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Duarte Cordeiro: Ausência de acordo com esquerda diminui o grau de compromisso e PSD é oposição

"O posicionamento do PS e a visão que tem é a mesma, independentemente da existência desse acordo. A não existência desse acordo diminuiu o grau de compromisso", apontou.

14 de Julho de 2020 às 09:34
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O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares considera que a ausência de um acordo escrito entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV, ao contrário do que aconteceu na anterior legislatura, diminuiu o grau de compromisso.

Esta posição foi transmitida por Duarte Cordeiro em entrevista à agência Lusa, depois de questionado sobre as mudanças verificadas entre a anterior e a atual legislatura na maioria parlamentar de esquerda.

Questionado se a ausência de um acordo escrito entre as forças de esquerda dificultou o seu papel como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, sobretudo num quadro em que o PS não tem maioria absoluta, Duarte Cordeiro reconheceu que "a não existência de um acordo parlamentar diminuiu o quadro de compromisso que existe entre os vários partidos".

"O posicionamento do PS e a visão que tem é a mesma, independentemente da existência desse acordo. A não existência desse acordo diminuiu o grau de compromisso", apontou.

Interrogado se atribui essa responsabilidade ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que não exigiu um acordo escrito entre os partidos de esquerda para dar posse ao segundo executivo liderado por António Costa, tal como antes fizera Cavaco Silva, Duarte Cordeiro recusou-se a entrar nesse debate.

"Não vou fazer agora nenhuma análise histórica relativamente à existência ou não desse acordo. Estou simplesmente a constatar um facto de que a não existência desse acordo obviamente reduz o nível de compromisso. Isso não impediu de forma alguma que nós aprovássemos o Orçamento do Estado de 2020. E espero que também não impeça que nós possamos aprovar o Orçamento do Estado de 2021", ressalvou o membro do Governo.

Questionado sobre as consequências da substituição de Carlos César por Ana Catarina Mendes na liderança da bancada do PS, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares recusou que a sua tarefa de coordenação política seja agora mais complicada.

"Tenho muito boa relação com a líder parlamentar do PS e, portanto, de forma alguma isso podia ser entendido como um dificultar da tarefa", respondeu.

PSD é mesmo oposição ao Governo

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares afirma que, pela sua parte, não se ilude e que o PSD é mesmo oposição ao Governo, e argumenta que Rui Rio nunca se demarcou das respostas anti-crise do passado.

Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro considera que, durante o período do estado de emergência em Portugal, por causa da covid-19, "não apenas o presidente do PSD, mas todos os partidos, tiveram uma enorme compreensão relativamente à circunstância que o país atravessava".

"Sentimos da parte dos vários partidos políticos no parlamento uma enorme compreensão e também um espírito de colaboração. Em muitos aspetos, a crise que nós estamos a viver está longe de terminada do ponto de vista da saúde pública e vamos ter, naturalmente, como estamos a ter, uma crise económica e social também igualmente das mais profundas que o país alguma vez viveu. Nestas circunstâncias, é importante que exista da parte dos vários partidos políticos, independentemente daquilo que são as suas posições políticas de fundo, alguma capacidade de cooperação, defende.

No entanto, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares rejeita que haja uma aproximação de fundo do PSD ao Governo por, alegadamente, o seu presidente ser mais próximo do centro-esquerda.

"Não me compete fazer esse tipo de avaliação. O contexto condiciona muito a ação das lideranças políticas. E o contexto que nós estamos a viver é bastante excecional", alega.

Interrogado se regista o facto de a atual liderança do PSD ter abandonado o discurso anti-José Sócrates e sobre a bancarrota de 2011, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares responde: "Eu não me iludo".

"O PSD é oposição ao Governo. E é essa a natureza das coisas. Acho que houve um espírito de colaboração e há um espírito de colaboração durante a fase em que nós vivemos num período do estado de emergência. Esperamos que se perceba que há um contexto político complexo e difícil, quer do ponto de vista de saúde pública, quer do ponto de vista económico e social", salienta.

Ou seja, Duarte Cordeiro entende que a atitude de Rui Rio neste período se justifica "tendo em conta o contexto que o país está a viver".

"Nunca vi o doutor Rui Rio demarcar-se daquilo que eram as respostas do passado relativamente às crises que vivemos. E, portanto, sei de uma coisa: Sei que o nosso Governo, sei que o Governo do PS tem uma perspetiva muito diferente sobre aquilo que são as respostas do passado e vai procurar uma resposta de forma substancialmente distinta, quer no que diz respeito àquilo que foram as opções para o Orçamento Suplementar, quer naquilo que nós queremos que sejam as respostas do plano de recuperação económica", justifica o membro do executivo.

Duarte Cordeiro frisa então que os parceiros do PS estão à sua esquerda.

"A perspetiva e a visão deste Governo não mudou. Entendemos desde o início desta legislatura que o nosso espaço natural de entendimento é à nossa esquerda e com os partidos ambientalistas", acrescenta
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