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PEV defende que 45 anos depois "ainda está tanto por cumprir"
A deputada Heloísa Apolónia, do partido Ecologista "Os Verdes", (PEV) defendeu hoje que 45 anos depois da revolução dos cravos "ainda está tanto por cumprir" e pediu aos eleitores que vão votar e não se rendam ao conformismo.
Falando na Assembleia da República, em Lisboa, na sessão solene que comemora o 45.º aniversário do 25 de Abril de 1974, a deputada afirmou que "a revolução dos cravos foi apenas o início, o princípio de uma caminhada coletiva", salientando que "45 anos depois ainda está tanto por cumprir".
"E, em bom rigor, o muito que falta fazer não abafa a certeza de que as conquistas feitas precisam de ser cuidadas e preservadas, porque nada está eterna e intocavelmente conquistado", considerou.
Lembrando que este ano se disputam três atos eleitorais -- europeias, regionais na Madeira e legislativas -, Heloísa Apolónia notou que "nas primeiras eleições livres, onde mulheres e homens ganharam o direito de decidir os destinos coletivos, a taxa de participação ultrapassou os 90%".
"Abdicar desse direito de votar, que custou a conquistar, é uma rendição ao conformismo, é deixar nas mãos dos outros a decisão, quando a verdade é que cada voto conta para fazer a diferença e determinar a correlação de forças políticas", defendeu.
Quando ao que ainda falta fazer, a eleita do PEV apontou que, "quando por esse mundo e por essa Europa fora, a intolerância rasga solidariedades necessárias, gerando desumanidades inconcebíveis, quando se exalta o medo e se exaltam rancores onde a extrema-direita e o reacionarismo ganham espaço, a responsabilidade de agir pela solidariedade e pela democracia, solidificando-as, torna-se mais e mais emergente".
"É um sentido pleno de se afirmar: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", sublinhou.
Heloísa Apolónia pediu, então, aos "filhos de Abril" que "defendam os valores supremos e magnânimos desse Abril, como a liberdade, a igualdade, a solidariedade, a justiça, a democracia, o desenvolvimento", acrescentando ser necessário garantir que "as gerações vindouras não ficarão diminuídas desses pilares que genuinamente sustentaram a festa da libertação de um povo inteiro".
"Somos muitos os que trazemos Abril cravado na luta de todos os dias. Precisamos de ser mais, ainda mais, os ativistas de Abril, os construtores dos avanços sociais e ambientais, nunca com retrocessos, nem com avanços e recuos consecutivos, aos soluços, de quem deseja, mas não ousa, enfrentar o sistema e os grandes interesses instalados", assinalou.
Para o PEV, "é preciso avançar com a audácia e a responsabilidade de quem acredita que a política é traiçoeira quando se sustenta nos interesses dos banqueiros agiotas, ou quando molda o mercado ao sabor dos interesses das multinacionais que ferram o dente no que for preciso para liquidar a soberania dos povos".
A deputada defendeu também que é preciso "avançar com a audácia e responsabilidade de quem acredita que a política só tem sentido quando realiza o respeito por um povo total e a felicidade dos cidadãos".
Por isso, continuou, foi objetivo do PEV "quebrar um ciclo de massacre social do anterior Governo, para restituir dignidade aos cidadãos, para combater os níveis de pobreza e de desemprego, para assegurar mais segurança ambiental, para inverter a lógica de desinvestimento em setores por demais importantes, para gerar melhores condições de vida, para fazer da imensa esperança de Abril o motor de melhores realizações sociais, ambientais e económicas".
"É para isso que o Partido Ecologista 'Os Verdes' luta todos os dias, foi nisso que nos empenhámos, ativa e positivamente, na Assembleia da República, na presente legislatura", declarou, acrescentando que o partido ergue "bandeiras de transformação, para garantir mais sustentabilidade no desenvolvimento necessário, levando a que os discursos laudatórios se convertessem em medidas concretas".