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“Curto”, “tardio”, “um embuste”, “uma ilusão”. Como os partidos veem o pacote anti-inflação

O Governo apresentou esta segunda-feira as medidas do pacote anti-inflação. Um envelope de 2,4 mil milhões de euros que não convenceu os partidos da oposição. Até Marcelo diz que podia ter sido “mais ambicioso”.

06 de Setembro de 2022 às 10:05
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Não faltaram adjetivos dos partidos da oposição para classificar o pacote de medias anti-inflação anunciadas esta segunda-feira pelo primeiro-ministro. As reações começaram logo depois de António Costa terminado a conferência de imprensa no Palácio Nacional da Ajuda.

O PSD falou de uma "habilidade" no bónus aos pensionistas que acabarão por ter um travão aos aumentos em 2023. "Os pensionistas ganham zero com esta proposta face ao que estava na lei", afirmou o vice-presidente do PSD António Leitão Amaro. "Temos um Governo que age tarde, que faz hoje o que podia ter feito há muitos meses e muito depois do que o PSD propôs desde maio. Mostra com isso que está a colocar primeiro a arrecadação de impostos", criticou.

No mesmo registo, o Chega considera que o pacote vem tarde. "Temos um Governo que age tarde, que faz hoje o que podia ter feito há muitos meses e muito depois do que o PSD propôs desde maio. Mostra com isso que está a colocar primeiro a arrecadação de impostos", criticou André Ventura.

"São migalhas face à fortuna que o Governo tem arrecadado com inflação e com o aumento do custo de vida", criticou o líder do Chega.


"A montanha pariu um rato" acusou o líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, apontando a "propaganda" e incompetência do Governo.


O dirigente liberal acusou o PS de "propaganda", algo que disse ser "típico" dos socialistas, centrando-se numa das medidas anunciadas da redução de 13% para 6% da taxa do IVA sobre a eletricidade, com o objetivo de entrada em vigor até 01 de outubro.


Segundo Rodrigo Saraiva, "o IVA de 23% vai-se manter" e essa taxa máxima representa "a maior parte certamente do consumo que os portugueses pagam", quer as famílias quer as empresas, comércio, restauração. "É uma fraude, o PS na sua propaganda a enganar as pessoas", acusou.


Na rede social Twitter a deputada Carla Castro resumia a posição dos liberais.


O PCP defendeu, por seu lado, que as soluções anunciadas pelo Governo para combater a inflação são "curtas e parciais" e acusou o executivo de "um embuste" relativamente às medidas dirigidas aos pensionistas.

"As medidas que foram anunciadas pelo Governo são claramente curtas, parciais, não dão uma resposta estrutural aos problemas que o país enfrenta e deixam intocados os interesses dos grandes grupos económicos", defendeu o deputado Bruno Dias, na Assembleia da República, em Lisboa, em declarações aos jornalistas.

"No caso destas prestações, não só não se vai responder ao poder de compra que já se perdeu este ano, como, por outro lado, em relação aos pensionistas, estamos perante uma autêntica fraude, um verdadeiro embuste que tem de ser denunciado", acusou.

Também a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua considera que o pacote de medidas chega tarde e "é muito curto", acusando o Governo de fazer truques. "Este pacote de medidas chega tarde, é muito curto e está cheio de truques", criticou a deputada, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, após o primeiro-ministro ter anunciado as medidas do Governo de apoio às famílias.

As medidas anunciadas não chegam "para compensar toda a perda de poder de compra, dos salários e das pensões que todas as pessoas têm tido ao longo do último ano", sustentou. Mariana Mortágua criticou também que o valor das oito medidas de apoios sociais, 2.400 milhões de euros, fica "muito aquém de toda a receita fiscal extraordinária que os portugueses estão a entregar ao Estado através do IVA acrescido ou através dos impostos sobre os combustíveis fruto da inflação". E nas pensões, acusou o primeiro-ministro de recorrer a "truques".



A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que as medidas "ficam muito aquém" das reais necessidades e insistiu na revisão dos escalões do IRS e em medidas de apoio à transição energética.

"As medidas anunciadas pelo Governo não vão ao encontro do que o PAN e os portugueses estavam à espera", afirmou Inês Sousa real, em declarações aos jornalistas no Parlamento. Para a deputada única do PAN, as medidas anunciadas "representam zero para algumas famílias e também para a transição energética que se impõe no contexto de guerra", como incentivos para a autonomia energética ou o uso dos transportes públicos.

O deputado único do Livre, Rui Tavares, defendeu que o pacote é "demasiado pouco" e vem "demasiado tarde", apontando oito lacunas às oito medidas anunciadas.

"Tarde é melhor do que nunca e pouco é melhor do que nada, mas este plano vem demasiado tarde e é demasiado pouco", anunciou Rui Tavares, na Assembleia da República.

O deputado enumerou aquelas que considerou serem as "oito lacunas" das oito medidas apresentadas pelo executivo de António Costa, entre elas, "a dimensão do próprio pacote" – com um valor global de 2.400 milhões de euros – que "é 23 vezes menor do que o alemão sendo que a população é oito vezes menor e o PIB [Produto Interno Bruto] 17 vezes menor, está aquém".

 

Marcelo teria mais "ambição"

E para o Presidente da República – que promulgou logo as medidas – considerou que o pacote de apoios às famílias hoje anunciado pelo Governo é "uma solução equilibrada", considerando que "o PSD ajudou imenso" e que existe "um consenso implícito", mas gostaria que fosse mais "ambicioso".

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a solução do Governo "não é tão ambiciosa como outras que foram propostas, mas também não tem o risco de poder ser atacada", nomeadamente por outros países da União Europeia.

"Se me perguntam se gostaria que fosse mais ambicioso, gostaria, mas daqui a uns meses isso vai ser escrutinado intensamente. Sabe a pouco, mas fazer tudo o que os portugueses precisariam teria custos muito elevados em termos de equilíbrio financeiro português se esta guerra se prologasse", lembrando que é preciso olhar para o próximo ano.

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