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Costa tira tapete a Santos Silva que queria geringonça alinhada na política europeia

Em entrevista ao Público/Renascença, o ministro Augusto Santos Silva defendeu que, apesar de defender a "renovação da actual solução política", a mesma teria de conter um acordo "também na política externa e europeia". O primeiro-ministro não tardou a afinar a banda, dizendo que "este é o grau de compromisso possível com a convergência que alcançámos". 

Tiago Petinga/Lusa
12 de Julho de 2018 às 20:25
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Tanto no PS como no Governo subsistem divergências não apenas quanto à política de alianças que os socialistas devem privilegiar depois das legislativas do próximo ano mas também sobre o grau de aproximação que uma eventual reedição da geringonça deve ditar.

Na véspera do debate do Estado da Nação, esta quinta-feira, 12 de Julho, numa entrevista concedida ao Público e à Renascença, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu a "renovação da actual solução política", considerando porém que a mesma "exigirá certamente um nível de comprometimento nessa solução que será superior àquele que se verifica neste mandato".

O também número dois do Governo socialista especificou depois que um eventual novo acordo com os parceiros da esquerda parlamentar deve assegurar também "um avanço no que diz respeito a políticas estruturais que o país precisa no domínio do território, ambiente, transição energética, política económica e também na política externa e europeia".

A referência concreta a um alinhamento em matéria de política externa, quando se conhecem as diferenças entre os partidos que compõem a geringonça por exemplo sobre a NATO, e europeia, sabendo-se a rejeição de Bloco e PCP às regras da Zona Euro e ao tratado orçamental, levou o histórico socialista Manuel Alegre a afirmar, em declarações ao Expresso, que "Santos Silva está a passar uma certidão de óbito à geringonça".

"O segredo desta solução governativa e a habilidade de António Costa foi terem ficado de fora, precisamente, estes temas inconciliáveis", sustentou Alegre, um dos mais acérrimos defensores da solução governativa forjada na sequência das legislativas de 2015.

Ante novo foco de divisão interna, o primeiro-ministro veio a terreiro assegurar que o seu número dois foi demasiado audaz na premissa estabelecida, defendendo que não será possível ir muito além da confluência alcançada nas posições conjuntas que permitiram ao PS formar Governo.

"Este é o grau de compromisso possível com a convergência que alcançámos. Ora, o que corre bem não deve ser perturbado nem interrompido", disse António Costa ao jornal Público.

"Nem um optimista irritante como eu acredita que seja possível superar divergências que são identitárias. Mas também não considero que seja necessário", prosseguiu o secretário-geral socialista notando que esta legislatura provou que é possível aos partidos da geringonça entenderem-se sobre um caminho a seguir "respeitando a identidade de cada um".

Antes e durante o congresso do PS realizado no passado mês de Maio, ficaram também patentes as divisões internas quanto ao caminho que o partido deve seguir não apenas no plano ideológico mas também no que concerne ao tipo de aliança que os socialistas devem privilegiar em 2019.

Santos Silva e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, encabeçaram o debate ideológico, com o primeiro a sustentar que o PS não deve renegar a experiência da terceira via de Tony Blair e o antigo líder da JS a reagir advogando a afirmação do partido à esquerda.

Quando às alianças a prosseguir no próximo ano, Pedro Nuno Santos é o principal rosto dos defensores da reedição da geringonça e o eurodeputado Francisco Assis a face mais conhecida de entre os socialistas que, num cenário de maioria relativa do PS, preferem que o partido governo com base em acordos pontuais à esquerda e à direita. Por sua vez, António Costa na moção que levou ao congresso fez questão de deixar todas as portas em aberto.

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