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Moscovici: França e Alemanha podem servir de "inspiração" mútua

A edição internacional do “Spiegel” on-line publica esta terça-feira uma entrevista com o ministro das Finanças francês em que este fala da amizade que mantém com o seu homólogo alemão e do recém-descoberto “rigor” orçamental francês. O “affair” de Hollande e o ímpeto contestatário francês também foram analisados.

Pierre Moscovici, Ministro das Finanças de França
29 de Janeiro de 2014 às 08:00
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Pierre Moscovici, actual ministro da Economia, das Finanças e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de França, defende que as medidas de "rigor" anunciadas por François Hollande no dia 14 de Janeiro não constituem um volte-face face às promessas eleitorais do presidente. Hollande, diz o ministro, "sempre foi um reformador, um europeu e um social democrata".

 

Moscovici, que conheceu François Hollande há 30 anos, na prestigiada escola francesa de estudos políticos, Science Po, em Paris, recusa a expressão "volta-face" e prefere façar em "mudança de ritmo". "As nossas políticas de hoje são a continuação das nossas anteriores políticas. Estamos, contudo, a mover-nos mais depressa e energicamente."

 

Mas isso não quer dizer que França esteja a tornar-se mais alemã, esclarece Moscovici. “Não existe modelo alemão para a França, da mesma forma que não existe um modelo francês para a Alemanha.” Os dois países podem, no entanto, inspirar-se um ao outro. “Por exemplo, nós precisamos de reformas estruturais”, diz, ao passo que a Alemanha “poderá necessitar de impulsionar a sua procura interna.”

 

“Schäuble e eu demo-nos bem imediatamente”

 

A relação de Pierre Moscovici com o homólogo alemão é um dos pontos focados na entrevista publicada esta terça-feira, na edição internacional (hiperligação em inglês) da versão electrónica do jornal “Spiegel”. Os dois partilham as mesmas ideias para a Europa e deram-se bem desde o primeiro momento. Estão agora ligados por uma “verdadeira amizade” e o ministro francês diz que vê Schäuble com mais frequência do que vê os colegas de Governo.

 

“Temos um entendimento mútuo porque ambos partilhamos as mesmas convicções europeias. Schäuble apoiou-me quando tive de explicar, em Bruxelas, que a França necessitava de mais tempo para reduzir o défice”, recorda.

 

O primeiro encontro entre os dois deu-se em privado, com a equipa do ministro francês a aguardar à porta da sala em Berlim durante 45 minutos. “Disse-lhe, primeiro: precisamos de uma linha directa para os dois. E, em segundo: este novo governo é europeu e quer reformar. Trocámos números de telemóvel e ficamos imediatamente a tratar-nos pelo primeiro nome.”

 

Um caso extraconjugal e os "famosos" protestos em massa

 

Semanas após uma revista francesa ter noticiado o caso de François Hollande com a actriz Julie Gayet, Pierre Moscovici não se esquivou a falar sobre o assunto. A traição de Hollande não teve, “de maneira nenhuma” impacto na popularidade do presidente, diz o responsável pela pasta das Finanças. “Nas sondagens, mais de três quartos dos franceses dizem que o que é privado deve permanecer privado”, notou o ministro. “Pessoalmente, acho que esta é uma reacção muito saudável”, salientou.

 

Moscovici comentou ainda as recentes manifestações contra François Hollande, afirmando que o país é “famoso” pelos enormes protestos promovidos pelos sindicatos. Para Moscovici, “muitos subestimam até que ponto os franceses estão em alerta para a necessidade de mudança.”

 

A recente reforma das pensões foi acolhida com “poucos protestos”, lembrou o ministro francês, referindo que os sindicatos aceitaram as alterações ao mercado de trabalho, e ao ensino vocacional. “Esse é um novo método em França”, destacou.

 

(30 de Janeiros - Correcção aos cargos de Pierre Moscovici: onde se lia "ministro da Economia, das Finanças e dos Negócios Estrangeiros de França" passou a estar "actual ministro da Economia e das Finanças e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros".)

 
Extrema-direita ataca-se "pondo a economia a mexer"
O partido de extrema-direita francês Frente Nacional tem ganho popularidade, em França, nos últimos anos e as últimas sondagens dão a vitória nas eleições europeias ao partido de Marine Le Pen. Perante os recentes desenvolvimentos políticos será de esperar um aumento das intenções de voto na Frente Nacional, em eleições presidenciais. Pierre Moscovici acredita que não.
 
"Eu conheço as pessoas que votam na Frente Nacional. Por que é que o fazem? Porque têm receio de que o país esteja em declínio, que a nossa indústria esteja a colapsar. A melhor resposta a este partido é pôr a economia a mexer, outra vez", adiantou.
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