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Congresso do PS: PSD viu um "país que não existe". Esquerda pede mais a Pedro Nuno
Miguel Pinto Luz, vice do PSD, diz que "os portugueses não se identificam" com discurso do líder do PS. Já PCP e BE consideraram o conclave socialista trouxe apenas uma "linha de continuidade" face à anterior liderança.
"Foram oito anos de uma enorme insensibilidade e de um país irrealista, e foi isso que assistimos neste discurso de Pedro Nuno Santos. O discurso do PS é um discurso do país que não existe", acusou o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz, momentos após o encerramento do 24.º Congresso Nacional do PS, que terminou hoje na Feira Internacional de Lisboa (FIL).
"Os portugueses serão chamados a escolher um novo governo e será seguramente um governo do PSD que liderará os destinos do país para um novo desenvolvimento económico e social", considerou Pinto Luz.
Já sobre o TGV, o social-democrata considerou "curioso como é que o ministro das infraestruturas Pedro Nuno Santos teve oito anos para decidir, candidaturas falhadas em termos de candidaturas europeias do TGV, foi incapaz de decidir em nenhum destes dossiers essenciais, e socorre-se do PSD para tomar decisões".
"Posso dizer que brevemente o PSD irá acudir o país e dar resposta aos portugueses que não tiveram nos últimos oito anos", afirmou.
O líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Rodrigo Saraiva, considerou que em grande parte do discurso de Pedro Nuno Santos pareceu que o antigo governante "não tinha qualquer responsabilidade na situação do país".
"Mas os portugueses sabem que Pedro Nuno Santos foi governante nos últimos oito anos e tem muita responsabilidade. E o mais importante desta intervenção final de Pedro Nuno Santos é o que não foi dito", salientou o liberal, apontando que não foi abordada uma "verdadeira baixa fiscal" do IRS ou IRC, uma resposta ao estado atual do SNS ou uma palavra sobre Defesa e segurança no contexto internacional atual.
"É necessário fazer reformas sérias e o PS não faz porque é um partido imobilista. Dia 10 de março abre-se uma nova janela de oportunidade. Os portugueses têm que ter esperança que é preciso algo diferente", apelou.
No dia em que vai ser assinado o acordo de coligação da Aliança Democrática (AD), entre PSD, CDS-PP e PPM, no Porto, o dirigente centrista José Manuel Rodrigues mostrou-se convicto de uma viragem à direita.
"Julgo que os portugueses fecharão este ciclo político e abrirão um outro em que terão uma aposta na AD, numa aliança que permita ter um projeto para o país, com mais ambição, com mais crescimento económico e com mais coesão social", considerou.
Para o dirigente do CDS-PP, "é inacreditável que o PS queira fazer crer aos portugueses que não foi governo nos últimos oito anos e que Pedro Nuno Santos não foi ministro do governo de António Costa".
O centrista acusou ainda o PS de ter entrado em confronto com o Presidente da República, "desacreditar as instituições democráticas", e degradar os serviços públicos.
Pelo PAN, o dirigente Pedro Fidalgo Marques considerou que "ficou claro" que o partido "falta para colocar as causas ao centro", ambicionando eleger um grupo parlamentar em março.
Esquerda pede mais a Pedro Nuno Santos e defende "rutura"
PCP e BE consideraram que o congresso do PS denotou uma "linha de continuidade" da nova liderança socialista com o Governo de maioria absoluta, apelando a uma rutura nas políticas.
Em declarações aos jornalistas na Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde decorreu o 24.º Congresso Nacional do PS, Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central do PCP, defendeu que a reunião magna socialista e o discurso do seu secretário-geral denotam "uma linha de continuidade" com as políticas dos últimos dois anos.
Para o PCP, essas políticas "não resolvem os problemas do país" e é necessária uma "alternativa política que responda à questão dos salários, do aumento das pensões, do combate ao aumento do custo de vida, às questões da habitação e da defesa do SNS".
"Isso, nós não vemos aqui, vemos uma linha de continuidade que não responderá aos problemas. Vimos alguém a falar como se tivesse acabado de chegar ao poder", criticou.
Questionado sobre a proposta de Pedro Nuno Santos de aumentar o salário mínimo em pelo menos 1.000 euros até ao final de 2028, Ricardo Costa sublinhou que esse aumento é uma "questão primordial", mas deve acontecer já e não apenas em 2028.
Pelo BE, o dirigente Luís Fazenda também considerou que o congresso socialista sublinhou "a continuidade do legado do Governo da maioria absoluta", que disse ser "bastante negativo" em áreas como a saúde, a educação ou a habitação.
Luís Fazenda criticou também a proposta de aumento do salário mínimo para 1.000 euros, considerando "muito pouco" e que corresponde "a um ritmo de crescimento menor do que o de este ano".
"São necessárias políticas que façam ruturas com o legado do Governo anterior. (...) Há um campo enorme para essa rutura e para novas políticas à esquerda", disse.
Já a dirigente do Livre Isabel Mendes Lopes referiu que, no seu discurso, Pedro Nuno Santos falou na "necessidade de Portugal reinventar a sua economia", salientando que o seu partido concorda, mas que tal só será possível com "uma maioria de esquerda, alargada, plural, que trabalhe em conjunto numa visão para o país".
"O Livre defende nestas eleições que é essencial ter três objetivos: que a maioria seja de esquerda, que o Livre faça parte dessa maioria de esquerda com um grupo parlamentar e que os extremistas fiquem afastados do poder", salientou.