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PCP recusa consensos com um PSD que quer "andar para trás"
O secretário-geral do PCP recusou hoje consensos com o PSD, ao qual atribuiu a intenção de "andar para trás" na saúde, na educação ou na segurança social e de querer acabar com os avanços e conquistas alcançados.
"Consensos para quê?", questionou Jerónimo de Sousa, acrescentando: "Para privatizar mais na área da saúde, para proceder a cortes na segurança social, para alterar o regime democrático através de alterações e produtos de secretaria em relação a eleições?".
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas à margem do concerto de solidariedade para os trabalhadores da ex-Triumph, em Loures, e a propósito do discurso do líder do PSD, Rui Rio, no encerramento do congresso do partido.
Nessa intervenção, Rui Rio defendeu o entendimento entre os partidos e prometeu uma "cooperação institucional séria e leal" com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Rui Rio lembrou a importância do "diálogo entre partidos" e os "entendimentos em matérias de soberania", como a política externa, forças armadas ou política europeia.
Para Jerónimo de Sousa, o apelo para os consensos nunca é concretizado.
"Quando forem ao concreto, o povo português perceberá. Para aí não há consenso da parte do PCP, que está empenhado em combater os atrasos, os constrangimentos", afirmou.
Jerónimo de Sousa reconheceu que Portugal tem "problemas de fundo" na economia, défices estruturais, desde energéticos, na produção nacional, mesmo demográficos.
"Temos de encontrar respostas para estes problemas de fundo, mas não é a andar para trás, como claramente indica este congresso do PSD", disse.
Sobre o congresso que hoje terminou, o líder do PCP disse que o que ressalta é "o esforço de branqueamento por parte do PSD para tentar livrar-se do lastro de responsabilidades pelo mal que causou aos trabalhadores, reformados, pensionistas, pequenos e médios empresários, ao país com aquela política desgraçada dos cortes, da eliminação de direitos".
"Quis pôr o conta-quilómetros a zero, mas depressa se notou, nas suas intervenções de abertura e de encerramento, a continuação de uma tentativa de ajuste de contas particularmente com o que constituiu um avanço, uma conquista, a reposição de rendimentos e direitos que tinham sido extorquidos pelo governo anterior", considerou.
Sobre alegadas acusações de que estes avanços servem apenas clientelas, Jerónimo de Sousa classificou a ideia de "peregrina".
"Clientela, quando o que sabemos é a reposição de salários, de subsídios de desemprego, de aumento de reformas e pensões congeladas e cortadas? São estes os clientes? Os trabalhadores, os reformados e pensionistas, as pessoas com deficiência, todos os que viram de certa forma algum progresso e avanço nas suas vidas?", questionou.
Para Jerónimo de Sousa, este é "um mau sinal" e "significa que, caso o PSD regressasse ao poder, faria o ajuste de contas com esses avanços e conquistas alcançadas".