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Marcelo evoca Mário Soares como “singular humanista e construtor de portugalidade”
O Presidente da República recordou a “telúrica resistência” e “indómita vontade” de Mário Soares e agradeceu “sua ilimitada coragem e liberdade”. “Fez história sabendo que a fazia”, certificou Marcelo Rebelo de Sousa.
Foi com um discurso carregado de referências literárias e a recordar os feitos dos portugueses que Marcelo Rebelo de Sousa homenageou Mário Soares, no encerramento da sessão evocativa do ex-Presidente, que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos. Marcelo evocou Soares, "à sua maneira, no seu tempo, e no seu modo", como "um singular humanista e construtor de portugalidade".
Marcelo descreveu os Jerónimos como "inspirador lugar" para "evocar e homenagear um homem que fez história sabendo que a fazia, mesmo quando tantos de nós nos recusávamos a reconhecê-lo". "Por isso aqui viemos e aqui estamos hoje com uma saudade feita futuro. Por isso daqui partimos lembrados da sua telúrica resistência, desafiados pela sua indómita vontade, gratos pela sua ilimitada coragem e liberdade".
"Este lugar é aquele que Mário merecia para o nosso inesquecível encontro, porque nestes Jerónimos se convoca a história que ele estudou antes de a fazer, a cultura e o ecumenismo que foi corolário da sua inteligência e liberdade e também humanismo e portugalidade", assinalou Marcelo.
Para Marcelo, Portugal era o "princípio e fim" do desígnio de Mário Soares. Mas um desígnio "aberto, à Europa, seu sonho e sua conquista, aqui conjurada a contribuir para um mundo melhor em 1985", mas também "aberto à comunidade que partilha a mesma língua presente em todos os continentes", bem como "ao mundo ibero-americano que o Atlântico une e projecta". E, por fim, aberto ao "universo, sem limites físicos ou espirituais, ao melhor jeito da nossa portugalidade, ambiciosa, generosa, fraternal".
Mário Soares converteu em "lema de vida" a ode de Ricardo Reis. "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes", recitou Marcelo Rebelo de Sousa. "Assim foi Mário Soares. Assim o recordaremos para sempre. Em nome de Portugal, mas de todo o Portugal, obrigado Mário Soares", finalizou.
A urna de Mário Soares abandonou depois o Mosteiro dos Jerónimos e foi colocada no armão militar, que segue em cortejo até ao Cemitério dos Prazeres, com paragens breves no Palácio de Belém, na Assembleia da República, Fundação Mário Soares e Largo do Rato, na sede do PS.