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Passos: Críticas à operação da troca de dívida são “miopia partidária”
O primeiro-ministro frisou que não tenciona colocar o seu lugar à disposição no curto prazo, pelo que apresentará em breve a sua recandidatura.Questionado sobre a avaliação da troika de que os salários no privado ainda serão elevados, Passos Coelhorespondeu que o sector já sofreu um “ajustamento bastante acentuado” e que não lhe parece que haja necessidade de dar um “impulso estrutural maior” nesta área da economia.
O primeiro-ministro defendeu nesta quarta-feira que a operação de troca de dívida pública realizada na véspera “melhora a perspectiva de Portugal regressar aos mercados", considerando que “só a miopia partidária pode impedir reconhecer que este trabalho tem de ser feito e está a ser feito em condições que são boas”.
Na operação conduzida nesta terça-feira, 3 de Dezembro, pelo IGCP (instituto que gere a dívida pública), os investidores aceitaram trocar mais de 6,6 mil milhões de euros em dívida que se vencia em 2014 e 2015 por títulos que serão reembolsados em 2017 e 2018, a troco de taxas que o Executivo considerou "competitivas face aos juros da dívida portuguesa no mercado, nos diferentes prazos".
Falando à saída do Parlamento, onde se realizou uma sessão evocativa do antigo primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e do antigo ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, que morreram em 4 de Dezembro de 1980, o primeiro-ministro foi também questionado pelos jornalistas sobre a nova avaliação da troika, que começou nesta quarta-feira. Em particular sobre se considerava que os salários no sector público estarão ainda elevados, como parece ser ainda a opinião do FMI.
Pedro Passos Coelho começou por afirmar que não cabe ao Estado nem ao Governo cortar salários no privado, mas acabou por sinalizar que discorda da troika, ao afirmar que o sector privado sofreu “ajustamento bastante acentuado, rápido e intenso” e que não lhe parece que haja necessidade de dar um “impulso estrutural maior” nesta área da economia.
Sobre os movimentos no PSD para desafiar a sua liderança, o primeiro-ministro disse não estar preocupado e que os encara com naturalidade, embora tenha frisado que “não tenciono colocar o meu lugar à disposição no curto prazo”, pelo que apresentará em breve a sua recandidatura.
No Parlamento, durante o discurso em que recordou o papel de Sá Carneiro e de Amaro da Costa e a proximidade do 40º aniversário da Revolução de Abril, o primeiro-ministro chamou à atenção para a necessidade de não poder dar-se por adquirido o pluralismo e a democracia, e para as ameaças populistas e demagógicas que poderão ensombrar as eleições europeias, agendadas para Maio do próximo ano. “Então, como hoje, muito se exige de nós para garantir o pluralismo, a democracia e as condições de progresso”.
Num recado ao PS, Passos Coelho insistiu, por outro lado, na necessidade de consensos relativamente à necessidade de controlar o grau de endividamento para que o país não volte a correr o risco de mergulhar numa situação como a actual, em que perdeu “tanta autonomia”, e se veja de novo obrigado a “limitar a vida e as perspectivas de futuro daqueles que nos vão seguir”.