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Teresa Leal Coelho diz que fica apesar de PSD Lisboa lhe retirar confiança política

A concelhia de Lisboa do PSD anunciou hoje ter decidido retirar a confiança política à vereadora social-democrata Teresa Leal Coelho, que deixará assim de representar o partido na autarquia da capital. a vereadora recusa tal de cisão e insiste em que fica e como vereadora do PSD.

Bruno Simão
06 de Novembro de 2019 às 07:29
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A direção da concelhia do PSD aprovou uma deliberação que visa a retirada de confiança política a Teresa Leal Coelho, vereadora da câmara da capital, numa reunião da Comissão Política da secção de Lisboa que começou na noite terça-feira e se prolongou até ao início da madrugada de hoje. Confrontada com a notícia, a a autarca afirma que pretende "continuar como vereadora do PSD". Poque, afirma, "o meu mandato não me foi atribuído pela concelhia de Lisboa" e "cada uma das estruturas do partido pode fazer aquilo para que está habilitada e não o que quer".
 

Entre o PSD Lisboa o verniz estalou de vez quando, na passada semana, a vereadora deu a mão a Fernando Medina e votou  favor da recondução do ex-vereador do Urbanismo Manuel Salgado à presidência do conselho de administração da empresa municipal SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, desrespeitando a orientação de voto indicada pela concelhia, e permitindo a aprovação da proposta. Com a oposição em peso a votar contra, apenas o voto de Teresa Leal Coelho permitiu a recondução de Manuel Salgado.

 

E é esse facto que surge agora a justificar a decisão da concelhia de Lisboa. De acordo com o documento, ao qual a agência Lusa teve acesso, "atendendo às diversas posições públicas contrárias a esta nomeação, (...) constata-se que, sem o apoio e sem o voto da vereadora Teresa leal Coelho, a nomeação de Manuel Salgado não teria sido aprovada".

 

Na deliberação, assinada pelo presidente da concelhia de Lisboa do PSD, Rogério Jóia, a vereadora social-democrata é também acusada de uma "total descoordenação com os órgãos do partido na cidade, consubstanciada pela verificação de algumas votações divergentes com o outro vereador do PSD [João Pedro Costa], em matérias que são politicamente sensíveis e onde - certamente por coincidência - o PS se encontrava isolado e sem o apoio do seu parceiro de gestão autárquica".

 

"A Comissão Política da secção de Lisboa do PSD deu oportunamente a conhecer, por escrito, aos vereadores do PSD, a orientação política para estes votarem contra esta nomeação", acrescenta o documento, defendendo o que "o PSD nunca poderá ser entendido como um partido útil para as prejudiciais políticas do PS para a cidade de Lisboa, quando o BE [partido que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas] lhe falha".

 

A concelhia do PSD afirma que o partido "tem sido oposição à gestão autárquica da cidade de Lisboa, gizada pelo arquiteto Manuel Salgado" não podendo "passar a ser agora o sustentáculo" da sua ação.

Leal Coelho: "Só os eleitores é que me podem retirar"
 

A vereadora, por seu turno, insiste em que foi "candidata do PSD, apresentada pela nacional" e que "já na altura a concelhia de Lisboa" não a "acompanhou". O partido, afirma, "vive um ambiente de tensão politica interna" e "a própria concelhia de Lisboa terá que ter eleições". Neste momento, "só os eleitores é que me podem retirar. Ou eu própria, o que não afarei", remata. 

Questonada sobre se mantém o apoio da presidência do PSD, Teresa Leal Coelho responde apenas que não revela publicamente "conversas com qualquer elemento da nacional".

Na câmara da capital, o PSD tem estado frequentemente em colisão com a presidência. A expansão do Hospital da Luz através da demolição de um quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros recentemente construído, a projetada torre no quarteirão da Portugália, a Torre de Picoas e a linha circular do Metro são alguns dos "casos polémicos" enumerados pelo partido e que o colocam "em total confronto com a política determinada em Lisboa por Manuel Salgado e pelo PS".

 

Para os sociais-democratas, a reeleição de Manuel Salgado à presidência da SRU constitui "um mero expediente ardiloso, cuja consumação é repreensível do ponto de vista democrático, uma vez que o passa a eximir da possibilidade do escrutínio e do confronto democrático em sede própria, isto é, na câmara e na assembleia municipal".

 

De acordo com a deliberação agora aprovada, a representação do PSD na Câmara Municipal de Lisboa passará a ser exercida apenas pelo vereador João Pedro Costa.

 

Já em declarações ao jornal Expresso, na quarta-feira, Teresa Leal Coelho afastara a hipótese de demissão.

 

"Há um grupo de pessoas que vai de golpe em golpe para afastar quem foi eleito mas isso não é compatível com a democracia nem com a história do PSD", disse então.

 

A Câmara de Lisboa aprovou na quinta-feira, por escrutínio secreto, a reeleição de Manuel Salgado à presidência do conselho de administração da SRU, com nove votos a favor e oito contra.

 

O executivo da Câmara de Lisboa, liderado por Fernando Medina, é composto por oito vereadores eleitos pelo PS, quatro eleitos pelo CDS-PP, dois vereadores do PSD, dois eleitos pela CDU (coligação PCP/PEV) e um vereador do BE, partido que tem um acordo de governação com os socialistas.

 

Apesar de a votação ter sido secreta, CDS-PP, BE, PCP e o vereador do PSD anunciaram publicamente o seu voto contra, enquanto Teresa Leal Coelho já tinha revelado que iria votar favoravelmente.

 

Num comunicado divulgado nesse dia, a concelhia de Lisboa do PSD já havia anunciado que iria analisar o voto de Teresa Leal Coelho e tomar uma posição política sobre o assunto.

 

A saída de Manuel Salgado de vereador do Urbanismo foi anunciada no final de julho, embora só tenha sido efetivada em 07 de outubro. O arquiteto tinha o pelouro do Urbanismo desde 2007.

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