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Governo rejeita mais medidas. Esquerda desacredita Bruxelas

Executivo aposta na execução orçamental para evitar plano B. Oposição defende que Bruxelas já não aplicará sanções pela trajectória passada.

Miguel Baltazar
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O Governo rejeita a necessidade de medidas adicionais para cumprir a meta do défice deste ano e defende que a execução orçamental permite acreditar num défice até mais ambicioso do que aquele que a Comissão Europeia está disposta a aceitar.

"Continuamos tranquilos sobre a forma como o Orçamento tem vindo a ser executado. Não encaramos a necessidade de medidas adicionais para alcançar o objectivo que nos propomos", disse o primeiro-ministro, citado pela Lusa, sublinhando a aproximação dos números de Bruxelas às previsões do Ministério das Finanças.

António Costa acredita que, "em Julho, a Comissão verificará que a nossa execução orçamental reforça a confiança no objectivo" de um défice de 2,2%, "sem necessidade de medidas complementares".

Quando a Comissão voltar a avaliar Portugal, no início de Julho, a execução orçamental até Maio já terá sido divulgada a 24 de Junho, e o Governo já terá mais algumas informações sobre o mês de Junho. Recentemente, o secretário de Estado do Orçamento disse que os dados provisórios para o primeiro trimestre referentes à contabilidade nacional - a óptica que interessa a Bruxelas - são "muito positivos". Por essa altura, Portugal deverá manter a mesma previsão de crescimento económico (1,8%), apesar das revisões em baixa do crescimento do PIB feitas por várias instituições.

Vários membros do Governo rejeitaram fazer uma leitura política do adiamento decidido pela Comissão Europeia, mas o PS e o Bloco de Esquerda acusaram o executivo comunitário de tentar condicionar os resultados das eleições em Espanha, marcadas para 26 de Junho, numa tentativa de descredibilizar a Comissão. "Constato que a decisão que era para ser tomada hoje - e que era para ser tomada com toda a força - foi convenientemente adiada para uma data que é posterior às eleições em Espanha", disse o deputado do PS João Galamba. Mariana Mortágua, deputada bloquista, alinhou: "O que [a Comissão] está a fazer é a ganhar espaço para poder pressionar de alguma forma não só o período eleitoral, mas também a formação política que sair em Espanha".

À direita, o CDS preferiu destacar a importância do adiamento das sanções, argumentando é o "reconhecimento do esforço que todos os portugueses fizeram". Cecília Meireles espera que a "decisão se mantenha no futuro". Leia-se, a haver a sanções a culpa não será do anterior Governo mas sim do actual. Também o PSD sublinhou o mesmo: "Era absolutamente desadequado e injusto" a aplicação de sanções a Portugal, disse o líder parlamentar social-democrata. Luís Montenegro desvalorizou as garantias de Costa sobre o plano B, afirmando que o primeiro-ministro já disse "tudo e o seu contrário".
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