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Hollande anuncia programa de austeridade para relançar crescimento e emprego

O presidente francês quer reformar o Estado e cortar na despesa para criar folga para baixar a carga fiscal sobre as empresas porque estas são “as únicas capazes de gerar empregos sustentáveis” e o combate ao desemprego é a sua “primeira prioridade”. “É sobre a oferta que temos de agir”. Sobre a sua vida privada, disse que o casal está a atravessar um período difícil e pediu respeito pelo seu direito à privacidade.

Reuters
14 de Janeiro de 2014 às 17:06
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O Presidente francês anunciou nesta terça-feira, 14 de Janeiro, a intenção de fazer uma grande reforma do Estado – nas suas estruturas, funções e prestações –, tendo prometido continuar a cortar na despesa pública (designadamente nos “excessos e abusos” nas prestações sociais e no sector da Saúde) e anular progressivamente os défices orçamentais, de modo a criar margem para baixar impostos para as empresas que são “as únicas capazes de gerar empregos sustentáveis”.

 

“É sobre a oferta que temos de agir”, afirmou François Hollande no discurso inicial da sua terceira grande conferência de imprensa, que decorre no Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa,

Chegou a hora de a França atacar o seu principal problema: a produção. Temos de produzir mais e melhor. É sobre a oferta que temos de agir. Ela depois cria a procura.
 
François Hollande

perante cerca de 600 jornalistas e os principais membros do Governo. “Chegou a hora de a França atacar o seu principal problema: a produção. Temos de produzir mais e melhor. É sobre a oferta que temos de agir. Ela depois cria a procura”.

 

Sobre a sua vida privada - assunto levantado na primeiríssima pergunta, pelo presidente da associação francesa de jornalistas – Hollande assumiu que o casal presidencial está a atravessar um período difícil mas exigiu respeito pela sua privacidade, tendo remetido explicações sobre o estatuto da primeira-dama, a antiga jornalista Valérie Trierweiler, para breve – em todo o caso, antes do dia 11 de Fevereiro, em que iniciará uma visita oficial aos Estados Unidos. “Os assuntos privados tratam-se em privado”, frisou, depois de ter deplorado a revelação do seu caso amoroso com a actriz Julie Gayet. Garantiu ainda que a sua segurança nunca esteve em perigo. “Ninguém se inquiete sobre isso”, respondeu, depois de ter sido questionado sobre as condições em que mantinha os seus encontros com Julie Gayet.

 

O Presidente falou sobretudo sobre o “pacto de responsabilidade” que, no discurso de Ano Novo, disse querer propor às empresas. A troco do alívio de encargos sociais e da promessa de menos impostos e de menos burocracia, o Presidente quer garantias de melhores práticas das empresas em matéria de formação profissional e salários.

 

Neste quadro,  Hollande anunciou a intenção de por fim até 2017 às “quotizações familiares” – pagas pelas empresas e pelos trabalhadores independentes – , o que corresponderá a uma redução do fardo fiscal das empresas que cifrou em 30 a 36 mil milhões de euros.

 

O Presidente anunciou ainda que o financiamento da segurança social terá de ser revisto, mas disse acreditar que, ao criar um contexto fiscal mais propício à criação de postos de trabalho, parte dessa perda de receita seja automaticamente compensada pela entrada de novos contribuintes no sistema. Ainda assim, disse também que o Estado social tem de ser reformado, designadamente as pensões, para ser sustentável e poder proteger as gerações mais novas, dando como exemplos as reformas já realizadas pelos países nórdicos.

 

Questionado sobre o que o distingue, afinal, do seu antecessor conservador Nicolas Sarkozy, e se não se terá convertido num liberal, Hollande respondeu que foi eleito com o apoio do PS e da esquerda mas não "profeça uma ideologia, embora tenha ideias". "Sou social, reformista e realista, mas sobretudo patriota", disse, tendo mais tarde sublinhado que aumentar a despesa pública não resolve de todo os problemas da França nem tão pouco corresponde a uma política de esquerda. "Nesse domínio [da despesa pública] somos praticamente recordistas na Europa e não somos um paraíso". "Eu quero finanças públicas controladas. Qual é a vantagem de ter défices?", questionou. "Uma política de esquerda é uma política de mais justiça. O mais importante não é o nível da despesa mas a sua estrutura - ou seja, a quem se dirige", acrescentou.

 

(Notícia actualizada às 17h45)

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