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Governo não se compromete com data para nova Lei de Bases da Saúde
Pressionado pela líder do Bloco de Esquerda para avançar com medidas tendentes à criação do estatuto do cuidador já no próximo Orçamento do Estado, o primeiro-ministro considera "prematuro" e atira a concretização dessa intenção apenas para a próxima legislatura. Costa não se compromete com data para nova Lei de Bases para a Saúde.
Em resposta às questões colocadas pela coordenadora bloquista, Catarina Martins, que abriu o debate quinzenal com o tema da Saúde em destaque, perguntando ao líder do PS quando pretende apresentar a respectiva proposta na Assembleia da República, António Costa notou que o Executivo socialista já recebeu a proposta do grupo de trabalho liderado pela ex-ministra Maria de Belém com vista a uma nova Lei de Bases, contudo nesta fase esse relatório está ainda em fase de "apreciação".
"Faremos a nossa conclusão final e apresentaremos a proposta. Se é já este mês ou daqui a dois meses, não lhe sei dizer", admitiu o primeiro-ministro antes de reassegurar o compromisso do Governo em "cumprir o objectivo de, nesta legislatura, podermos ter uma nova lei de bases do Serviço Nacional de Saúde".
Num debate parlamentar sobre esta questão, Costa afirmava, citado pela Lusa e também em resposta a Catarina Martins, que a coordenadora bloquista conhecia "o calendário que nós definimos. O grupo de trabalho apresenta o relatório em Setembro (...) e apresentaremos o que tivermos a apresentar em Setembro e não em Junho".
O chefe de Governo fez questão de frisar que a "defesa do SNS é uma prioridade", plasmada no facto de este Executivo ter investido 700 milhões de euros no sector, contrastando e invertendo o "desinvestimento" que marcou a anterior legislatura (Governo PSD-CDS). Em linhas gerais e recuperando a premissa de que o PS é o partido "fundador do SNS", Costa garante que qualquer proposta governamental terá como "matriz a "defesa e promoção do SNS público, universal e tendencialmente gratuito".
"Ainda bem que o diz", reagiu Catarina Martins embora não deixando de dirigir críticas ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, por não se mostrar empenhado com o fim das PPP no sector. Nesse sentido, a líder do Bloco apelou à necessidade de "salvar o SNS", a começar com o fim da "promiscuidade entre o sector público e privado".
Catarina Martins sinalizou, com satisfação, o facto de haver "convergência" entre as propostas do grupo liderado por Maria de Belém e a nova Lei de Bases da Saúde apresentada pelo Bloco e que diz respeito à criação do estatuto de cuidador informal". Criticando que a resolução desta questão esteja "pendurada na especialidade" à espera que sejam realizadas audições às secretárias de Estado da Saúde e da Segurança Social, Catarina Martins instou o primeiro-ministro a contemplar, já no Orçamento do Estado para 2019, "alguns mecanismos" no sentido da criação desse estatuto.
Costa fez questão de registar o "consenso político muito alargado, do BE ao Presidente da República," acerca desta matéria, porém avisou que primeiro "é preciso medir o custo da concretização dessa intenção". A deputada do Bloco recordou que o Governo já disse que no ano zero esse estatuto terá um custo de 120 milhões de euros, mas o líder do PS reagiu dizendo que "em velocidade de cruzeiro, são 800 milhões de euros" por ano.
"Presumo que seja muito prematuro neste OE poder ter concluída a avaliação do custo desta matéria", concluiu o primeiro-ministro comprometendo-se com um estatuto "que não frustre expectativas".
(Notícia actualizada às 16:10)