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Alemanha saúda “mudança de paradigma” em França

A CDU de Angela Merkel congratulou-se com a “mudança de paradigma" do Presidente francês.

15 de Janeiro de 2014 às 12:35
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A CDU, partido conservador de Angela Merkel que governa a Alemanha agora em coligação com os social-democratas do SPD, congratulou-se com a “mudança de paradigma” que considera estar subjacente ao discurso do Presidente francês.

 

“Trata-se de uma clara mudança de paradigma. Será preciso ver com será posta em prática, mas as palavras revelam um novo discurso do presidente Hollande”,  afirmou nesta quarta-feira Andreas Schockenhoff, vice-presidente do grupo parlamentar da CDU na rádio pública de Berlim.

 

Citado pelo “Le Monde”, o responsável alemão lembrou que, durante a campanha eleitoral, Hollande se posicionou contra “a política de estabilidade conduzida pelo governo alemão e contra uma política de austeridade, que é uma palavra feia em França”. “O que (Hollande) disse é que subestimou a fragilidade do crescimento da economia francesa e decidiu fazer qualquer coisa em prol da competitividade e da produtividade”. A grande dúvida, acrescentou, é se um presidente socialista eleito com o apoio da esquerda continuará a ter uma maioria no Parlamento capaz de apoiar o seu desejo de mudança, depois de Hollande ser ter descrito como um social-democrata reformista.

 

O Presidente francês anunciou na terça-feira, 14 de Janeiro, a intenção de fazer uma grande reforma do Estado – nas suas estruturas, funções e prestações –, tendo prometido continuar a cortar na despesa pública (designadamente nos “excessos e abusos” nas prestações sociais e no sector da Saúde) e anular progressivamente os défices orçamentais, de modo a criar margem para baixar impostos para as empresas que são “as únicas capazes de gerar empregos sustentáveis”.

 

“É sobre a oferta que temos de agir”, afirmou François Hollande. “Chegou a hora de a França atacar o seu principal problema: a produção. Temos de produzir mais e melhor. É sobre a oferta que temos de agir. Ela depois cria a procura”.

 

O Presidente debruçou-se sobretudo sobre o “pacto de responsabilidade” que, no discurso de Ano Novo, disse querer propor às empresas. A troco do alívio de encargos sociais e da promessa de menos impostos e de menos burocracia, o Presidente quer garantias de melhores práticas das empresas em matéria de formação profissional e salários.

 

Neste quadro,  Hollande anunciou a intenção de por fim até 2017 às “quotizações familiares” – pagas pelas empresas e pelos trabalhadores independentes – , o que corresponderá a uma redução do fardo fiscal das empresas que cifrou em 30 a 36 mil milhões de euros.

 

O Presidente anunciou ainda que o financiamento da segurança social terá de ser revisto, mas disse acreditar que, ao criar um contexto fiscal mais propício à criação de postos de trabalho, parte dessa perda de receita seja automaticamente compensada pela entrada de novos contribuintes no sistema. Ainda assim, disse também que o Estado social tem de ser reformado, designadamente as pensões, para ser sustentável e poder proteger as gerações mais novas, dando como exemplos as reformas já realizadas pelos países nórdicos.

 

Questionado sobre o que o distingue, afinal, do seu antecessor conservador Nicolas Sarkozy, e se não se terá convertido num liberal, Hollande respondeu que foi eleito com o apoio do PS e da esquerda mas não "profeça uma ideologia, embora tenha ideias". "Sou social, reformista e realista, mas sobretudo patriota", disse, tendo mais tarde sublinhado que aumentar a despesa pública não resolve de todo os problemas da França nem tão pouco corresponde a uma política de esquerda. "Nesse domínio [da despesa pública] somos praticamente recordistas na Europa e não somos um paraíso". "Eu quero finanças públicas controladas. Qual é a vantagem de ter défices?", questionou. "Uma política de esquerda é uma política de mais justiça. O mais importante não é o nível da despesa mas a sua estrutura - ou seja, a quem se dirige", acrescentou

 

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