Notícia
Eduardo Cabrita saiu tarde do Governo, diz maioria dos portugueses
Duas semanas depois da demissão do ministro da Administração Interna, a esmagadora maioria dos portugueses acredita que a saída já deveria ter acontecido antes. Sobre a acumulação deste ministério na Justiça há uma clara divisão.
A esmagadora maioria dos portugueses acredita que Eduardo Cabrita já deveria ter saído do Governo, antes da demissão apresentada no passado dia 3 de dezembro. É o que revelam os resultados do barómetro da Intercampus para o Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV realizado entre os dias 7 e 14 de dezembro.
Quase 71% dos inquiridos responderam que Eduardo Cabrita saiu tarde do Executivo, sendo que 7,1% indicam que fez bem em pedir a demissão agora e um valor ligeiramente superior (8,5%) até defendem que deveria ter ficado até às eleições antecipadas de 30 de janeiro.
De resto, o ex-ministro da Administração Interna surgia sistematicamente no barómetro da Intercampus como o pior ministro do segundo Governo de António Costa, acumulando vários casos e polémicas ao longo dos dois anos de mandato e somando pedidos de demissão por parte dos partidos com assento parlamentar.
Ao longo dos quatro anos que liderou a pasta, empilhou no currículo inúmeros casos. Eduardo Cabrita foi nomeado em outubro de 2017, em substituição de Constança Urbano de Sousa na sequência dos violentos incêndios desse ano. Logo em 2018, e por causa das golas antifumo, Cabrita viveu a primeira grande polémica que o então ministro classificou de "controvérsia estéril". Eduardo Cabrita sobreviveu, caiu o secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Neves.
Dois anos depois, a morte de um cidadão ucraniano à guarda do Estado português, Ihor Homenyuk, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), foi o caso que ganhou maior dimensão, mas António Costa manteve a confiança no ministro, que acabou por não resistir ao atropelamento mortal de um trabalhador da Brisa na A6. O motorista foi acusado de homicídio por negligência no carro que seguia a 163 kms/hora. Cabrita disse, num primeiro momento, na manhã do dia 3 de dezembro, que era "só o passageiro". À tarde, apresentou a demissão que foi aceite pelo primeiro-ministro.
Pelo caminho ficaram ainda os festejos do Sporting, com os adeptos sem máscara e sem respeitar o distanciamento social e os casos da exploração de imigrantes de Odemira que levou à requisição civil do complexo turístico Zmar.
A entrada de Van Dunem
Eduardo Cabrita cai a dois meses das eleições antecipadas de 30 de janeiro de 2022 e o primeiro-ministro optou pela acumulação de pastas. Foi à ministra da Justiça que coube a tarefa de assumir a Administração Interna até à tomada de posse do futuro Governo.
No barómetro deste mês de dezembro, há uma clara divisão entre os inquiridos neste aspeto. Questionados sobre se acham bem ou mal a acumulação de pastas por Francisca Van Dunem, 43,6% "acham bem", enquanto 35,5% acham mal.
FICHA TÉCNICA
Objetivo: Sondagem realizada pela INTERCAMPUS para a CMTV, com o objetivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional, incluindo a intenção de voto em eleições legislativas. Universo: População portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal Continental. Amostra: A amostra é constituída por n=603 entrevistas, com a seguinte distribuição proporcional por Género, Idade e Região. Seleção da amostra: A seleção do lar fez-se através da geração aleatória de números de telefone fixo / móvel. No lar a seleção do respondente foi realizada através do método de quotas de género e idade (3 grupos). Foi elaborada uma matriz de quotas por Região (NUTSII), Género e Idade, com base nos dados do Recenseamento Eleitoral da População Portuguesa (31/12/2020) da Direção Geral da Administração Interna (DGAI). Recolha da Informação: A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, em total privacidade, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). O questionário foi elaborado pela INTERCAMPUS e posteriormente aprovado pela CMTV. A INTERCAMPUS conta com uma equipa de profissionais experimentados que conhecem e respeitam as normas de qualidade da empresa. Estiveram envolvidos 22 entrevistadores, devidamente treinados para o efeito, sob a supervisão dos técnicos responsáveis pelo estudo. Os trabalhos de campo decorreram 07 a 14 de dezembro de 2021. Margem de Erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de mais ou menos 4,0%. Taxa de Resposta: A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 63,0%.