resultado que obteve nas eleições autárquicas de 2013, em que conquistou 150 presidências de Câmara, Ana Catarina Mendes argumentou que "em democracia vence a força mais votada" e que "até ao momento da contagem de votos tudo é possível".

 

"Prefiro concentrar-me na escolha dos melhores projectos e dos melhores protagonistas em cada um dos 308 municípios", disse, salientando, em seguida, que o PS "já escolheu todos" os candidatos a presidentes de Câmara.

 

"Foi um processo tranquilo nas nossas estruturas, em que os critérios definidos no último congresso nacional foram cumpridos. Temos um partido mobilizado para disputar as eleições", defendeu, especificando, depois, que o PS só não terá listas próprias em três municípios: Porto, Funchal e Satão.

 

Sobre o papel que será desempenhado por António Costa na campanha das autárquicas, a "número dois" da direcção dos socialistas adiantou que "o secretário-geral do PS estará presente em todos os distritos em campanha eleitoral, ajudando os candidatos" do seu partido.

 

Confrontada com a acusação de a actual direcção do PS ser centralista, já que impôs às estruturas locais o princípios da recandidatura dos presidentes de Câmara socialistas com menos de três mandatos, Ana Catarina Mendes recusou essa crítica e alegou que a aprovação dos critérios foi feita no último congresso nacional.

 

"Não há espaço mais democrático no PS do que o seu congresso, onde participam todas as estruturas. Os dois processos que foram avocados [Barcelos e Fafe, ambos no distrito de Braga] resultaram de divergências no interior das respectivas concelhias. Estou absolutamente tranquila, porque a esmagadora maioria das escolhas feitas pelas estruturas foi respeitada pela direção nacional", justificou. 

 

No plano político, Ana Catarina Mendes sustentou que o próximo mandato autárquico vai ser marcado pela execução do actual processo de descentralização e desvalorizou os atrasos registados no parlamento na aprovação do pacote legislativo do Governo.

 

"Uma transformação da dimensão daquela que está a ser preparada pelo Governo exige que se ouça o maior número de entidades possível. Estou confiante de que a descentralização será um processo desta legislatura e que o próximo ciclo autárquico já decorrerá sob a égide da descentralização", declarou.

 

Nas próximas eleições autárquicas, em termos de projecto político, segundo Ana Catarina Mendes, o PS vai defender como princípio basilar a tese de que o Poder Local "deve ser espaço de democracia, de transparência e de promoção coesão territorial e social".

 

"Creio que a descentralização trará maior democracia. Se houver maior descentralização de competências, haverá também maior responsabilização dos eleitos locais e, por essa via, a desculpa de que tudo é responsabilidade do Governo deixará de existir", frisou.

 

Por outro lado, de acordo com a secretária-geral adjunta do PS, na sequência das próximas eleições autárquicas, os socialistas terão a possibilidade de "mudar - mudar para aquilo que vai ser o Poder Local do futuro".

 

Ao nível dos centros urbanos, Ana Catarina Mendes advogou que a agenda "convoca os autarcas para respostas aos desafios das alterações climáticas ou da inovação social e económica (por exemplo, as startups)", bem como da "captação de investimento".

 

"A nossa convenção debaterá igualmente a questão dos direitos sociais, que, em primeiro lugar, são responsabilidade das autarquias e não apenas do Governo. Uma política de habitação, por exemplo, é um direito fundamental dos cidadãos e que tem de ser olhada com outra visão por parte dos nossos autarcas", apontou, referindo ainda como desafios dos municípios as questões da cultura e da educação.

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