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Montenegro: "Não defendemos a queda do Governo" neste momento

A conferência de líderes agendou para quinta-feira o debate e votação da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal.

Luís Montenegro tomou posse como líder do PSD no início de julho. Intenções de voto subiram 3 pontos.
Ricardo Castela/Lusa
03 de Janeiro de 2023 às 22:36
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O presidente do PSD justificou hoje a abstenção na moção de censura da IL ao Governo com o argumento de que o partido não defende a queda do Governo neste momento, sendo necessário respeitar "a vontade dos portugueses".

"Vamos ser todos sérios. A moção de censura apresenta-se para derrubar o Governo. No PSD, decidimos não derrubar o Governo, como podem dizer que esta é uma não decisão? Significa isto que concordamos com o que o Governo está a fazer? Não significa", afirmou Luís Montenegro, no final de uma reunião com um grupo parlamentar de perto de duas horas em que foi anunciado o sentido de voto.

O presidente do PSD voltou a acusar o Governo PS de "incompetência e incapacidade de liderança", mas considerou fundamental respeitar "a vontade popular", recordando que houve eleições legislativas há apenas onze meses.

"Não defendemos, ao contrário do partido promotor da moção, a queda do governo e assumimos isso com toda a frontalidade. O Governo cessar funções agora acrescentaria mais problemas a Portugal", reiterou.

Para Montenegro, "este é o tempo para o Governo governar bem", acrescentando que a população portuguesa não tem hoje como prioridade "mudar de Governo mas que o Governo governe".

O líder do PSD salientou que esta decisão teve "o apoio esmagador" quer da Comissão Política Nacional quer da bancada social-democrata.

"Não houve nenhum deputado que se tivesse expressado em sentido contrário, todos os que intervieram secundaram a posição do presidente do partido e outros, não intervindo, mostraram concordância por falta de intervenção em sentido contrário", disse, questionado se não houve deputados que defenderam o voto favorável em relação à moção da IL.

Montenegro reiterou aos jornalistas, como tinha feito perante os deputados, que "o PSD não é um partido de protesto, mas de Governo". "Entendemos que o Governo está a governar mal (...) Nesta altura, agravar a situação do país com uma crise política é um desrespeito pela vontade do povo há onze meses e um desrespeito pela situação concreta que os portugueses hoje vivem", disse.

O líder do PSD classificou ainda a moção de censura da IL como inconsequente, uma vez que será travada pela maioria absoluta do PS. "O PSD tomou uma decisão, contrariamente ao que muita gente diz: não ficar nem do lado da inconsequência nem do lado da incompetência", ressumou.

Luís Montenegro aproveitou para criticar as declarações de segunda-feira de António Costa, que classificou como "uma lengalenga de quase uma hora", em que tentou explicar as vantagens de dividir em dois o Ministério das Infraestruturas e da Habitação.

"É o argumento mais pífio que já ouvi para fazer uma remodelação, então descobriu nove meses depois? O primeiro-ministro anda desorientado, lamento e espero que rapidamente possa retomar o exercício normal de funções e corresponder à confiança dos portugueses", desejou.

A conferência de líderes agendou para quinta-feira o debate e votação da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal e para quarta-feira o debate de urgência pedido pelo PSD sobre a "Situação política e a crise no Governo".

Estas iniciativas partidárias foram anunciadas na quinta-feira passada, horas depois de ter sido conhecida a demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, a terceira ocorrida no Governo na última semana de dezembro e a décima saída de um membro do executivo socialista de maioria absoluta.
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