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Delegação do PS junto do PE desmente interferência para calar Francisco Assis

Fonte oficial da delegação socialista em Bruxelas afiança nunca ter interferido para impedir o eurodeputado Francisco Assis de falar da Venezuela ou sequer acerca de qualquer assunto relacionado com a América Latina. À Lusa, Assis afirma-se "vítima de censura".

Manuel Azevedo/Correio da Manhã
13 de Março de 2019 às 15:42
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A meses de abandonar o Parlamento Europeu, o eurodeputado Francisco Assis está de candeias às avessas com o grupo europeu Socialistas e Democratas (S&D). Depois de esta manhã o Observador ter avançado que Assis se demitiu do cargo de coordenador dos S&D na assembleia parlamentar Euro-Latino-American (EuroLat), com o eurodeputado a garantir ter sido "impedido de participar" num debate sobre a situação de emergência na Venezuela, fonte oficial da delegação socialista junto do Parlamento Europeu garante ao Negócios nada ter feito para silenciar o antigo candidato à liderança do PS. 

"A delegação do PS nunca impediu o deputado Francisco Assis de falar sobre qualquer assunto relacionado com a Venezuela ou sequer com a América Latina, bem pelo contrário". A mesma fonte explica que na segunda-feira foi feito um agendamento para um debate de urgência no Parlamento Europeu sobre a Venezuela, a realizar na terça-feira, "sendo prática comum o coordenador ter sempre direito ao uso da palavra", não necessitando de qualquer inscrição para o efeito. 

Contudo, "desta vez o grupo parlamentar S&D decidiu não atribuir a palavra" ao respetivo coordenador, que no caso era Francisco Assis, acrescenta a fonte, negando que a delegação do PS tenha dado qualquer indicação para que Assis não falasse no plenário europeu.

A demissão de Francisco Assis enquanto coordenador do S&D para a América Latina é uma forma de protesto contra aquilo que o próprio considera, em declarações citadas pela Lusa, ser uma "censura". 
"No meu caso concreto, eu tinha era de me pronunciar sobre quem tinha manifestado intenção de falar e isso foi-me sonegado. Isto tem um nome e é censura, fui vítima de censura no S&D."

Assis responde também à sua colega eurodeputada Ana Gomes, que notou ser importante "apurar" se aquele havia requerido, ou não, uma intervenção na sessão plenária que ontem decorreu em Estrasburgo, reconhecendo não se ter inscrito mas frisando que "
o coordenador não tem de se inscrever para um debate porque o coordenador, por natureza, está inscrito no debate, só se não quiser falar é que tem de dizer que não quer falar". 

"A questão da inscrição ou não inscrição é um absurdo", prossegue Assis lamentando que "pela primeira vez, num debate sobre a Venezuela", tenha sido impedido de intervir. Acabou por caber, do lado dos socialistas portugueses, a Ana Gomes falar no plenário sobre a crise política e social que se vive na Venezuela, sendo que também os eurodeputados Paulo Rangel (PSD), João Pimenta Lopes (CDU) e José Inácio Faria (eleito pelo MPT) se dirigiram ao Parlamento Europeu.

 

"Isso é uma questão entre o deputado Francisco Assis e a direção do grupo parlamentar socialista europeu aqui no Parlamento Europeu", assegurou o também socialista e eurodeputado Pedro Silva Pereira, ilibando de responsabilidades a delegação do PS.

Depois de ter encabeçado as listas do PS às europeias de 2014, Assis demonstrou nos últimos meses disponibilidade para voltar a integrar a candidatura socialista nas eleições do próximo dia 26 de maio. Contudo, o primeiro-ministro e líder socialista António Costa optou por não contar com Assis, apostando em caras novas

Francisco Assis assumiu o papel de líder informal entre os socialistas que se opõem à atual solução governativa, assente numa maioria de esquerda com base em acordos de incidência parlamentar com Bloco de Esquerda, PCP e Verdes.


(Notícia atualizada às 16:00)
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