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Lula condenado, Dilma destituída e Temer acusado: Num ano, a crise política cresce no Brasil

No último ano, o Brasil viveu uma crise política sem precedentes, com o ex-Presidente Lula da Silva condenado, a ex-Presidente Dilma Rousseff destituída e o actual chefe de Estado, Michel Temer, ameaçado por um processo de corrupção.

Dilma Rousseff, discípula de Lula da Silva, chegou ao poder com um país em euforia. Saiu com a classe política arrasada pelo maior escândalo de corrupção do Brasil e a economia de rastos.
Paulo Whitaker/Reuters
13 de Julho de 2017 às 23:38
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Ontem, 12 de Julho, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a uma pena de nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais, tornando-se o primeiro ex-Presidente do Brasil condenado pela Justiça.

 

A sentença aconteceu quando os deputados brasileiros se preparam para decidir o destino do actual Presidente, Michel Temer, cujo mandato está pendurado por um fio porque ele também é acusado de ter supostamente recebido subornos da empresa JBS.

 

O próprio Michel Temer chegou ao poder em 2016, como alternativa perante uma crise política brutal, que culminou com a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, da qual ele era vice-Presidente.

 

Segundo analistas, "há algo de amaldiçoado com o gabinete presidencial no Brasil e, para aumentar a natureza surreal da situação política deste país sul-americano, se a sentença de Lula da Silva for confirmada ele não poderá ser candidato nas presidenciais de 2018, eleição em que é o candidato favorito da população", conforme indicam as últimas sondagens.

 

"A classe política brasileira está em colapso total. Há uma necessidade de renovação, mas ninguém sabe o que substituir", disse à agência AFP Everaldo Moraes, cientista político da Universidade de Brasília (UnB). Os políticos brasileiros "estão todos condenados pela opinião pública", acrescentou.

 

Em plena confusão política, vários especialistas sublinham que a vitória da Justiça e a luta contra a corrupção são aspectos positivos na crise actual do Brasil. "Há um choque entre as práticas da classe política brasileira e as instituições que têm poderes para investigar e que começam a funcionar de forma diferente", afirmou à AFP Michael Mohallem, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

A condenação de Lula da Silva, figura emblemática da resistência à ditadura militar, da luta contra a desigualdade e da promoção do Brasil no cenário internacional, causou fortes reacções no país.

 

Dilma Rousseff também levou milhões de brasileiros às ruas em manifestações a favor e contra seu Governo, até à sua destituição.

 

Agora que está em jogo o destino de Michel Temer, porém, os brasileiros parecem indiferentes e cansados depois de tantos meses de crise. O Presidente Michel Temer tem um índice de popularidade de 7% e dedica a sua energia para salvar o mandato, deixando a impressão de que ninguém detém a derrocada do país.

 

"O Brasil está preso no presente. Nós não somos capazes de imaginar um futuro, porque não temos informação suficiente (...) para descobrir o que vai acontecer no médio prazo", disse Everaldo Moraes, da UnB.

 

A confusão política brasileira também chegou ao Senado (câmara alta) onde o presidente da casa parlamentar, Eunício Oliveira, protagonizou uma cena surreal esta semana. Impedido por senadoras de partidos da oposição de ocupar o seu lugar no dia da votação do projecto de reforma do sistema laboral, ele paralisou a sessão por seis horas e expressou a sua contrariedade cortando a luz e o som da sala, facto que não impediu os manifestantes de realizarem um piquenique na sua mesa. 

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