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PS aprova por larga maioria critérios para escolha dos deputados e rejeita primárias
A Comissão Nacional do PS aprovou esta noite, por larga maioria, o conjunto de critérios proposto pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, para a escolha de candidatos a deputados nas eleições legislativas.
Numa reunião que durou cerca de três horas e que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa, a proposta de critérios para a escolha de candidatos a deputados - processo que encerrará no dia 23 de julho com a aprovação definitiva das listas - teve apenas 14 votos contra.
Outra resolução tomada na reunião foi o chumbo da proposta apresentada pela corrente minoritária liderada pelo dirigente socialista Daniel Adrião (na foto) no sentido de o PS recorrer a eleições primárias (abertas a todos os cidadãos) para designar os seus candidatos a deputados às próximas eleições legislativas. Esta proposta teve só 23 votos favoráveis.
Perante os jornalistas, Ana Catarina Mendes destacou como critérios essenciais "a abertura das listas de candidatos à sociedade civil e deverem ser tendencialmente paritárias", ou seja, constituídas por igual número e de mulheres.
Por imposição legal, na composição das listas de candidatos, o PS terá de cumprir a regra segundo a qual cada um dos géneros terá de possuir uma representação mínima de 40%.
"Queremos que haja uma maior participação de mulheres na vida política. Consideramos que isso é muito importante", reforçou a secretária-geral adjunta dos socialistas.
Em relação ao perfil dos candidatos a deputados do PS, Ana Catarina Mendes classificou como desejável "a escolha de gente empenhada e comprometida com um projeto para a sociedade portuguesa".
"É preciso que cada candidato seja representativo de um dos diversos setores da sociedade e possa contribuir para defender e melhorar o Estado social. Deve ter também em atenção uma agenda absolutamente premente para Portugal nos próximos anos: enfrentar os desafios das alterações climáticas", disse.
Interrogada sobre qual será a orientação do PS em relação a candidatos a deputados com problemas judiciais, Ana Catarina Mendes alegou que "essa questão está há muitos anos definida" no seu partido. "Além dos critérios que apontei, temos o compromisso de ética que foi assinado há quatro anos pelos nossos candidatos e que voltará a ser por eles assinado", acrescentou.
No final da reunião da Comissão Nacional do PS, o secretário-geral socialista, António Costa, não falou aos jornalistas.
No entanto, segundo fontes socialistas, António Costa explicou os motivos de não aceitar agora a realização de eleições primárias para a escolha dos candidatos a deputados.
O líder socialista defendeu que o recurso a este método, que abre o ato eleitoral à generalidade dos cidadãos, não pode ser meramente processual e só deve ser feito "em momentos substanciais" no plano político, "com importante disputa" em termos de projetos.
Daniel Adrião, em declarações aos jornalistas, rejeitou esta linha de argumentação e considerou "inaceitável" a atuação de António Costa em matéria de eleições primárias.
"António Costa foi eleito [pela primeira vez] em primárias [em setembro de 2014 contra o então líder António José Seguro]. Por isso, tinha a obrigação de dar a outros a oportunidade que teve quando usufruiu desse mecanismo, um mecanismo que está previsto nos estatutos", sustentou.
Daniel Adrião defendeu ainda que o PS, ao rejeitar eleições primárias, "perde mais uma oportunidade política, não travando o crescente divórcio entre cidadãos e partidos". "Nas últimas eleições europeias, apenas 24% dos cidadãos votaram em partidos", advogou este dirigente socialista.