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Congresso do PS: PSD viu um "país que não existe". Esquerda pede mais a Pedro Nuno

Miguel Pinto Luz, vice do PSD, diz que "os portugueses não se identificam" com discurso do líder do PS. Já PCP e BE consideraram o conclave socialista trouxe apenas uma "linha de continuidade" face à anterior liderança.

Bruno Colaço
07 de Janeiro de 2024 às 15:20
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O PSD acusou este domingo o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de fazer um discurso sobre um "país que não existe" e a IL e o CDS-PP mostraram-se convictos de uma viragem à direita nas eleições de março.

"Foram oito anos de uma enorme insensibilidade e de um país irrealista, e foi isso que assistimos neste discurso de Pedro Nuno Santos. O discurso do PS é um discurso do país que não existe", acusou o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, momentos após o encerramento do 24.º Congresso Nacional do PS, que terminou hoje na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Acompanhado do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento, Miguel Pinto Luz defendeu que "lá fora os portugueses não se identificam com este país", e considerou que o discurso de Pedro Nuno Santos, que foi ministro no governo de António Costa, constituiu-se como "a assunção de que oito anos falharam, e que é preciso fazer mais".

"Os portugueses serão chamados a escolher um novo governo e será seguramente um governo do PSD que liderará os destinos do país para um novo desenvolvimento económico e social", considerou Pinto Luz.

Já sobre o TGV, o social-democrata considerou "curioso como é que o ministro das infraestruturas Pedro Nuno Santos teve oito anos para decidir, candidaturas falhadas em termos de candidaturas europeias do TGV, foi incapaz de decidir em nenhum destes dossiers essenciais, e socorre-se do PSD para tomar decisões".

"Posso dizer que brevemente o PSD irá acudir o país e dar resposta aos portugueses que não tiveram nos últimos oito anos", afirmou.

O líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Rodrigo Saraiva, considerou que em grande parte do discurso de Pedro Nuno Santos pareceu que o antigo governante "não tinha qualquer responsabilidade na situação do país".

"Mas os portugueses sabem que Pedro Nuno Santos foi governante nos últimos oito anos e tem muita responsabilidade. E o mais importante desta intervenção final de Pedro Nuno Santos é o que não foi dito", salientou o liberal, apontando que não foi abordada uma "verdadeira baixa fiscal" do IRS ou IRC, uma resposta ao estado atual do SNS ou uma palavra sobre Defesa e segurança no contexto internacional atual.

"É necessário fazer reformas sérias e o PS não faz porque é um partido imobilista. Dia 10 de março abre-se uma nova janela de oportunidade. Os portugueses têm que ter esperança que é preciso algo diferente", apelou.

No dia em que vai ser assinado o acordo de coligação da Aliança Democrática (AD), entre PSD, CDS-PP e PPM, no Porto, o dirigente centrista José Manuel Rodrigues mostrou-se convicto de uma viragem à direita.

"Julgo que os portugueses fecharão este ciclo político e abrirão um outro em que terão uma aposta na AD, numa aliança que permita ter um projeto para o país, com mais ambição, com mais crescimento económico e com mais coesão social", considerou.

Para o dirigente do CDS-PP, "é inacreditável que o PS queira fazer crer aos portugueses que não foi governo nos últimos oito anos e que Pedro Nuno Santos não foi ministro do governo de António Costa".

O centrista acusou ainda o PS de ter entrado em confronto com o Presidente da República, "desacreditar as instituições democráticas", e degradar os serviços públicos.

Pelo PAN, o dirigente Pedro Fidalgo Marques considerou que "ficou claro" que o partido "falta para colocar as causas ao centro", ambicionando eleger um grupo parlamentar em março.

Esquerda pede mais a Pedro Nuno Santos e defende "rutura"

PCP e BE consideraram que o congresso do PS denotou uma "linha de continuidade" da nova liderança socialista com o Governo de maioria absoluta, apelando a uma rutura nas políticas.

Em declarações aos jornalistas na Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde decorreu o 24.º Congresso Nacional do PS, Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central do PCP, defendeu que a reunião magna socialista e o discurso do seu secretário-geral denotam "uma linha de continuidade" com as políticas dos últimos dois anos.

Para o PCP, essas políticas "não resolvem os problemas do país" e é necessária uma "alternativa política que responda à questão dos salários, do aumento das pensões, do combate ao aumento do custo de vida, às questões da habitação e da defesa do SNS".

"Isso, nós não vemos aqui, vemos uma linha de continuidade que não responderá aos problemas. Vimos alguém a falar como se tivesse acabado de chegar ao poder", criticou.

Questionado sobre a proposta de Pedro Nuno Santos de aumentar o salário mínimo em pelo menos 1.000 euros até ao final de 2028, Ricardo Costa sublinhou que esse aumento é uma "questão primordial", mas deve acontecer já e não apenas em 2028.

Pelo BE, o dirigente Luís Fazenda também considerou que o congresso socialista sublinhou "a continuidade do legado do Governo da maioria absoluta", que disse ser "bastante negativo" em áreas como a saúde, a educação ou a habitação.

Luís Fazenda criticou também a proposta de aumento do salário mínimo para 1.000 euros, considerando "muito pouco" e que corresponde "a um ritmo de crescimento menor do que o de este ano".

"São necessárias políticas que façam ruturas com o legado do Governo anterior. (...) Há um campo enorme para essa rutura e para novas políticas à esquerda", disse.

Já a dirigente do Livre Isabel Mendes Lopes referiu que, no seu discurso, Pedro Nuno Santos falou na "necessidade de Portugal reinventar a sua economia", salientando que o seu partido concorda, mas que tal só será possível com "uma maioria de esquerda, alargada, plural, que trabalhe em conjunto numa visão para o país".

"O Livre defende  nestas eleições que é essencial ter três objetivos: que a maioria seja de esquerda, que o Livre faça parte dessa maioria de esquerda com um grupo parlamentar e que os extremistas fiquem afastados do poder", salientou.

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