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Palestinianos têm 24 horas para deixar Gaza com milhares de soldados israelitas "à porta"

O conflito de décadas deu início a uma guerra aberta depois de um ataque terrestre, marítimo e aéreo lançado pelo grupo Hamas contra Israel. ONU pede a país liderado por Benjamin Netanyahu que volte atrás naquilo que aparenta ser uma invasão terrestre iminente.

Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
Sílvia Abreu silviaabreu@negocios.pt 13 de Outubro de 2023 às 12:16
Israel deu 24 horas aos civis na Faixa de Gaza para deixarem o norte da região. O pedido foi feito na madrugada desta sexta-feira por um porta-voz das forças armadas israelitas, que, num vídeo difundido na rede social "X", sinalizou o início de uma operação "nos próximos dias".

O apelo, segundo o porta-voz israelita, visa "diminuir o número de vítimas civis" da guerra em curso. Israel mobilizou cerca de 300 mil reservistas e tem centenas de tanques e milhares de soldados "à porta" de Gaza, de acordo com os meios locais. Até à data, a escalada de tensão já fez milhares de vítimas e feridos, em ambos os lados.

Mas responder a esse pedido, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) é "impossível". "A ONU considera impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras", afirmou a organização, que tem António Guterres como secretário-geral, apelando às tropas israelitas que voltem atrás naquilo que aparenta ser uma invasão terrestre iminente. No total, segundo a organização, seria necessário deslocalizar 1,1 milhões de pessoas no espaço de um dia.

O pedido de Israel rapidamente teve resposta do grupo islâmico Hamas, que é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia (UE) e Reino Unido. O grupo pediu aos residentes de Gaza que não deixem as suas casas, acusando Israel de levar a cabo uma "guerra psicológica".

O conflito entre Israel e o grupo Hamas, que tem já décadas de história, escalou no passado sábado, dia em que o grupo de militantes lançou um ataque terrestre, marítimo e aéreo sem precedentes contra o país liderado por Benjamin Netanyahu a partir da Faixa de Gaza e fez dezenas de reféns. Não demorou até que Israel declarasse guerra e um "cerco total" à Faixa de Gaza, cortando eletricidade, água e comida à localidade, onde vivem cerca de 2,3 milhões de palestinianos. 

A região está sob bloqueio israelita desde 2007, pelo que o corte por parte de Israel terá, segundo as organizações humanitárias, efeitos terríveis. 

Os efeitos desta escalada de conflito estão a alastrar-se a outros países, após uma convocação internacional do "Dia da raiva" pelo Hamas. O grupo instou todos os apoiantes pelo mundo que "saiam à rua e agridam israelitas e judeus", segundo The Jerusalem Post, o que levou o Conselho de Segurança Nacional e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel a apelarem aos israelitas que estejam em alerta.



Turquia insta Ocidente a amenizar tensões

A escalada de conflito tem centrado as atenções dos países, com o Ocidente a condenar o ataque levado a cabo pelo Hamas. A União Europeia reconheceu "o direito de defesa" de Israel e os Estados Unidos manifestaram o seu apoio incondicional  e disponibilidade para fornecer "munições e intercetores".


A Comissão Europeia chamou a Turquia, que condenou o envio de armas pelos EUA para Israel, a tomar uma posição "inequívoca" sobre o ataque lançado pelo Hamas, tendo esta sexta-feira o vice-presidente de Bruxelas reforçado esse apelo. 

"A Turquia tem agora de escolher de que lado da história quer estar, se com a UE, a NATO, com os nossos valores (...) ou com Moscovo, Teerão, o Hamas e o Hezbollah. O momento de responder a esta pergunta é agora. A forma como a resposta é formulada é importante e deve ser inequívoca", afirmou Margaritis Schinas, num discurso esta sexta-feira proferido na segunda edição da Conferência do Mediterrâneo Oriental e do Sudeste Europeu.

O país presidido por Recep Erdogan está a posicionar-se como mediador e esta sexta-feira afirmou, numa conversa com o homólogo francês, Emmanuel Macron, que os países do Ocidente devem agir para reduzir a tensão e "afastar-se de esforços que não sirvam a paz".

As atenções estão também sobre como irá agir o Irão - que não reconhece o Estado israelita -, que saudou o ataque do Hamas, dizendo que o país "apoia a autodefesa da nação palestiniana". Contudo, negou qualquer envolvimento no mesmo, apesar das ligações que são apontadas ao fornecimento de armas e dinheiro ao grupo.

Numa comunicação feita esta sexta-feira, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, deixou uma mensagem aos Estados Unidos e todos os países que apoiam Israel. "Devem saber que são complacentes com a injustiça dos crimes cometidos pelo regime sionista".



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